Blog do Agro

50 anos de Roundup: o herbicida que revolucionou a agricultura

Entenda como o desenvolvimento do glifosato permitiu a implantação do plantio direto no Brasil e levou o país a quebrar recordes de produtividade
26 de dezembro de 2024 /// 13 minutos de leitura

O herbicida Roundup celebra 50 anos de inovação e impactos significativos na agricultura.

Desenvolvido pela Bayer, o produto revolucionou o manejo do solo, promovendo a sustentabilidade no campo e impulsionando a produtividade por hectare.

Além de transformar o controle de plantas daninhas, Roundup foi essencial para a adoção do plantio direto, especialmente em regiões tropicais como o Brasil.

"O plantio direto representa um marco para a agricultura brasileira. Problemas como a erosão do solo foram consideravelmente reduzidos com a sua implementação", destaca Caio Carbonari, professor da Unesp de Botucatu, SP.

Ele também observa que, entre as várias vantagens do plantio direto, destaca-se a incorporação de carbono ao solo, posicionando o Brasil na vanguarda da agenda de descarbonização quando o tema ainda nem era discutido mundialmente.

Matheus Palhano, líder de herbicidas da Bayer na América Latina, explica que a preservação do solo tem sido um fator determinante para as altas produtividades alcançadas a cada safra no Brasil.

"Quadruplicamos a área plantada de soja, enquanto a produção cresceu dez vezes. O plantio direto, o Roundup, as novas variedades de soja e as práticas conservacionistas foram fundamentais para esses resultados."


A implantação do plantio direto

Antes da década de 1990, as alternativas para o manejo de plantas daninhas eram limitadas às práticas mecânicas de aragem e gradagem do solo.

Entretanto, com a introdução do glifosato – um produto com custo acessível para os produtores – surgiu uma nova possibilidade: a dessecação para preparação do solo, facilitando a semeadura em condições mais favoráveis e promovendo a incorporação de matéria orgânica.

"O lançamento do Roundup ocorreu em 1974, mas foi na década de 1990, com a quebra de patente, que o plantio direto se popularizou. A partir desse momento, os produtores tiveram acesso a um herbicida com as características ideais para a dessecação e com um custo competitivo. Esse avanço permitiu a migração para o sistema de produção que se consolidou como um dos maiores marcos da agricultura sustentável no Brasil", resume o professor Carbonari.

Atualmente, mais de 90% das áreas de cultivo anuais no Brasil adotam o plantio direto. Essa prática, portanto, se configura como uma verdadeira transformação para a sustentabilidade, e o Roundup desempenhou um papel crucial para viabilizá-la.
Após o surgimento do glifosato, em apenas um ano, a área destinada ao plantio direto cresceu mais de 400%, além de viabilizar a sucessão de cultivos.


Brasil: um líder em produtividade

Palhano relembra que, há algumas décadas, o Brasil era um grande importador de alimentos. Hoje, o país figura entre os principais exportadores mundiais.

"Essa mudança evidencia o impacto do plantio direto, que, em um curto período, transformou a agricultura brasileira. O Roundup foi uma inovação decisiva por ser um herbicida não seletivo e sistêmico, capaz de controlar plantas daninhas de forma eficaz e sem residual, diferentemente dos herbicidas de contato", observa.

Esse progresso consolidou o Brasil como um gigante agrícola, superando recordes de produtividade ano após ano.

Segundo o professor Carbonari, Roundup continua sendo um produto único no mercado, mesmo 50 anos após seu lançamento. "Em um universo de mais de uma centena de ingredientes ativos, diferentes grupos químicos e mecanismos de ação, o glifosato permanece singular e insubstituível."

O professor Marcos Fava Neves também destaca a evolução da produtividade brasileira e a importância da adoção de tecnologias em benefício da sustentabilidade na agricultura. “A história dos grãos no Brasil é muito promissora. Atualmente, a soja ocupa 60% das importações do planeta. Em dez anos, devemos fornecer quase 70% da soja importada pelo mundo. O milho também apresenta grande crescimento. Portanto, toda inovação e tecnologia que puder ser utilizada para produzir mais grãos, usando menos recursos naturais, com práticas de agricultura regenerativa, melhor será a inserção do Brasil nos mercados mundiais.”


Diferenciais do Roundup

A linha Roundup conta com quatro formulações distintas, o que a torna uma opção vantajosa frente aos concorrentes.

Além disso, Palhano menciona que a Bayer já está investindo em projetos de substituição da marca até 2030. "A Bayer vê este negócio a longo prazo, projetando os próximos 50 anos", afirma.

A confiança na marca é consolidada pelo fato de que Roundup foi eleito, por 24 vezes, a marca mais conhecida entre os agricultores.


Boas práticas agrícolas

É fundamental monitorar a resistência das plantas daninhas nas lavouras para manter as boas práticas de produção. Para isso, recomenda-se a associação de outros herbicidas, com mecanismos de ação distintos, além de práticas culturais que ajudem a reduzir a presença de biótipos resistentes ou prevenir o surgimento de novos.


O futuro da agricultura brasileira

Palhano ressalta que o Brasil tem a oportunidade de expandir sua área cultivada sem avançar sobre áreas de preservação, transformando regiões de baixa produção pecuária em áreas agrícolas. "Nessas áreas, onde não há histórico de agricultura, a presença de plantas daninhas resistentes é menor, o que torna o glifosato uma ferramenta indispensável. Ele é uma solução acessível e eficiente, que viabiliza o plantio direto."

Um estudo científico demonstrou os impactos de um cenário com restrições ao uso do glifosato, apontando um aumento nos custos de produção, a necessidade de investimentos maiores para controlar plantas daninhas, redução na oferta de alimentos, elevação no consumo de herbicidas e um acréscimo nas emissões de carbono devido ao uso de práticas como aragem e gradagem.

"É crucial reconhecer que o sucesso da agricultura brasileira, com seu impacto econômico significativo, é resultado direto do investimento em ciência, tecnologia e inovação. Essa é a única via para continuar ampliando a produtividade e garantindo alimentos acessíveis para a população", conclui Carbonari.

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