USDA eleva safra brasileira 2022/23 de soja em 1 milhão de toneladas, para um recorde de 154 milhões de toneladas; Argentina tem novas baixas

Analista explica que, apesar de revisões no relatório deste mês de abril, mais ajustes ainda podem ser feitos pelo USDA e garantir novas oportunidades de preço ao produtor

A safra 2022/23 de soja do Brasil foi elevada em 1 milhão de toneladas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) no relatório de estimativas de oferta e demanda deste mês de abril, para um recorde de 154 milhões de toneladas, em linha com as expectativas do mercado. Os operadores esperavam produção da oleaginosa brasileira entre 151 e 157,68 milhões de toneladas, com média de 153,67 milhões.

Os estoques finais brasileiros saltaram para 32,75 milhões de toneladas, sobre 31,54 milhões de toneladas no levantamento anterior. As exportações brasileiras seguiram estimadas em 92,7 milhões de toneladas.

“É um relatório que, apesar de ter reduzido o milho e a soja na Argentina, aumentado a soja Brasil, ter reduzido um pouco a soja para o Uruguai e mantido a do Paraguai, a gente tem um cenário que sugere cautela ao produtor. Que ele faça vendas ainda aguardando novas movimentações e rallys de preços... Possivelmente, mais revisões virão a acontecer e pode ser que a gente veja novas oportunidades de preço”, explica Raphael Mandarino, diretor da AgResource Brasil, sobre o relatório do USDA.

Já a produção de milho 2022/23 do Brasil seguiu apontada pelo USDA em 125 milhões de toneladas, mas com alta na projeção dos estoques finais do cereal, saindo de 7,05 milhões para 7,27 milhões de toneladas. As exportações do milho brasileiro se mantiveram na casa de 50 milhões de toneladas. O mercado esperava que a produção nacional do cereal pudesse ficar nesta atualização entre 125 e 131,34 milhões de toneladas, com média de 126,08 milhões de toneladas.

Os Estados Unidos, país que compete com o Brasil no mercado global de grãos, tiveram sua safra de soja 2022/23 mantida pelo USDA em 116,38 milhões de toneladas e a de milho em 348,75 milhões de toneladas.

Argentina teve revisão baixista para a safra de soja e milho 2022/23 pelo USDA por conta do clima adverso - Foto: CNA

Safra da Argentina em foco

Apesar de trazer algumas alterações para a safra do Brasil, as maiores revisões na safra sul-americana pelo USDA vieram para a Argentina, que enfrenta clima adverso para o desenvolvimento de sua safra de grãos, com estimativa para a soja saindo de 33 milhões para 27 milhões de tem 2022/23. Se confirmado, esse pode ser o menor nível em mais de 20 anos.

Além disso, os estoques finais também sofreram alteração, saindo de 19,80 milhões para 18,10 milhões de toneladas. As exportações argentinas de soja são esperadas no ciclo 2022/23 em 3,40 milhões de toneladas, sem alteração.

A safra 2022/23 de milho da Argentina foi reduzida no relatório em 3 milhões de toneladas, para 37 milhões de toneladas, podendo ser a menor em cinco anos. Os estoques seguiram apontados em 1,49 milhão de toneladas. Já os embarques de milho caíram para 25 milhões de toneladas na atualização deste mês de abril do USDA, ante 28 milhões de toneladas na última estimativa.

Os números previstos para a safra de soja e milho da Argentina, inclusive, vieram abaixo das expectativas do mercado. Os analistas previam que este reporte traria a safra de milho do país em 37,12 milhões de toneladas e a de soja na casa de 29,30 milhões de toneladas, o que reforça o impacto da seca no país.