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Lagarta Helicoverpa

Condições favoráveis e evolução

A Lagarta Helicoverpa costumam causar diversos danos as mais diversas culturas da agricultura.

Os adultos de H. armigera apresentam uma mancha em formato de rim na parte central das asas anteriores (Figura 1), já as posteriores são de coloração mais clara com a margem exterior em um tom mais escuro. Na fase adulta podem sobreviver por até 12 dias, e sendo que as fêmeas possuem maior longevidade do que os machos.

As fêmeas, durante sua vida, podem colocar até 3 mil ovos durante o período de oviposição. Os ovos, na sua fase inicial de desenvolvimento, são amarelados e possuem um aspecto brilhante. Quando chegam próximo ao momento da eclosão, passam a apresentar coloração mais escura (Figura 1). O período de incubação pode variar de 3 a 5 dias.

Figura 1. Detalhes da fase adulta (mariposa) e da postura de H. armigera. (Fotos: Juliano Farias)

As larvas podem passar por até seis estágios larvais durante o seu desenvolvimento, apresentando colorações diversas, desde branco-avermelhado nas fases iniciais até verde nas finais. Essa variação de coloração é influenciada pela alimentação dos insetos durante esse momento, sendo essa uma característica não recomendada para identificação (Figura 2).

Figura 2. Diferentes colorações de H. armigera na fase larval. (Fotos: Juliano Farias)

Após a fase larval, o inseto passa à fase de pré-pupa e então para a fase de pupa, que dura entre 12 e 16 dias e ocorre no solo. A pupa possui coloração marrom com aspecto brilhoso. A duração total do ciclo é de 4 a 5 semanas, variando principalmente em função das condições do ambiente e do alimento disponível.

Tabela 1. Duração em dias dos diferentes períodos do ciclo de H. armigera.

Fonte: Embrapa

A H. armigera é favorecida por clima seco e quente, pois essa condição acelera o seu ciclo de desenvolvimento. É uma espécie que apresenta alta capacidade de sobrevivência em circunstâncias adversas, como excesso de calor, frio ou seca, associada a uma grande capacidade de dispersão. Pode sobreviver em plantas hospedeiras alternativas, como plantas daninhas como a buva (Conyza spp.), durante o período em que a cultura principal se encontra ausente na área ou em períodos de entressafra.

Danos

Por mais que existam relatos de ataques da lagarta na fase vegetativa da soja e do milho, a diferença básica dela para as demais espécies presentes nessas culturas é a preferência pelas estruturas reprodutivas, como flores, vagens e espigas. Os danos estimados nas culturas presentes das regiões mais afetadas foram representativos, sendo na soja perdas estimadas de 30% a 40%; no algodão variando de 25% a 30% de perdas e no milho com estimativa de 3% a 5%. No oeste baiano, sendo a região mais afetada na safra 2012/2013, pela dificuldade de controle e desconhecimento da lagarta, estimaram-se perdas de aproximadamente 1,7 bilhões de reais.

A Helicoverpa armigera é uma espécie altamente polífaga, que pode ser encontrada em mais de 60 espécies hospedeiras, causando danos nas mais diversas culturas.

Desafio ao manejo

A falta de monitoramento durante a fase vegetativa da cultura pode ocasionar aplicação em excesso, ou no momento errado, resultando em perdas financeiras para o agricultor. Isso pode acarretar grandes problemas quando a cultura atinge a fase reprodutiva, principalmente após o início da formação de legumes, devido à alta pressão de ataque da praga. Tal cenário pode tornar o controle mais difícil, devido ao tamanho das lagartas e local onde elas se encontram no dossel fechado da cultura. Assim, as principais práticas relacionadas ao manejo dessa praga são:

1. Dessecação antecipada

Visa controlar as espécies de plantas daninhas hospedeiras, como a buva por exemplo, reduzindo assim a capacidade de sobrevivência da praga.

2. Cultivares Bt

As proteínas contidas atualmente em cultivares de soja Bt têm ação de supressão sobre H. armigera.

3. Redução populacional na fase vegetativa

Realizar o monitoramento desde as fases iniciais da cultura e, se atingido o nível de ação para essa fase, o controle deve ser realizado com inseticidas recomendados para redução populacional.

4. Controle na fase reprodutiva

Os inseticidas só devem ser aplicados após a praga atingir o nível de ação definido pelo monitoramento. A utilização de inseticidas tem sido empregada muitas vezes como uma alternativa rápida, eficaz e econômica. Quanto menor o tamanho das lagartas, maior será a eficácia dos inseticidas.

Identificação e monitoramento

A partir do quarto instar, a lagarta apresenta mais de 1 cm de comprimento e algumas características ajudam na sua identificação, como por exemplo, a presença de pelos brancos na parte frontal, pintas ou protuberâncias no formato de sela na parte posterior das patas, além de um tegumento levemente coriáceo. É possível identificá-la também pelo seu comportamento quando perturbada, pois a lagarta curva a parte dianteira direcionando a cabeça para as “patas” dianteiras.

A característica da base da inserção dos pelos na quarta fase das lagartas é um fator que pode auxiliar na distinção de Helicoverpa spp. com Heliothis virescens, por exemplo (Figura 3). Para isso, é preciso utilizar lupa de bolso com 10 a 20 vezes de aumento. Assim, se houver espinhos na base do pelo a espécie considerada é Heliothis virescens. Se não houver espinho, será considerada do gênero Heliothinae, representado por Helicoverpa spp., Helicoverpa zea ou Helicoverpa armigera. Sendo assim, não é possível fazer a distinção entre essas espécies de Helicoverpa através dessa técnica.


Figura 3. Pupa e adultos de H. armigera (Foto: Juliano Farias)
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Os adultos de H. armigera podem ser monitorados com armadilhas luminosas e com armadilhas utilizando feromônio sexual. O monitoramento efetivo de ovos, lagartas, pupas e adultos de H. armigera é considerado fator chave para a implementação com êxito das estratégias de manejo da praga.

Nas fases iniciais de desenvolvimento da soja é importante amostrar trifólios novos e pontos de crescimento, local onde as lagartas costumam se alojar. Após a soja atingir um porte maior, é recomendável a utilização do pano de batida para amostragem. No período vegetativo das culturas, para a realização do monitoramento, recomenda-se no mínimo uma vistoria por semana e, após o período reprodutivo, o monitoramento deve ser intensificado para até duas.

O nível de controle para a Helicoverpa spp. na cultura da soja encontra-se no Quadro 1 (Embrapa) abaixo: