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Entenda o que leva à resistência de plantas daninhas

Fenômeno prejudica os cultivos e traz perdas econômicas ao sistema de produção.20 de dezembro de 2022 /// 5 minutos de leitura
plantas daninhas

As plantas daninhas podem ser controladas de forma eficiente e economicamente viáveis com o emprego de herbicidas nas lavouras. Deve-se tomar cuidado com o uso desses produtos nos diversos sistemas de produção, uma vez que eles têm contribuído para a ocorrência de casos de resistência de plantas daninhas.

As principais plantas daninhas identificadas como resistentes aos herbicidas são: Leiteiro, Buva, Picão-preto, Caruru, Capim-amargoso, entre outras espécies. A maioria delas já não é mais susceptível a dois dos principais mecanismos de ação de herbicidas utilizados no Brasil.

Continue a leitura para saber como plantas daninhas se tornam resistentes a herbicidas, quais impactos causam ao agricultor e quais medidas podem ser tomadas para evitar este problema.

O QUE É RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS?

Segundo a Embrapa, a resistência de plantas daninhas é definida como a capacidade herdada de uma planta daninha de sobreviver e deixar descendentes após a exposição a uma dose normalmente letal de herbicida (dose da bula) para a população natural.

A resistência ocorre de forma natural devido à evolução das plantas daninhas e sua adaptação frente às alterações ambientais e às tecnologias agrícolas. Ela pode ser de três tipos:

  • Resistência simples
    Resistência a um único herbicida. Ex: Azevém (Lolium multiflorum) resistente ao herbicida glifosato (Inibidores da EPSPs).
  • Resistência cruzada
    Resistência a dois ou mais herbicidas, devido apenas a um único mecanismo. Plantas com este biótipo são resistentes a todos os herbicidas daquele mecanismo de ação. Ex: Caruru-gigante (Amaranthus retroflexus) com resistência cruzada a atrazine a prometryn (Inibidores do Fotossistema II).
  • Resistência múltipla
    Resistência a dois ou mais herbicidas de diferentes mecanismos de ação. Ex: Azevém com resistência múltipla ao glifosato+ALS (Inibidores da EPSPs e Inibidores da ALS) e glifosato+ACCase (Inibidores da EPSPs e Inibidores da ACCase).

O que causa a resistência de plantas daninhas?

O processo de seleção de biótipos resistentes, que já existem na população original, dá origem à resistência de plantas daninhas a herbicidas. A mutação que torna as plantas daninhas resistentes é natural e pode ser causada por diferentes fatores, gerando variabilidade genética.

Os fatores que podem favorecer o surgimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas, são:

  • Pressão de seleção
    Dose inadequada ou número de aplicações.
  • Característica das plantas daninhas
    Ciclo curto e elevada produção de sementes.
  • Característica dos herbicidas
    Alta ou baixa eficiência para a espécie-alvo e sem efeito residual.
  • Cultivo frequente de grãos sem rotação de culturas
    A rotação de culturas ajuda a reduzir pressão de daninhas sem o uso de herbicidas.
  • Uso repetitivo de um mesmo herbicida
    O uso frequente de um mesmo mecanismo de ação herbicida aumenta a pressão de seleção de biótipos resistentes a doses letais.

Relatos da resistência de plantas daninhas no Brasil

O primeiro caso de resistência de plantas daninhas no Brasil foi registrado em 1993. Na época, as espécies Leiteiro (Euphorbia heterophylla) e Picão-preto (Bidens pilosa) foram descritas como resistentes a herbicidas inibidores da acetolactato sintase (ALS).

Atualmente, de acordo com a Associação Brasileira de Ação a Resistência de Plantas Daninhas, o número de relatos no país abrange 53 casos, relacionando 28 espécies e nove mecanismos de ação.

A publicação do Professor Mauro Rizzardi, da Universidade Federal de Pelotas, aponta as principais plantas daninhas e sua resistência. Confira a lista:

Como a resistência de plantas daninhas impacta o agronegócio?

Os principais custos da resistência de plantas daninhas se relacionam com a necessidade do uso de herbicidas alternativos e com as perdas de produtividades causadas pela Matocompetição.

Para se ter ideia, o levantamento da Embrapa revela que, em casos extremos, o custo para controlar espécies de plantas daninhas resistentes pode ser 403% maior do que o valor necessário para realizar o manejo de plantas daninhas susceptíveis.

Manejo da resistência de plantas daninhas

Além do monitoramento constante da lavoura, para a adoção correta de herbicidas, os principais métodos para o manejo da resistência de plantas daninhas são:

  • Preventivo
    Uso de sementes de qualidade, limpeza do maquinário (especialmente as colheitadeiras), manutenção de beira de estradas, carreadores, etc.
  • Controle cultural
    Redução do tempo de pousio, produção de palhada na cobertura do solo, uso de cultivares adaptadas em espaçamento de linhas e plantas adequado à cultura, rotação de culturas.
  • Controle mecânico
    Capinas de repasse, roçadas.
  • Controle químico
    Rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de controle sob diferentes sistemas de controle (ex: integração de pré e pós-emergentes).

Procure um Representante Bayer em sua região para conhecer soluções eficientes de manejo de plantas daninhas.

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