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ImpulsoO percevejo barriga-verde é uma espécie que ocorre na cultura da soja, mas sem causar danos expressivos, devido à baixa densidade populacional (menos de 15% da população de percevejos) e por ocorrer mais no final do ciclo. Porém, a população que se desenvolve na soja poderá ser um problema para a cultura posterior, como por exemplo para o milho ou o sorgo. Por isso, o percevejo barriga-verde tem sido considerado uma praga de sistema, ou de cultivos que antecedem ou sucedem a soja, especialmente gramíneas.
Diferente dos percevejos na soja, o percevejo barriga-verde é considerado uma praga de início de ciclo nas culturas afetadas. Quando a infestação ocorre nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas (V1 a V3) os danos são maiores.
Os danos causados pelos percevejos no milho, trigo e sorgo, acontecem, principalmente, por conta da alimentação de adultos e ninfas na base das plântulas (Figura 1A). O percevejo, ao se alimentar, causa danos pela introdução do estilete e injeção de toxinas nos tecidos da planta. Em ataques severos, pode ocorrer morte de plantas, que se inicia pelo murchamento das folhas centrais (sintoma conhecido por “coração morto”) e termina com secamento total. Esse dano pode ser responsável pela redução do estande de plantas na lavoura. Em muitas situações, os produtores podem ser obrigados a realizar o replantio de suas áreas.
O percevejo pode também promover alterações fisiológicas na planta, não permitindo a abertura (desenrolamento) do limbo foliar, formando o sintoma denominado “encharutamento” (Figura 1A). Em alguns casos, pode provocar o super perfilhamento, cujo sintoma é conhecido como “enrosetamento”. Ou pode, ainda, causar apenas lesões simétricas (furos) com bordas amareladas no limbo foliar, devido à perfuração das folhas internamente em desenvolvimento.
Assim, os prejuízos causados pelos danos do percevejo barriga-verde podem variar desde perdas médias de 30% da produção de plantas sobreviventes, até a morte de plantas e necessidade de replantio.
Figura 1. Presença de adulto se alimentando da planta de milho e sintomas dos danos devido ao ataque.
Os danos causados por esta praga são favorecidos pelo sistema de semeadura direta, pois a palha atua como abrigo para sobrevivência do percevejo. A atividade sobre as plantas é maior nas horas mais amenas do dia, pela manhã, final da tarde ou durante a noite. Nas horas mais quentes, os adultos ficam escondidos na palhada ou em plantas daninhas hospedeiras.
O sistema de cultivo sucessivo de soja/milho tem possibilitado boas condições para desenvolvimento dessa praga. Temperaturas mais quentes favorecem o desenvolvimento e aceleram o ciclo. O período de ovo a adulto dura cerca de 27 dias. A fase de ninfa passa por cinco instares, sendo que a partir do 3º instar iniciam os danos mais representativos.
Fase | Duração (dias) |
---|---|
Ovos | 4,5 |
Ninfa 1 | 3,0 |
Ninfa 2 | 4 a 5 |
Ninfa 3 | 3,5 |
Ninfa 4 | 4,0 |
Ninfa 5 | 6,0 |
Fonte: Embrapa
Os ovos possuem coloração verde-clara, e conforme amadurecem vão escurecendo. As ninfas possuem coloração marrom-acinzentada na região dorsal e verde no abdômen.
Figura 2. Ovos, ninfa de 5° ínstar e adulto de Dichelops spp.
Ambas as espécies (furcatus e melacanthus) possuem a face dorsal marrom e a ventral verde. O D. furcatus é ligeiramente maior, medindo cerca de 10 mm de comprimento, os prolongamentos laterais no pronoto, em forma de espinhos, da mesma cor do dorso. O D. melacanthus é menor (7 mm) e apresenta a extremidade dos espinhos mais escura do que o resto do dorso, daí o nome melacanthus - cantos escurecidos (Figura 3).
Figura 3. Adulto de Dichelops furcatus (A) e Dichelops melacanthus (B). (Foto: Antônio R Panizzi)
Uma das grandes dificuldades para o controle do percevejo barriga-verde é a identificação do início da infestação. Em muitos casos, quando a infestação é notada, os danos já são irreversíveis e as perdas inevitáveis. Portanto, para os produtores que pretendem cultivar milho na sucessão da soja, a preocupação com essa praga deverá ser iniciada ainda na primeira cultura, antes da colheita. Deve ser feito um rigoroso monitoramento para detectar focos de ocorrência do percevejo e definir estratégias de manejo.
Para prevenção de danos no milho, a população desta praga deve estar a mais baixa possível desde o final do ciclo da soja até as fases iniciais de desenvolvimento do milho. Para isso, algumas práticas se farão necessárias:
Atenção redobrada em cultivos Bt, pois como essa tecnologia dispensa aplicações de inseticidas nas fases iniciais visando o controle de lagartas, os produtores podem ficar desatentos para ocorrência do percevejo barriga-verde, que não é controlado pela tecnologia.
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