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Mosca-branca no tomate: 9 estratégias para fazer o manejo

A mosca-branca no tomate é uma praga significativa para o cultivo, causando danos diretos pela sucção de seiva e indiretos ao transmitir vírus. Afeta a produtividade e a qualidade dos frutos, exigindo manejo integrado com controle biológico, químico e cultural para reduzir sua incidência.30 de setembro de 2024

O Brasil é um dos maiores produtores de tomate do mundo. No entanto, assim como outras culturas, essa também é suscetível ao ataque de pragas e doenças. Por conta disso, os gastos dos produtores com o controle químico podem chegar a 30% do custo de produção.

Esses custos elevados refletem a preocupação com os danos causados por infestações. Uma delas é a mosca-branca no tomate, um inseto sugador de seiva de plantas. A população dela tem aumentado nos últimos anos, e os ataques estão se tornando mais severos, causando grandes perdas.

Por esse motivo, é fundamental investir em técnicas de manejo capazes de proteger a lavoura do ataque desse inseto. Neste artigo, explicaremos o que é preciso fazer para prevenção e controle.

Quais são as espécies de mosca-branca que afetam os tomates?

A espécie Bemisia tabaci recebe o nome popular de “mosca-branca”. Embora não seja a única espécie associada a esse termo, ela é a mais comum no Brasil. No entanto, por apresentar uma grande diversidade genética, os pesquisadores também se referem a ela como um grupo composto por diferentes biótipos.

Atualmente, o Biótipo B (Middle East Asia Minor 1 whitefly – MEAM1) é considerado o mais comum no país. Porém, também é possível encontrar do Biótipo Q (Mediterranean – MED), New World 1 (NW1) e New World 2 (NW2), sendo essas últimas mais raras.

Qual o impacto da mosca-branca na saúde e produtividade do tomateiro?

A mosca-branca é uma praga agressiva e de difícil controle. Isso ocorre por conta do seu comportamento, dos hábitos e do ciclo de vida. Ela tem um alto potencial reprodutivo, um ciclo biológico curto, inúmeras hospedeiras e facilidade para se adaptar a situações adversas.

Além disso, é resistente a alguns inseticidas e pode atuar como vetor de transmissão de viroses. Por conta dessas características, ela reduz a produtividade das lavouras de hortifruti, incluindo o tomate.

Além de culturas economicamente importantes, a praga também pode atacar plantas daninhas, podendo sobreviver até mesmo durante a entressafra.

Em entrevista ao programa Impacto Negócios, Fernando Sales, pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo, explica que o sucesso da disseminação está associado à formação dos chamados corredores verdes.

Esse corredor reflete o número elevado de plantas hospedeiras que podem ser atacadas pela mosca-branca.

“Esses corredores verdes se tornam um alimento ininterrupto. Mesmo em algumas culturas em que ela não se multiplica ou não se alimenta, como a cana-de-açúcar, ela pode encontrar a corda-de-viola, por exemplo. Esse inseto consegue se alimentar (dessa planta daninha), se perpetuar, se multiplicar e depois fazer uma revoada para culturas próximas”, explica o pesquisador.

Tudo isso torna o manejo desafiador e demonstra porque a presença na lavoura de tomate assusta os produtores rurais.

Embedar vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=pBVg0qDesFs

Como identificar a presença da mosca-branca no tomate?

A melhor estratégia para identificar infestações é investir no monitoramento de pragas. Isso envolve a adoção de práticas como amostragem de plantas, inspeção in loco e montagem de armadilhas amarelas.

As armadilhas e a inspeção em campo permitem a identificação e contagem de moscas na lavoura antes que o número aumente e atinja o Nível de Danos Econômicos (NDE).

As moscas adultas podem ser identificadas pelas suas características físicas. Elas são muito pequenas, medem cerca de 1 a 2 mm de comprimento, têm corpo amarelo-pálido e asas brancas. Normalmente, eles são encontrados na parte inferior das folhas e podem sair em revoada caso sejam perturbados.

O produtor também pode encontrar os ovos do inseto na parte inferior das folhas. Eles apresentam uma coloração amarelada, corpo em formato de pera e formam colônias.

Já a coleta de amostras de plantas da lavoura permite uma análise mais detalhada da saúde das folhas, facilitando a identificação dos sintomas causados pela presença dessa praga.

