Balanço da moagem de cana mostra desempenho positivo na safra 2022

Com o início da estação de chuvas, a colheita e moagem da cana seguem para a reta final, consolidando o desempenho do setor na safra de 2022.

Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), apontam que 175 usinas da região centro-sul, principal produtora sucroenergética do Brasil, já haviam encerrado suas operações no início de dezembro, ou seja, quase 70% das unidades.

Em relação ao processamento da matéria-prima, cerca de 532 milhões de toneladas de cana haviam sido moídas até o começo do mês passado, 2% a mais que no mesmo período de 2021/22. Esta foi a primeira vez que o ritmo superou o da safra anterior, mostrando que o setor foi capaz de recuperar os atrasos dos primeiros meses deste ciclo.

Sobre os principais produtos extraídos da cana-de-açúcar, foram produzidas quase 33 milhões de toneladas de açúcar, 2,8% a mais do que no mesmo período do ano passado. Em relação ao etanol, o volume era de 26,6 bilhões de litros até dezembro, leve alta de 1,3% no comparativo anual. Do total produzido do biocombustível, 42% são de etanol anidro (misturado com a gasolina) e 58% são de etanol hidratado (usado diretamente como combustível nos postos).

Ainda sobre o etanol, vale destacar que cerca de 11% da oferta total em 2022/23, 2,85 bilhões de litros, teve o milho como matéria-prima, uma alta de 26% na comparação com a safra anterior.

Como as operações seguem até mais tarde neste ciclo, a tendência é que a safra de cana se encerre com resultados positivos, superando o desempenho de 2021/22.

O professor Marcos Fava Neves analisa esse cenário e explica como a recuperação do desempenho industrial pode impactar o setor sucroenergético em 2023. "Tivemos uma safra com muitas variações, começou com preços bons, mas depois houve interferências do governo na questão dos tributos e barateamento do preço da gasolina com o petróleo caindo, o que afetou o etanol e a lucratividade. O ATR começou lá em cima, caiu e voltou a se recuperar nessa fase final da safra de cana."

Para o próximo ciclo, o Doutor Agro prevê aumento na produção, que deve chegar a 580 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, além da manutenção da demanda tanto no mercado interno como externo, e bom valor do ATR para o produtor.

Perspectivas para a safra de cana 2023/24

Para a safra de cana 2023/24, que começa em abril, as estimativas também são positivas.

Segundo a consultoria Safras & Mercado, a moagem de cana na região centro-sul deve ficar em torno de 565 milhões de toneladas, um aumento de 4% em relação ao ciclo atual.

Já o Rabobank prevê 575 milhões de toneladas, ou seja, uma alta de 6,5%. A Stonex, por sua vez, apresenta o maior número: um processamento em torno de 588 milhões de toneladas de cana, 5,4% maior do que a estimativa da consultoria para o ciclo que está em andamento.

Mais destaques do agro

O plantio de soja no Rio Grande do Sul se aproxima do fim, com 93% das áreas semeadas. A safra vinha em ritmo lento devido à falta de chuvas, mas houve evolução de 3% na última semana, segundo o Ministério da Agricultura.

Além disso, a previsão para as safras de soja e milho foram reduzidas, de acordo com a Stonex. O total de soja deve ficar em 153,8 milhões de toneladas e a safra de milho em 128,7 milhões.

Já as exportações de milho devem dobrar, chegando a 4,3 milhões de toneladas em janeiro, com a abertura do mercado chinês e a redução das vendas pela Ucrânia, prevê a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais.

Por fim, para a próxima semana, o Doutor Agro destaca os temas que devem ficar no radar dos produtores: colheita de soja no Brasil, performance no plantio da safrinha e as variáveis macroeconômicas.