Conexão NY: balanço da safra de cana e planejamento para o próximo ciclo

O Impulso News desta semana está internacional, gravado diretamente de Nova York, nos Estados Unidos, um dos mais importantes centros de negócios do mundo e referência nas negociações de diversas commodities do agro, para fazer um balanço da safra de cana-de-açúcar no Brasil.

Com a colheita da safra brasileira de cana praticamente concluída nas principais regiões produtoras, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou os novos números estimados para o setor. Como era esperado, os resultados refletem os impactos que o clima, principalmente as secas e geadas, tiveram nas lavouras.

Em todo o Brasil, segundo a Conab, a colheita foi estimada em 568,4 milhões de toneladas, redução de 4,2% em relação ao ciclo passado, ou 86 milhões de toneladas a menos. Já a produtividade foi indicada em 68,8 toneladas por hectare, queda de 9,5% em relação à safra passada; são 7 toneladas a menos por hectare. Na região centro-sul, principal produtora de cana do Brasil, a colheita foi 13,6% menor neste ciclo, fechando em 520,8 milhões de toneladas.

Sobre os principais produtos da cana, a produção brasileira de açúcar foi estimada em 33,9 milhões de toneladas, 17,8% menor. A do etanol em 28,3 bilhões de litros, redução de 13,6% (Fonte: Conab). Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), até a metade de novembro, mais de 70% das usinas do setor já haviam encerrado suas atividades neste ciclo.

O professor Marcos Fava Neves comenta que, em volume, esta safra sofreu perdas devido aos impactos do clima. Para a próxima, no entanto, a estimativa é de 560 milhões de toneladas, a depender das chuvas.

"Nesta safra vamos terminar com 520 milhões de toneladas, caiu a produção de açúcar, a exportação e o consumo do etanol hidratado principalmente no mercado interno. Por outro lado, quem perdeu pouco teve uma grande reação de preços e esses preços bons devem permanecer até o ano que vem", analisa o Doutor Agro.

Ele ainda destaca o déficit no mercado mundial de açúcar, o preço elevado do petróleo beneficiando o etanol e o retorno dos investimentos como fatores que podem gerar bons resultados no ano que vem.

Ainda sobre a safra de cana, Fernando Brefere, Representante Técnico de Vendas da Bayer, mostra como estão as lavouras na região de Araçatuba, no estado de São Paulo. Ele conta que, mesmo com problemas como estiagem e geada ocorridas neste ano, o canavial está em pleno desenvolvimento vegetativo com as chuvas do último período.

Resgate de serviços no Espaço Bayer

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Planejamento financeiro e tributário no campo

Pensando nos desafios para 2022, ou mesmo para a safra que está em andamento, o programa traz dicas sobre planejamento financeiro e tributário do negócio rural com Giandrei Basso, CEO da Essent Agro, de Tucunduva, Rio Grande do Sul.

Ele explica por que é tão importante para o agricultor fazer um planejamento financeiro. "O produtor rural vem se preocupando bastante com a próxima safra. Ele se questiona se será possível implantar a cultura pela falta e alta dos preços dos insumos. A falta do planejamento financeiro impacta diretamente nisso porque se ele conhecesse quais são os reais custos da sua lavoura, poderia projetar o próximo ano usando os valores das commodities para fazer a conversão e analisar se o plantio é viável ou não."

Sobre a falta de um planejamento tributário, Basso afirma que os impactos vão desde os financeiros, já que o produtor acaba pagando mais impostos, até o risco de cair na malha fina. "O que acontece é que, durante o ano fiscal, o produtor rural acaba tomando a decisão pela intuição e cai num cenário onde tem 50% de chances de acertar ou 50% de chances de errar. Muitas vezes, o produtor também não consegue ter uma organização tão grande para reunir toda documentação fiscal necessária. Isso traz muita dor de cabeça, mas hoje existem soluções para ajudar", acrescenta.

Para o CEO da Essent Agro, o primeiro passo para um bom planejamento tributário é usar a tecnologia a seu favor. Ele ressalta que o sistema de Receita Federal evoluiu muito nos últimos anos com o emprego de tecnologia, enquanto a contabilidade tradicional manteve um processo analógico e operacional. "O que precisamos é agregar essa tecnologia para caminhar ao lado da Receita Federal e minimizar impactos como o pagamento de mais impostos ou mesmo cair em uma malha fina", completa.

Top 3 de notícias do agro e agenda da semana

As exportações globais de café caíram 4,4% em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2020. No total, foram comercializadas 9,7 milhões de sacas do estimulante (Fonte: Organização Internacional do Café).

Outro destaque foram as contratações de crédito rural, que ultrapassam 131 bilhões de reais entre julho e novembro deste ano, alta de 23,5% na comparação com o mesmo período da safra passada (Fonte: Banco Central do Brasil).

O programa também traz os números do plantio de soja, que alcança 95,1% da área estimada, e segue para a conclusão em ritmo acelerado. No mesmo período do ano passado, o progresso era de 90,2% (Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento). Confira ainda as cotações da soja, do milho, do açúcar cristal e boi gordo.

Para a próxima semana, o DoutorAgro recomenda ficar de olho nas reações do mercado para as estimativas da USDA, Conab e dados de exportações; a economia mundial, principalmente a nova variante do coronavírus; as condições das lavouras no Brasil; e os efeitos da La Niña no Rio Grande do Sul e Argentina.