Quais os sintomas de infestação da praga no tomate?

Os sintomas refletem os danos diretos e indiretos causados. Os danos diretos ocorrem por conta do hábito sugador, que se alimenta da seiva e constituintes celulares da planta.

Durante a alimentação, a mosca injeta toxinas nas folhas. Como resultado, ocorre perda de vigor, maturação desigual dos frutos e isoporização da polpa do tomate (perda de textura e sabor). Tais danos podem reduzir a produtividade e a qualidade dos frutos.

Já os danos indiretos ocorrem porque o inseto facilita a formação de fumagina. A fumagina é uma camada preta nas folhas. Ela é causada por fungos oportunistas do gênero Capnodium sp., que crescem se alimentando do honeydew, substância açucarada excretada.

A formação dessa camada fúngica é altamente prejudicial à atividade fotossintética, implicando em menor produção e qualidade de frutos.

Outros danos indiretos ainda mais preocupantes ocorrem quando a mosca atua como vetor de transmissão de vírus, especialmente de geminivírus.

Os sintomas associados variam conforme o tipo de geminivírus. Plantas infectadas com o vírus do mosaico dourado (ToGVV), por exemplo, podem apresentar clorose entre as nervuras, deformação foliar, nanismo e amadurecimento irregular dos frutos.

1. Ninfas de mosca branca; 2. Desuniformidade na maturação; 3, 4. Fumagina; 5, 6. Mosca branca - Geminivirus
Fonte: Bayer

9 estratégias de controle da mosca-branca no tomate

Por conta das características da mosca-branca, o uso de inseticidas tem sido a base do controle. Mas é importante aliar diferentes estratégias para um resultado eficaz.

A Circular Técnica 142 da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), recomenda que o produtor invista no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Essa abordagem exige a combinação de diferentes técnicas para minimizar as condições favoráveis ao desenvolvimento, otimizar o controle de infestações e reduzir os prejuízos causados pelo inseto.

Confira abaixo 10 estratégias associadas ao MIP para controlar essa praga na lavoura.

  1. Utilize cultivares adaptados a região da lavoura e resistentes aos vírus transmitidos;

  2. Produza mudas sadias e com alta qualidade fitotécnica;

  3. Respeite o vazio sanitário do tomateiro;

  4. Faça o manejo de plantas tigueras que são hospedeiras da mosca-praga;

  5. Elimine plantas daninhas na lavoura e nas proximidades da área cultivada;

  6. Elimine as plantas jovens infectadas com os vírus transmitidos;

  7. Faça o monitoramento da praga pelo menos duas vezes por semana;

  8. Destrua os restos culturais do tomate após a colheita;

  9. Invista no controle químico quando necessário, usando apenas produtos registrados.

Como acabar com a mosca-branca no tomate?

O produtor precisa combinar medidas preventivas e curativas associadas ao MIP. Conforme explicado, uma dessas medidas é a aplicação de inseticidas. Para fazer esse controle químico, é preciso considerar a presença ou ausência do geminivírus na área, e a suscetibilidade do cultivar ao vírus.

Em áreas com cultivares suscetíveis e presença do geminivírus, o ideal é fazer aplicações iniciadas no transplante via drench, seguidas de aplicações semanais até o período de frutificação.

Já nas áreas de cultivo que não foram contaminadas pelo geminivírus, o produtor deve iniciar o monitoramento da praga logo após o transplante ou emergência de plantas. Esse processo deve ser repetido a cada quatro dias.

Caso sejam identificadas moscas-brancas na lavoura, é fundamental começar a aplicar os inseticidas específicos para a praga e a cultura. Isso deve ser feito no início da infestação, quando for constatada a presença de adultos, ovos ou as primeiras “ninfas” ou formas jovens.

As aplicações devem ser feitas em sistema de rotação, alternado o uso com diferentes mecanismos de ação. Esses produtos devem ser reaplicados em intervalos de 5 a 7 dias em caso de novas infestações.

Nos dois contextos, o produtor pode realizar o controle químico com Sivanto, o inseticida da Bayer. Seguindo essas dicas, fica mais fácil evitar os danos causados por essa praga e maximizar a produção de tomate.

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