Descubra os impactos da baixa na produção de milho e soja nos EUA
Saiba como esses números podem afetar o mercado global. Confira também a situação de armazenagem de grãos no Brasil e outros destaques do agro18 de agosto de 2023 /// 8 minutos de leituraAs produções de soja e de milho nos Estados Unidos serão mais baixas do que o previsto inicialmente. Segundo o Departamento de Agricultura do país (USDA), a seca no início da temporada acabou diminuindo o potencial de algumas lavouras. No relatório divulgado neste mês, os cortes vieram nas estimativas de produção, produtividade, estoques finais e exportações.
Para a soja, a produção mundial passou de 405,3 milhões para 402,8 milhões de toneladas, o que significa menos 2,5 milhões de toneladas. Já para o milho, o corte foi de 10,9 milhões de toneladas, passando de 1,224 bilhão para 1,213 bilhão de toneladas.
O corte na soja foi menor porque as regiões produtoras estão com a colheita praticamente finalizada. O mercado chegou a reagir após a liberação dos números do USDA, mas o movimento não se manteve.
Apesar de uma redução, o milho tem mantido uma pretensão para boa oferta. Isso se deve ao bom andamento da colheita de segunda safra no Brasil, aliado a novas estimativas de recorde de produção nacional e ainda à melhora das condições de clima nos Estados Unidos.
A especialista em agronegócio, Roberta Paffaro, comenta estes resultados e analisa os possíveis impactos para o mercado de grãos. “A safra americana de soja não vai quebrar. O problema é a questão climática, que pode interferir na qualidade do grão. Por isso, não esperem milagre nos preços”, alerta a especialista, que também recomenda que os produtores aproveitem as janelas de oportunidade para venda.
Em relação ao milho, Roberta reforça que é esperado um grande volume do grão nos mercados nacional e internacional. Contudo, nos Estados Unidos, 50% do milho é utilizado para a produção de etanol. “Aqui, esse milho pode ser interessante para ração, para as usinas de etanol de milho e para exportação”, acrescenta.
Brasil tem déficit na armazenagem de grãos
Uma pesquisa divulgada pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log), mostra que faltam estruturas de armazenamento em 61% das fazendas de grãos no Brasil.
Se por um lado o volume de produção vem batendo recordes e cresce em torno de 10 milhões de toneladas por ano, a capacidade estática de armazenamento de grãos aumenta apenas a metade desse valor, ou seja, 5 milhões, segundo aponta a Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Ainda de acordo com a associação, o Brasil tem um déficit de armazenagem de 118,5 milhões de toneladas e somente 15% desta capacidade está em nível das fazendas. Especialistas afirmam que é necessário o investimento de, no mínimo, R$ 15 bilhões ao ano para acompanhar o aumento da produção agrícola.
Giro de notícias
A exportação de soja em julho teve alta de 27% em receita média diária e 62% em volume. A comercialização da safra 22/23 já chega a 76% da produção total estimada.
A colheita do milho safrinha chegou a 72,8%. Os estados do Centro-Norte estão na reta final, mas produtores do Paraná e do sul de São Paulo devem ficar atentos às chuvas no fim de agosto.
O valor das exportações de carne bovina foi 29% menor em julho. A receita fechou em US$ 877 milhões, resultado da queda significativa nos preços do produto.
Ainda dá tempo de se inscrever no Prêmio Mulheres do Agro
As inscrições para o Prêmio Mulheres do Agro foram prorrogadas até o dia 20 de agosto. O evento está na sexta edição e vai premiar produtoras rurais que estão à frente da gestão de pequenas, médias e grandes propriedades agrícolas, como Marcia Kafensztok e Rayssa Chaves, exemplos de protagonismo no campo e produtoras referências em práticas sustentáveis.
Márcia cultiva ostras e camarões, enquanto Rayssa produz hortaliças, ervas finas, vegetais e flores comestíveis. Mas as duas possuem algo em comum: representam a região Nordeste entre as vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro, em 2021 e 2022 respectivamente.
Recentemente, a Bayer fez uma visita às propriedades delas. Os encontros foram marcados por inspiração, resiliência feminina e muito conhecimento. "Fui vencedora na categoria de pequena propriedade em 2021 e é muito importante a participação de outras mulheres e das mulheres do Nordeste”, avalia Marcia.
Rayssa concorda e reforça o convite: "Já convido outras produtoras a participarem desse prêmio que nos permite trocar experiência, participar de palestras e workshops. Vale muito a pena".
Agenda da semana
Para concluir, o Doutor Agro destaca os temas para os produtores rurais ficarem de olho na próxima semana:
- Impactos do conflito no Mar Negro;
- Preço da soja;
- Clima nos Estados Unidos;
- Dólar;
- Preços no café e na pecuária;
- Expectativas de plantio.