Perspectivas do Agronegócio para 2022

O setor agropecuário brasileiro é complexo, robusto e altamente lucrativo. Um dos fatores que explica esse cenário é a capacidade do setor de se modernizar, acompanhar as tendências e se preparar para o futuro.

Por isso, conhecer as projeções do agronegócio para os próximos anos é fundamental para apoiar o trabalho tanto do produtor, quanto da indústria do agronegócio.

Assim, todos conseguem criar estratégias para acompanhar o mercado, aumentar sua produtividade e seu lucro com a lavoura.

E acredite: os próximos anos vão oferecer o cenário ideal para quem deseja crescer e produzir muito. Mas antes de comentar as projeções, é importante lembrar a importância do setor agropecuário para a economia brasileira.

O que é o agronegócio brasileiro?

Considerado um dos pilares da economia brasileira, o agronegócio foi responsável por 26,6% do PIB (Produto Interno Bruto) apenas em 2020. O setor também protagoniza quase metade das exportações do país e ainda é considerado um dos principais players do mercado agro internacional.

O que muita gente não sabe é que o agronegócio brasileiro vai muito além das lavouras modernas e da alta produtividade do campo. Na verdade, o setor é responsável por agrupar todas as atividades da cadeia agroindustrial.

Por isso, o agronegócio pode ser dividido em 4 segmentos: insumos, agropecuária básica ou primária, agroindústria e agrosserviços.

Nesse sentido, é correto dizer que o agronegócio é a junção de inúmeras atividades que envolvem de forma direta ou indireta toda a cadeia produtiva agrícola ou pecuária?

Sim, essa é uma excelente definição. Por conta de sua complexidade, até mesmo aquelas atividades que não estão diretamente ligadas à lavoura são consideradas partes integrantes da cadeia agroindustrial.

Por isso, a segmentação do setor inclui desde a produção de sementes, maquinário e defensivos (insumos), por exemplo, até a distribuição e o consumo da produção agrícola (agrosserviços).

Com base nessas informações, fica mais fácil entender os números atualizados do agronegócio no Brasil e as perspectivas para o futuro.

O que é o agronegócio brasileiro?

Nos últimos 40 anos, o agronegócio brasileiro passou por uma verdadeira transformação. Graças à modernização e profissionalização do setor, o país saiu da posição de importador e se tornou o terceiro maior produtor de alimentos do mundo.

De acordo com um estudo realizado pela Embrapa, o Brasil é o quarto maior produtor de grãos do mundo. Apenas em 2020, o Brasil produziu quase 240 milhões de toneladas de grãos. Desse montante, 123 milhões de toneladas foram destinadas à exportação.

Ainda de acordo com a pesquisa da Embrapa, boa parte desse número se deve à produção de soja. Em 2020, o Brasil se tornou o maior produtor de soja do mundo, sendo responsável por 50% do comércio mundial do grão e pela movimentação de US$ 30 bilhões.

E tudo indica que a produção desse e de outros grãos só tende a crescer nos próximos anos. Entenda abaixo.

Números do agronegócio brasileiro no primeiro semestre de 2021

De acordo com um estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no primeiro semestre do ano a balança comercial do agronegócio brasileiro teve um saldo positivo de US$ 10,8 bilhões.

Nesse período, o setor exportou US$ 61,5 bilhões, o que representa um aumento de 20,9% em relação ao ano passado. Ainda segundo o Ipea, o aumento da demanda global por soja e milho tem contribuído para o crescimento da safra desses grãos no Brasil.

Mesmo assim, o país tem sofrido com a queda dos estoques de milho, que diminuíram 70,8% em comparação a junho de 2020. Por outro lado, a soja continua sendo o principal produto de exportação do país, registrando alta de 25,3% em valor quando comparada ao primeiro semestre do ano passado.

Reforçando esses resultados, o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP) divulgou que o PIB agrícola cresceu 14,46% no primeiro semestre de 2021.

De acordo com o estudo, o principal responsável por esse valor positivo foi o segmento de agricultura primária. Por outro lado, o crescimento do PIB foi impactado negativamente pelo aumento dos preços dos insumos e pelos prejuízos causados pelo clima desfavorável.

O aumento do preço dos insumos em quase todos os segmentos do agronegócio também prejudicaram o PIB do ramo pecuário, que recuou 2,8% no primeiro semestre.

Vale lembrar que o Ipea também registrou um aumento de 20,2% no número de produtos agrícolas importados pelo país no primeiro semestre. Nesse período, os principais produtos importados foram:

• trigo;
• peixes;
• produtos hortícolas;
• papel;
• óleo de palma;
• dendê.

Apesar desses dados, as perspectivas do agronegócio brasileiro para o futuro são positivas. Entenda abaixo.

Quais as projeções para o agronegócio brasileiro?

Até o momento os dados da agricultura brasileira, em sua maioria, foram positivos. Essa tendência deve continuar nos próximos anos, como mostram as projeções abaixo.

