Blog do Agro

Perspectivas para os mercados agrícolas em 2023

Saiba o que está acontecendo no mercado global de grãos e o que explica a queda nos preços da soja no Brasil31 de maio de 2023 /// 15 minutos de leitura

A evolução do plantio da soja e do milho nos Estados Unidos é o ponto de maior destaque no mercado de grãos neste momento. O avanço no ritmo das operações gera expectativas positivas para a safra americana.

"A evolução do plantio de soja até o começo de maio foi excepcional, talvez o melhor ano de plantio. No milho, o plantio também está em linha com os melhores momentos dos últimos anos", ressalta Alexandre Mendonça de Barros.

De acordo com o analista de mercado, as curvas de preço da soja desde novembro do ano passado mostram uma variação muito pequena, o que também sinaliza uma confirmação das previsões iniciais.

Ainda sobre a soja, ele aponta que a mega safra brasileira neutralizou a grande quebra que houve na Argentina, que colheu 30 milhões de toneladas abaixo do esperado. A mesma leitura é válida para o mercado de milho.


Mas por que os preços caíram tanto no Brasil?

Mendonça de Barros afirma que a explicação para esse cenário é uma queda acentuada nos prêmios, ou seja, a diferença dos preços nos portos brasileiros em comparação com Chicago.

"Nas últimas safras, vimos prêmios positivos rodando na maior parte do ano, inclusive em período de colheita. No ano passado, quando a safra quebrou, estimava-se colher 145 milhões de toneladas de soja, mas foram colhidas 125 milhões. O mercado internacional sentiu esse efeito e não houve uma pressão sobre os portos brasileiros. Já neste ano, tivemos uma safra que foi muito pouco vendida. Além disso, veio uma safra gigante no Brasil, e essa combinação de fatores gerou uma forte pressão logística no momento da colheita."

Para o analista de mercado, a grande discussão agora é sobre a capacidade de armazenagem no Brasil.

Atualmente, a capacidade de armazenagem de grãos no país é estimada em 189 milhões de toneladas. O volume de soja e milho colhidos apenas no Mato Grosso, por exemplo, totaliza mais de 90 milhões de toneladas.

"Vários estados brasileiros têm um déficit de armazenagem diante dessa combinação da safra de soja e da safrinha de milho. Com isso, os prêmios no Brasil começaram a ficar fortemente negativos", acrescenta.

Portanto, os prêmios derrubaram o preço da soja em reais. Na análise de Mendonça de Barros, isso não aconteceu nos anos anteriores porque houve quebras de safra em decorrência principalmente dos efeitos da La Niña.

Na visão do analista de mercado, à medida que as exportações saírem, os prêmios voltarão a ficar positivos no segundo semestre deste ano, e provavelmente o preço da sojavai voltar a subir.


Clima será determinante para mercados agrícolas no segundo semestre

Na opinião de Alexandre Mendonça de Barros, a influência do El Niño sobre o clima será um dos pontos-chave para os mercados agrícolas no segundo semestre de 2023.

Enquanto no Brasil, Argentina e Estados Unidos a perspectiva é de boas safras devido à previsão de mais chuvas, em países como Austrália, norte da China, Índia e sudoeste asiático a seca provocada pelo fenômeno pode afetar as safras de café, óleo de palma e grãos.

De acordo com o analista de mercado, os principais modelos climáticos estão sinalizando que a temperatura do Oceano Pacífico ficará acima da sua média histórica, sugerindo que os efeitos do El Niño devem ser mais fortes.

"Essas regiões são relevantes produtoras de arroz, trigo e milho, com isso, qualquer quebra de safra na Ásia contamina os mercados globais de grãos e afeta a precificação futura", explica.

Portanto, esses fatores serão muito relevantes para a economia agrícola e para o abastecimento mundial de grãos nos próximos meses.

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