Expectativas para a Safra 2024/25
Alexandre Mendonça de Barros analisa os impactos do cenário nacional e internacional na safra 2024/25.Com os preparativos para a safra 2024/25 em andamento, os produtores devem ficar atentos aos fatores internos e externos para a tomada de decisões.
O primeiro ponto para acompanhar, segundo o analista de mercado Alexandre Mendonça de Barros, é o câmbio. Ele recomenda que os produtores aproveitem o momento em que o real está mais enfraquecido em relação ao dólar.
Essa desvalorização cambial é explicada pela manutenção da taxa de juros americana em patamar elevado, reflexo dos níveis de emprego que continuam aquecidos nos Estados Unidos.
Outro fator de influência é o cenário das contas públicas brasileiras, com a possibilidade de não cumprimento da meta fiscal e aumento da dívida, a despeito do alto saldo comercial do país.
"Por isso, em nosso entendimento, é preciso aproveitar este momento para fazer a precificação futura e otimizar a relação de troca com os insumos", conclui o especialista.
Estimativas para a safra 2025 da América do Sul
Após as intempéries climáticas que afetaram o Rio Grande do Sul e desorganizaram o calendário de plantio, espera-se uma quebra na safra brasileira, impactando a colheita final da safra da soja e do milho no estado gaúcho.
De acordo com Mendonça de Barros, as projeções indicam redução de produtividade significativas para a safra da soja, do milho e do arroz em todo o país.
Na Argentina, o cenário é similar. O país, que esperava colher 54 milhões de toneladas de soja, deve fechar o ciclo com cerca de 50 milhões. A redução na safra do milho é ainda mais drástica: de 55 milhões de toneladas previstas para 46 milhões. "Esse número é importante, pois a Argentina é a terceira maior exportadora do mundo, ao lado da Ucrânia, que vive um cenário desafiador."
No Brasil, o foco de preocupação é a safrinha. As projeções do analista indicam que o volume produzido deve ser ao menos 12 milhões de toneladas menor que o do ano passado. "Se considerarmos o aumento do consumo interno de milho para a indústria de etanol, carnes e leite, o Brasil terá um déficit exportável de 18 milhões de toneladas. Não é à toa que os preços do milho já reagem nos mercados futuros", observa.
Andamento da Safra 2024 dos Estados Unidos
O analista de mercado também monitora a evolução da safra da soja e da safra do milho nos Estados Unidos. Ele ressalta que é preciso acompanhar o desenvolvimento das safras americanas, cujo calendário de plantio avança sem intercorrências climáticas até o momento.
"Por enquanto, não há nenhum fator que desabone a safra norte-americana. A meu ver, a perspectiva de queda para os preços da soja e do milho no mercado internacional perdeu força. Não parece que haverá uma grande reposição de estoques globais, mas tampouco há um grande potencial de alta neste momento."
Mercado de trigo
De acordo com Mendonça de Barros, o cenário para o trigo é de alerta. As notícias indicam uma quebra de 10% na safra russa, líder global na exportação. Essa pressão externa se soma ao momento desafiador e incerto dos produtores gaúchos, cujo calendário de plantio da safra de inverno foi severamente comprometido pelas condições climáticas. A dúvida é se haverá tempo hábil para manter a área projetada para a safra 24/25.
"Não sabemos o desfecho, mas é claro que o subiu um degrau no mercado internacional. Como temos que importar trigo para fechar o balanço do mercado interno, isso ajuda a puxar os preços no Brasil.", conclui.
É o momento de comprar defensivos?
Para o analista, a relação de troca está favorável para a compra de insumos destinados à safra 2024/2025. Ele prevê uma corrida por defensivos agrícolas, principalmente para a safra da soja e a primeira safra do milho, à medida que o calendário de plantio se aproxima.
"Muitos produtores estão esperando os preços dos defensivos caírem mais para fechar negócio, mas minha impressão é que eles não vão recuar. Pelo contrário, existe o risco de uma corrida de última hora por insumos. Portanto, o momento de garantir uma boa relação de troca é agora", conclui.