5 MIN DE LEITURA

Biotecnologia para cotonicultura: conheça o novo aliado contra pragas no algodão

17 de julho de 2022

Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que o Brasil tem conquistado ca-da vez mais espaço no mercado global de algodão. As estimativas recentes da companhia apontam uma colheita de 2,34 milhões de toneladas de pluma na safra 20/21.

Apesar da queda de 22% de produção em relação a última safra, o país deve exportar um volume re-corde: cerca de 2,3 milhões de toneladas, segundo a ANEA (Associação Nacional dos Exportadores de Algodão).

Em Barreiras, na Bahia, o Impulso Negócios conversou com o cotonicultor Paulo Schmidt, que espera, no fechamento da safra, um recorde de colheita ou algo próximo, devido à contagem de maçãs e às estruturas, além do bom peso da pluma.

Quem vê a alta expectativa de safra não imagina que o produtor enfrentou desafios com o bicudo do algodoeiro, praga que pode destruir até 70% da lavoura quando não controlada. A saída para o pro-blema foi a adoção de novas técnicas e parcerias para controlar o inseto.

Em Bainópolis, também na Bahia, o cotonicultor e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Busato, conta que além do bicudo do algodoeiro, os produtores da região tiveram problemas com outra praga, a Helicoverpa armígera, que pode ocasionar até 30% de perdas nas lavouras.

Rafael Mendes, líder do Negócio de Algodão LatAm, explica que a agricultura tropical pode ser impac-tada por plantas daninhas e insetos. Diante disso, a utilização de biotecnologias no algodão torna-se um aliado do agricultor para que ele possa garantir o potencial produtivo de sua lavoura.

A biotecnologia, já usada nas culturas de soja e milho, tem trilhado um caminho parecido no algodão, segundo o professor da USP e da FGV, Marcos Fava Neves. De acordo com ele, a tecnologia irá en-tregar para o algodão atributos desejados para a construção de margens ao produtor como resistência, tolerância, precocidade, produtividade e meio ambiente.

A adoção da biotecnologia na cotonicultura possibilitou a inserção de genes da bactéria Bacillus thu-ringiensis às plantas, permitindo a elas produzir proteínas tóxicas para algumas lagartas e insetos, sem apresentar riscos à saúde humana.

A tolerância às pragas impacta diretamente na qualidade da fibra e na sustentabilidade da lavoura, tanto que para a próxima safra uma nova biotecnologia estará disponível para o cotonicultor brasileiro: o Bollgard® 3 RR Flex, que traz proteção contra as principais lagartas da cultura do algodão, além de incrementar a proteção contra complexos Spodoptera e Helicoverpa, e ser um produto tolerante ao herbicida glifosato, permitindo ao agricultor flexibilidade no manejo de plantas daninhas.