Saiba mais sobre o manejo de resistência de insetos e proteja a cultura do algodão contra o ataque de pragas

O uso excessivo de inseticidas não seletivos e a ampla adoção de culturas geneticamente modificadas aumenta o desenvolvimento de insetos resistentes, resultando na perda da capacidade de proteção das biotecnologias contra-ataques de pragas.

O desenvolvimento de resistência de insetos a moléculas ou proteínas é uma ocorrência natural, mas pode ser retardado através do Manejo de Resistência de Insetos (MRI), um conjunto de medidas que visam preservar a eficácia das biotecnologias, incluindo proteínas inseridas em plantas geneticamente modificadas e que protegem a cultura contra o ataque de pragas.

Este artigo aborda as ações do MRI e sua implementação em uma lavoura de algodão Bollgard 3 RRFlex.

A tecnologia Bollgard® 3 RRFlexTM

Para saber como realizar o MRI em lavouras com algodão Bollgard 3 RRFlex, é necessário conhecer esta ferramenta e seus benefícios.

Bollgard 3 RRFlex é uma tecnologia de biotecnologia aplicada a cultivares de algodão, lançada pela Bayer em 2020. As plantas de algodão geneticamente modificadas com esta tecnologia possuem proteção contra as principais pragas do algodoeiro e oferecem mais flexibilidade ao agricultor no manejo de plantas daninhas, graças à tolerância ao herbicida glifosato. Isso permite a aplicação de herbicidas em diferentes estágios de desenvolvimento da lavoura.

As pragas-alvo de Bollgard 3 RRFlex são:

• Complexo Helicoverpa
• Curuquerê do algodoeiro (Alabama argillacea).
• Falsa-medideira (Chrysodeixis includens).
• Lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella).
• Lagartas-das-maçãs (Heliothis virescens).
• Complexo Spodoptera

Os benefícios diretos do algodão Bollgard 3 RRFlex são:

• Proteção do potencial de produtividade e qualidade de fibra
• Flexibilidade no manejo de plantas daninhas;
• Proteção ampliada contra as principais lagartas;
• Redução no custo do manejo de insetos;
• Manejo de resistência de insetos no algodão

MRI no algodão Bollgard® 3 RRFlexTM

Segundo o Comitê De Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC-BR), o MRI é definido como um conjunto de estratégias cujo objetivo é prevenir ou retardar a seleção de indivíduos resistentes, ampliando a preservação da tecnologia Bt (Bacillus thurigiensis) para o algodão.

Entre as principais estratégias do MRI no algodão Bollgard 3 RRFlex, estão: adoção de refúgio, uso consciente de inseticidas e tratos culturais apropriados.

A adoção de refúgio no algodoeiro

O refúgio é uma área na lavoura de algodão onde se planta apenas sementes que não são geneticamente modificadas para proteger a cultura do ataque de pragas – ou seja, sementes de algodão não Bt.

A área de refúgio é uma estratégia importante no Manejo de Resistência de Insetos (MRI) para preservar a eficácia de biotecnologias no contra-ataques de pragas. Para o MRI ser efetivo, é recomendado que 20% da área de algodão seja destinada ao cultivo de sementes não geneticamente modificadas, localizadas a, no máximo, 800 metros das plantas Bt.

A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) oferece sugestões de formatos para instalações de áreas de refúgio em sua Cartilha Manejo Integrado da Tecnologia Bt - Eu planto essa ideia.

Manejo de pragas em áreas de refúgio de algodão

O manejo de pragas em áreas de refúgio de algodão é importante para garantir a produtividade e a sustentabilidade da cultura. O uso de inseticidas deve ser reduzido em situações de baixa pressão de pragas, mas pode ser necessário em casos de alta pressão. Para preservar o manejo de resistência de insetos, os inseticidas não devem conter a proteína Bacillus thuringiensis (Bt).

Tratos culturais para MRI no algodão Bollgard 3 RRFlex

O manejo de plantas voluntárias de algodão é crucial para evitar o abrigo de pragas durante a safra. A dessecação pré-Plantio e a destruição completa dos restos culturais após a colheita são medidas importantes. Além disso, a rotação de culturas ou a semeadura de culturas paralelas deve considerar a presença de pragas alvo da biotecnologia Bollgard 3RRFlex, como as lagartas Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera presentes em outras culturas, como milho e soja.

Dicas para manejar a resistência de insetos.

Para ajudar na manutenção da eficácia da tecnologia Bollgard 3 RRFlex e outras biotecnologias contra insetos, algumas estratégias podem ser adotadas em todo o sistema produtivo.

As principais dicas são:

// Uso das janelas de aplicação para inseticidas

O objetivo é reduzir a exposição de gerações consecutivas a um mesmo modo de ação do inseticida. Para lagartas da ordem Lepidóptera, a duração de cada janela deve ser de 30 dias.

// Rotação de inseticidas

A mistura de inseticidas, sempre rotacionando modos de ação, ajuda no MRI.

// Utilizar inseticidas seletivos

É importante preservar a vida de insetos não-alvos da biotecnologia. Estes podem ser inimigos naturais das pragas do algodão, ou desempenhar funções benéficas para o ambiente.

// Contar com o apoio de um especialista

Consultar especialistas Bayer pode ajudar a selecionar inseticidas adequados para o manejo de pragas em áreas de refúgio e Bt.

O manejo adequado da resistência de insetos durante cada safra é crucial para preservar a efetividade da tecnologia Bollgard 3 RRFlex e evitar custos adicionais para o cotonicultor. Além disso, as ações de manejo corretas podem ter impactos positivos no sistema produtivo, em geral, e não apenas na produção de algodão.