Projeções do agronegócio brasileiro 2021

De acordo com um dos estudos publicados pelo Mapa, apesar do impacto da pandemia na economia, no consumo e na produção agropecuária global, as perspectivas do agronegócio brasileiro em 2021 são positivas.

A projeção otimista foi reforçada por um estudo da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), que revelou que a safra total de grãos deste ano deve ser de 262,13 milhões de toneladas. Em comparação aos anos anteriores, essa deve ser a maior produção que o país já registrou.

Em termos econômicos, isso representa um faturamento anual de R$ 1,076 trilhão, considerando apenas o valor bruto da produção, valor 12,1% maior em comparação aos números do ano passado.

O relatório do Mapa também destaca que os preços dos produtos agrícolas analisados no estudo em 2021 estão acima da média dos anos anteriores. Isso ocorre em função do cenário favorável do comércio internacional e da taxa de câmbio vigente nesse período.

Projeções do Agronegócio 2022

As projeções indicam que a safra 2021/2022 também será marcada por recordes de produção de grãos. De acordo com um estudo realizado pela CONAB, a área cultivada no Brasil deve subir 3,6% em relação à última safra, alcançando 71,5 milhões de hectares.

Em função desse aumento, as projeções da CONAB também indicam que o volume de produção do país será de 288,61 milhões de toneladas. Isso significa um aumento de 14,2% ou 35,87 milhões de toneladas em relação à safra 2020/21.

Além disso, tal companhia projeta o crescimento de 3,9% na produção vegetal do país, valor que deve ser impulsionado pelo terceiro recorde consecutivo na produção de soja.

A estimativa é que 141,26 milhões de toneladas de soja sejam produzidas na safra 2021/ 2022, o que equivale a um crescimento de 3,9% em relação à safra anterior.

Com relação ao milho e algodão, culturas que também são protagonistas do agro brasileiro, a expectativa é que eles se recuperem das baixas da última safra, crescendo, respectivamente, 32,2% e 15,8%.

A produção de bovinos também deve crescer no próximo ano. A expectativa é que, após dois anos consecutivos de queda, o segmento cresça 2,3%.

Por outro lado, a produção de cana-de-açúcar deve sofrer uma queda de 9,5%. A redução deve ser influenciada pela queda no tamanho da área cultivada e pela diminuição da produtividade dos canaviais.

No entanto, apesar de tantos números positivos, Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), lembra que alguns problemas podem prejudicar a exportação da produção brasileira.

Durante o webinar “Perspectivas para Agropecuária Safra 2021/22 - Edição Grãos”, o diretor técnico pontuou que os fenômenos climáticos, crise hídrica e energética e escassez de contêineres, por exemplo, podem impactar as exportações brasileiras.

Segundo o professor e especialista Alexandre Mendonça de Barros, em sua análise sobre as perspectivas de mercado para 2022, os preços dos insumos agrícolas tendem a continuar em alta no próximo ano. Embora alguns fatores como a inflação nos Estados Unidos e Europa, além do crescimento da China podem contribuir para reverter a alta de preços.

Assista a análise completa sobre as perspectivas para 2022 no Impulso Negócios:

Projeções do agronegócio no Brasil até 2030

Além de estudar projeções para um futuro próximo, diversas instituições têm se dedicado à realização de estimativas do agronegócio para os próximos 10 anos. Essas informações são importantes para guiar o planejamento de todos os setores do agronegócio até 2030.

Nesse sentido, um dos documentos que merecem atenção é o relatório de Projeções do agronegócio Brasil 2019/20 a 2029/30, publicado pelo Mapa.

Esse documento revela que a carne suína, soja em grão, algodão em pluma, celulose, milho, carne de frango, açúcar e frutas (especialmente manga, maçã e melão) devem se tornar os produtos mais dinâmicos do agro brasileiro.

Além disso, a perspectiva é que a produção nacional de grãos aumente 67,4 milhões de toneladas em relação à safra 2019/20, alcançando a marca de 318,3 milhões de toneladas em 2029/30.

Por outro lado, no relatório Projeções do agronegócio Brasil 2020/21 a 2030/31, as projeções de produção para os próximos 10 anos são ainda maiores.

Segundo o documento, nesse período, a produção de grãos deve atingir a casa dos 333 milhões de toneladas. Isso representa um aumento de 27,1% em relação à safra 2020/21. Para isso, será necessário expandir a área de plantio de grãos em mais 10 milhões para 80,8 milhões de hectares em 2030/31.

Além disso, a área total de lavouras do país deve sair da casa dos 82 milhões para 93,3 milhões de toneladas nos próximos 10 anos.

Esses e outros estudos são unânimes em afirmar que, para alcançar esse resultado, o apoio de políticas públicas do agronegócio será fundamental. Investimento em pesquisas, infraestrutura e financiamento são essenciais para dar suporte ao agricultor, permitindo que ele aumente sua produção.

Para saber mais sobre as perspectivas do agronegócio brasileiro e todas as notícias do mundo agro, acompanhe o programa Impulso Bayer! Confira a grade de programação!