Blog do Agro

Força feminina no agro: a história de mulheres que chegaram lá!

Profissionais do agronegócio falam sobre o crescimento da participação feminina no setor e as oportunidades que ainda podem ser conquistadas por ela27 de março de 2023 /// 6 minutos de leitura

O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira, com diversos indicadores positivos em termos de rendimento, produtividade e sustentabilidade. E para ampliar a atuação feminina no agro, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado anualmente em 15 de outubro.

Para falar sobre a força feminina no setor e as oportunidades que as mulheres podem conquistar no agronegócio, o apresentador do Impulso Cast, Dony De Nuccio, recebeu a produtora rural Carla Rossato, a chefe de licenciamento da Bayer na América Latina, Natália Pagotto Carvalho, e o professor Marcos Fava Neves, um dos principais especialistas do agronegócio no país.

Dentro e fora da porteira: a atuação delas no agro

Como filha de produtores rurais, Carla Rossato teve contato com o agro desde cedo. "Esse amor nasceu comigo. Meu pai dizia que a gente aprende fazendo, fui criada com essa força. Por isso, passei por uma sucessão natural, ao lado dele. Quando percebemos, eu já estava na administração do negócio, sempre com muito apoio dos meus pais", relembra.

Esse incentivo de seus pais foi um dos fatores mais importantes para Carla se dedicar à agricultura e pecuária. Ela se formou em medicina veterinária e não para de buscar conhecimento para produzir mais por metro quadrado, com sustentabilidade. "Sempre fui atrás de tecnologia e inovações. Eu falo para todas as produtoras que independentemente da profissão, se elas estiverem capacitadas, não tem dificuldade. A gente pode ter empecilhos, mas as dificuldades se tornam pequenas perto da nossa força de vontade."

Já Natália Pagotto Carvalho começou a trabalhar no setor há cerca de 10 anos. Formada em Relações Públicas, ela enxergou no agronegócio a oportunidade de construir uma carreira. "Um dos principais motivos para eu continuar minha trajetória no agro é que, hoje, eu não consigo pensar em um setor que conecte mais gente, afinal, não é só sobre alimentar, mas também é sobre vestir, sobre se locomover. Eu acredito muito que o nosso setor possibilita isso", comenta.

Para ela, uma das principais conquistas das mulheres no agro é justamente a ampliação da participação feminina, e não só em empresas como a Bayer. "O mais legal disso é ver trajetórias como a da Carla e de outras mulheres que estão ocupando diferentes frentes. Nós entendemos que isso também corrobora para um agronegócio mais sustentável e inovador", destaca.

Nas universidades, o aumento do público feminino também é evidente, segundo o professor Marcos Fava Neves .

O crescimento da liderança feminina no agro

Segundo o último censo agropecuário do IBGE, feito em 2017, a participação das mulheres na liderança das propriedades rurais cresceu 38% no Brasil, no período entre 2006 e 2017. Com isso, 19% dos cargos de liderança no setor passaram a ser ocupados por mulheres.

Na opinião de Natália, esse avanço ocorreu por dois motivos: a alta capacitação por meio dos estudos e a habilidade da escuta. "As mulheres como um todo dedicaram muito tempo para os seus estudos para que pudessem ocupar esses espaços. Além disso, a nossa educação é muito formatada para a escuta, uma característica muito importante atualmente e ajuda na tomada de decisões com agilidade."

Na opinião de Marcos, o aumento da participação das mulheres em cargos de liderança nas empresas do agronegócio é notável, contudo, esse crescimento ainda não chegou na mesma velocidade no campo. "A gente tem que separar o que é agricultora do agronegócio: "Na agricultura percebe-se um pouco mais de lentidão, mas crescendo fortemente com muitas mulheres se formando em engenharia agronômica, zootecnia, veterinária e surgindo para essas posições de liderança nas fazendas."

União, reconhecimento e conquistas

Carla conta que os grupos formados entre as mulheres do setor, sejam digitais ou presenciais, auxiliam muito nas trocas de conhecimento e informações entre as produtoras. Segundo ela, isso encoraja e fortalece ainda mais a atuação feminina no agro.

Para Natália, o processo de diversificar a liderança nas empresas e entregar melhores resultados para o agronegócio é uma responsabilidade conjunta. Nesse sentido, ela cita iniciativas criadas pela Bayer como o Conexão Mulheres, que conecta produtoras, o grupo de liderança da empresa e as representantes que estão no campo para promover capacitação e troca de experiências. "O Conexão Mulheres visa construir esses laços e dar suporte para que, até 2030, a gente alcance a meta de ter pelo menos 50% das posições de liderança ocupadas por mulheres na Bayer", conta.

O reconhecimento e a celebração das conquistas das mulheres no agro também avançou no compasso dessas iniciativas. Tanto que, em 2016, foi realizada a primeira edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. Na época, participaram 600 congressistas e o evento contou com o apoio de 15 empresas. Em 2021, foram mais de 2.500 congressistas e mais de 50 empresas envolvidas. Em 2018 também foi criado o prêmio Mulheres do Agro pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e pela Bayer, com o objetivo de premiar produtoras que estão à frente dos negócios nas categorias pequenas, médias e grandes propriedades.

Um futuro de oportunidades

Na opinião do professor Marcos Fava Neves, para o Brasil continuar sua jornada como fornecedor mundial sustentável de alimentos, bioenergia e outros agro produtos, será preciso promover inovação em diversos setores. Nesse sentido, existem muitas oportunidades para as mulheres, seja em laboratórios, startups, na comunicação, na área jurídica, entre tantas outras que prometem muito crescimento nas próximas décadas, na esteira do crescimento projetado para o agronegócio.

Para Carla, outra dica importante para as lideranças femininas no campo é focar na administração dos negócios. "É preciso saber enxergar as oportunidades dentro de uma fazenda. Hoje, lidamos com problemas climáticos e alta de custos, portanto, as mulheres podem completar aquilo que está deficiente na gestão para somar cada vez mais", conclui.

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