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Boas práticas na armazenagem de grãos para reduzir o risco de perdas no pós-colheita

17 de julho de 2022

As perdas durante o armazenamento de grãos podem chegar até 15% do total da produção, de acordo com a Embrapa. Mas a boa notícia é que alguns cuidados no pós-colheita ajudam a reduzir esses riscos.

O armazenamento é a última etapa da produção de grãos e tem o objetivo de preservar o produto para manter as suas características desde a colheita até a distribuição. Para isso, existe uma sequência de operações para que a produção atinja a qualidade desejável. "Desde 2014, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) instituiu uma certificação dos armazéns públicos e privados. Todos devem seguir algumas regras como controle de temperatura, limpeza dos grãos e da estrutura, além do controle permanente de pragas. Isso é o básico para que o produtor tenha sucesso no armazenamento dentro da sua propriedade", conta Mariana Cassol, engenheira agrônoma da Bayer.

A condição do silo também tem grande impacto na qualidade dos grãos. A temperatura deve ser medida para a redução e uniformização dessa variável durante o armazenamento dos grãos, através de um correto gerenciamento do processo de aeração ou refrigeração. Além disso, outras atitudes são de extrema importância, como:

  • pré-limpeza e manutenção do silo para completa eliminação de impurezas;
  • uso de secadores e fontes de aquecimento do ar de secagem;
  • sistemas que promovam um controle do teor de água dos grãos durante o armazenamento;
  • controle mais eficiente de insetos, pragas e fungos por meio da aplicação preventiva de inseticidas;
  • monitoramento constante de infestações.

"Se esses quesitos básicos não forem seguidos, temos a deterioração dos grãos e perda da produção. Todo o trabalho e investimento do produtor, desde o planejamento, o plantio e a colheita, é perdido dentro do armazém", ressalta a engenheira agrônoma.

Como evitar perdas durante o armazenamento de grãos?

Fernanda Falcão, gerente técnica da Sementes Falcão, de Passo Fundo, RS, compartilha as ações que ela toma para não ter problemas com pragas durante o armazenamento de grãos . Uma das principais ações para evitar as perdas por pragas em grãos armazenados é, segundo ela, a limpeza permanente e constante de toda a unidade de recebimento. "Antes mesmo de iniciarmos uma nova safra, fazemos uma pulverização e fumigação em todas as partes dos armazéns, seja em silos internos, externos e nas pilhas onde ficam armazenadas as sementes para evitar qualquer dano", comenta.

Outro fator importante que Fernanda destaca é o controle da umidade e da temperatura nos silos, entre outros cuidados na armazenagem de grãos, para evitar o surgimento de pragas primárias e secundárias. Para isso, é feita a retirada de impurezas no recebimento dos grãos, além do controle pela termometria e aeração ou secagem, para manter os grãos na temperatura e na umidade adequadas.

"Esse controle de pragas é fundamental e, nos estados com temperaturas altas o ano inteiro, ele deve ser muito mais rigoroso. Nós temos uma vantagem aqui no Rio Grande do Sul porque a maioria dos grãos fica armazenada num período de inverno. Isso facilita bastante o controle, mas é preciso fazer o possível para não ter perdas durante o armazenamento. Esse controle de pragas em grãos armazenados é necessário justamente para não haver a redução do valor comercial do nosso produto", acrescenta Fernanda.

Durante esse processo, as perdas podem ser de ordem quantitativa, com redução de peso ou volume, ou de ordem qualitativa devido à alteração da qualidade do produto por contaminantes químicos, físicos ou biológicos. O professor Pedro Takao Yamamoto, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"(Esalq/USP), reforça que essas pragas causam um sério prejuízo e medidas de controle devem ser adotadas para que não atinjam altos níveis.

As principais pragas nos grãos armazenados são o gorgulho do milho (Sitophilus zeamais), a traça dos cereais (Sitotroga cerealella), o besouro castanho (Tribolium castaneum) e o gorgulho dos cereais (Rhyzopertha dominica). O ataque desses insetos pode influenciar na perda de peso dos grãos, reduzir o poder germinativo, o vigor da semente e até diminuir o valor nutritivo do lote.

"Para o controle dessas pragas, o primeiro passo é a limpeza do armazém e, depois, o expurgo. Um tratamento dos grãos é muito importante para que não haja contaminação dentro do armazenamento e, com isso, levar aos prejuízos", afirma o professor da Esalq.

Aliado ao armazenamento de grãos e às boas práticas de produção, o serviço de pré-certificação de soja Intacta pode trazer ainda mais benefícios nessa etapa. Os produtores que plantam alguma variedade podem ganhar 300 pontos no Impulso Bayer a cada hectare pré-certificado. Fazendo esse processo, os produtores ganham, ainda, agilidade operacional, pois não precisam se preocupar em separar os grãos na hora de colher. Além disso, a entrega da produção no ponto de recebimento é simplificada por dispensar os procedimentos de verificação.

Portanto, um bom armazenamento de grãos pode trazer muitos benefícios, como redução de perdas quantitativas e qualitativas, economia no transporte, maior rendimento da colheita, produto com mais qualidade, disponibilidade para uso da produção no momento adequado, obtenção de financiamento por linhas de créditos e, ainda, maior flexibilidade na escolha da época de comercialização.