Blog do Agro

A força das mulheres da família Steinmetz

A história de como uma mãe e suas duas filhas encararam o desafio de assumir os negócios da família e bateram recordes de produção no campo15 de janeiro de 2023 /// 20 minutos de leitura

A força de Clélia, Adriana e Cristiane Steinmetz fez com que elas encarassem juntas o desafio de assumir os negócios da família em um momento difícil e inesperado.

"Os desafios foram muitos e sei que muitos ainda virão. Mas com amor, fé e coragem nós conseguimos vencer", diz Cristiane.

Cristiane, formada em direito, e Adriane, formada em jornalismo, tinham outros planos para suas vidas profissionais, mas tudo mudou em 2014. Com o falecimento do pai delas, Eugênio Steinmetz, tiveram que recomeçar e, junto com a mãe, chamaram para si a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho realizado por ele na fazenda no interior de Goiás.

A história da família Steinmetz no agro começou em 1980, quando Eugênio decidiu trocar Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, pela cidade de Mineiros.

"Meu marido tinha uma lavoura no Sul, mas era uma plantação pequena. Então resolveu procurar outros lugares onde teria mais chances de crescer. Não foi fácil no início. Depois tivemos nossas duas filhas e com coragem, vontade e muito amor, seguimos nosso objetivo", relembra Clélia.

Foi com a mesma força e coragem que ela seguiu em frente após a morte de seu marido. "Eu falei que a gente precisava continuar e que se as três estivessem juntas, nós iríamos conseguir."

Cristiane diz que um dos maiores motivos para elas não desistirem foi o orgulho que sentem pela história da família, por isso, continuar o legado deixado por seu pai seria, acima de tudo, uma prova desse amor. "Eu não consigo falar sobre mim sem olhar para trás e falar dos meus pais, dos meus avós. Nós somos a continuidade da história deles."

Atuação além do campo

Cristiane conta que, ao assumirem os negócios, elas sentiam falta de conversar com produtoras que estivessem em uma situação parecida com a delas para que pudessem trocar experiências.

Foi assim que elas começaram a formar essa rede de mulheres e nasceu a UMA: União das Mulheres do Agro. O projeto, que tem como objetivo oferecer capacitação a mulheres que atuam no agronegócio, teve início em Mineiros, mas já ultrapassou fronteiras.

"Era um grupo regional que começou com 50, logo eram 100 e hoje são aproximadamente 200 mulheres. Estamos em todo o Brasil, somos mais de 15 grupos regionais e temos conexões em 6 países. Estamos integrando as mulheres brasileiras e as que estão em outros países desenvolvendo a agricultura, sempre dando suporte uma para a outra."

Elas passaram a viajar pelo Brasil participando de congressos, feiras e palestras, fortalecendo ainda mais a presença feminina no campo.

Produtividade aliada a propósito

A Fazenda Boa Vista continua produzindo soja e milho. Mas um número salta aos olhos: a produtividade passou de menos de 60 sacas de soja por hectare para mais de 75 sacas.

Esse crescimento aconteceu porque elas souberam aproveitar as práticas que já davam certo antes e, ao mesmo tempo, aprimorar outros pontos que ajudariam a colher ainda mais resultados.

"O grande desafio da agricultura, em meu ponto de vista, é produzir mais sem ter que abrir áreas, isso parte da sustentabilidade", observa Cristiane.

Para atingir esse propósito, elas estão em busca constante de conhecimento e inovações. No entanto, Cristiane reforça que também é necessário olhar além dos próprios resultados. Para ela, trabalhar com agricultura envolve um propósito muito maior: "Enquanto produtoras, enquanto família, o agro é o nosso sustento. Mas eu tenho que abrir esse horizonte e entender que é preciso alimentar um mundo lá fora. Não adianta a minha soja estar linda, meu milho produzir absurdamente se eu não entender que trabalho para fazer a vida do outro melhor," conclui a produtora.

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