Safra sul-americana de grãos: USDA reduz produção da Argentina por clima adverso, mas mantém números do Brasil
Analista de mercado acredita que o Brasil pode conquistar espaço importante do vizinho sul-americano no mercado de grãos nesta temporadaAnalista de mercado acredita que o Brasil pode conquistar espaço importante do vizinho sul-americano no mercado de grãos nesta temporada
A safra 2022/23 sul-americana de grãos está no foco das atenções do mercado por conta das condições climáticas adversas, principalmente as da Argentina. Os números do mais recente relatório mensal de oferta e demanda apresentado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) evidenciaram esse cenário.
A produção argentina de soja foi reduzida de um mês para o outro pelo USDA em impressionantes 8 milhões de toneladas, saindo de 41 milhões para 33 milhões de t no reporte deste mês de março. Ainda assim, o volume esperado de produção ficou abaixo das expectativas dos operadores de mercado. A safra anterior totalizou 43,90 milhões de t.
Assim, as projeções para as exportações do país sul-americano caíram de 4,2 milhões para 3,4 milhões de t. O esmagamento de soja na Argentina passou de 37,3 milhões para 35,25 milhões de t.
"Apesar de o USDA ter reduzido bem a safra da Argentina, de 41 para 33 milhões de t, o mercado já trabalha com números para o país menores do que isso, em cerca de 30 milhões de t. Ou seja, o país terá uma safra bem menor do que essa indicada", explica Vlamir Brandalizze, analista de mercado da Brandalizze Consulting.
Diante desses resultados decepcionantes no país vizinho, Brandalizze acredita que o Brasil pode conquistar espaço importante da Argentina no mercado de grãos nesta temporada. A produção global de soja caiu na projeção do USDA de 383,01 para 375,15 milhões de toneladas, enquanto o indicativo para os estoques finais recuou de 102,03 para 100,01 milhões de t.
Apesar de as condições climáticas adversas também impactarem a safra de grãos em algumas regiões do Brasil, como no estado do Rio Grande do Sul, segundo relatos dos produtores locais, o USDA decidiu manter a produção de soja no país em 153 milhões de t e as exportações foram corrigidas para cima, passando de 92 para 92,7 milhões de t.
O otimismo nos números do USDA acompanha as estimativas também positivas do principal estado produtor de grãos do país, Mato Grosso, que deve ter uma produção recorde da oleaginosa na safra 2022/23 de 44,3 milhões de t, segundo a mais recente atualização de estimativas de produção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Esses números foram atualizados no início de março com ganhos de área e produtividade no estado.
Se confirmado, o volume de produção de soja no estado terá avanço de 8,35% ante a temporada anterior. A área plantada da oleaginosa no estado deve ter um avanço de 1,51%, segundo o Imea, para 11,99 milhões de hectares.
Já a safra de milho da Argentina foi reduzida de 47 milhões para 40 milhões de t pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, com exportações previstas em 28 milhões de t. A produção do cereal no Brasil também foi mantida neste último relatório do departamento norte-americano, em 125 milhões de t e exportações em 50 milhões de t.
O Imea estima a safra 2022/23 de milho para o estado de Mato Grosso em 46,4 milhões de t. Caso o volume seja confirmado, representará um avanço de 5,87% sobre a safra anterior. A área de plantio do cereal deve crescer de um ano para o outro 3,78%.