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Cigarrinha do milho: como evitar o enfezamento do milharal

17 de julho de 2022

Se você perguntar ao agricultor qual é a definição de cigarrinha do milho, ele vai te dar uma resposta curta, mas certeira: “terrível!” A partir disso já dá para ter uma ideia do perigo oferecido por essa praga.

Além de ser extremamente danoso à lavoura, esse inseto se espalha rapidamente. Por isso, nos últimos 5 anos, a praga deixou de ser identificada apenas nas áreas produtoras de sementes e já está presente em todas as regiões do Brasil.

Diante dos perigos oferecidos por ele, é fundamental que o produtor de milho saiba como identificar e como controlar essa praga, preservando sua lavoura.

Para te ajudar a encontrar essas respostas, este episódio do Programa Impulso Negócios é totalmente dedicado a esse assunto, que pode ser complementado com as explicações abaixo.

Confira!

O que é a cigarrinha do milho?

A cigarrinha do milho (nome científico Dalbulus maidis (DeLong and Wolcott)), é um inseto pequeno, mas que pode ser considerado uma das principais pragas da cultura do milho.

De coloração palha e manchas negras na cabeça e no abdômen, quando adulto, o inseto pode alcançar entre, aproximadamente, 3,7 a 4,5 mm de comprimento.

Vale lembrar que essa espécie é muito bem adaptada ao clima tropical e possui um ciclo de vida de apenas 45 dias.

Pode parecer pouco, mas as fêmeas são capazes de depositar até 611 ovos durante esse período. Como o ciclo de vida do milho possui cerca de 180 dias, em média, é possível que a mesma lavoura sofra com diferentes gerações de cigarrinha.

Além disso, em função de seu tamanho e aparência, a cigarrinha é muito confundida com a mosca branca. No entanto, é bom lembrar que a cigarrinha atinge apenas o milho, enquanto a mosca branca prefere as lavouras de soja.

Quais são os danos causados pela cigarrinha do milho?

A cigarrinha, por si só, não é um problema. Apesar de ser um inseto sugador, ela não prejudica a saúde da planta.

Porém, quando contaminada, essa praga atua como um vetor importante para a transmissão de três doenças extremamente nocivas à cultura do milho: o enfezamento pálido, o enfezamento vermelho e a risca do milho ou raiado fino.

E é importante destacar que nenhuma dessas doenças deve ser negligenciada.

Em entrevista ao programa Impulso Negócios, o agricultor Ronald Przybysz, de Mallet, Paraná, contou como sua safra de milho sofreu danos expressivos em função da presença da cigarrinha.

“A gente teve danos expressivos em algumas variedades. A gente plantou cinco variedades de milho. Dessas cinco variedades, quatro foram muito sensíveis à cigarrinha e ao enfezamento”, contou Ronald Przybysz.

Em função desses problemas, o produtor revelou que, em comparação à última safra, houve uma redução de 35 a 40% de produtividade. Ou seja, o prejuízo é grande.

Mas você sabe por que o enfezamento causa tantos problemas no milho? Entenda abaixo!

Leia também: Bayer desenvolve iniciativa para o monitoramento preventivo da cigarrinha do milho no Sul do país

Entenda o que é enfezamento do milho

Os enfezamentos são doenças causadas por bactérias chamadas de molicutes, que podem ser transmitidas por meio da cigarrinha.

No caso do milho, essas bactérias podem provocar o desenvolvimento de 2 tipos de enfezamentos diferentes: o pálido e o vermelho.

O enfezamento pálido é causado por uma bactéria chamada espiroplasma (nome científico Spiroplasma kunkelii Whitcomb).

A presença desse tipo de bactéria resulta no desenvolvimento de vários problemas, como folhas avermelhadas, altura reduzida, encurtamento dos entrenós, entre outros.

Já o enfezamento vermelho é causado por uma bactéria chamada de fitoplasma (nome científico Maize bushy stunt phytoplasma), que também pode deixar as folhas da planta amareladas ou avermelhadas.

No entanto, na prática, a diferenciação entre esses dois tipos de enfezamento no campo é muito difícil, já que seus sintomas são parecidos. Apesar disso, os danos provocados por essas doenças são bem evidentes.

E isso ocorre porque essas bactérias atingem uma parte essencial da planta: o floema.

Como os enfezamentos prejudicam o milho?

As bactérias responsáveis pelo enfezamento do milho são capazes de colonizar e infectar o tecido floemático, ou seja, o floema da planta.

Esse tecido é o vaso condutor responsável pela distribuição de carboidratos, ou seja, açúcares necessários para os processos fisiológicos da planta.

No entanto, como lembra o especialista Paulo Garollo, essas bactérias só atingem o floema porque são levadas pela cigarrinha. Afinal, ao identificar a planta, a primeira ação desse inseto é perfurar sua superfície até encontrar seu floema. É a partir desse contato que as bactérias são transmitidas.

“E o que acontece? Elas (as bactérias) começam a criar suas colônias e começam a causar o entupimento do carregamento do açúcar. E aí o açúcar não consegue mais ir para o grão”, explica o especialista.

Como consequência, a planta passa a apresentar uma série de problemas, incluindo a redução no desenvolvimento das espigas, prejudicando a produtividade da safra.

Manejo e controle da cigarrinha do milho: por onde começar?

Para evitar o aparecimento ou reduzir os danos por essa praga, é importante utilizar técnicas de manejo e controle adequadas.

Para isso, vale a pena seguir as orientações abaixo e consultar este Guia da Embrapa, que também tem informações relevantes para te ajudar a lidar com esse problema.

Fuja do milho tigueira

De acordo com o especialista Paulo Garollo, para evitar as cigarrinhas, os cuidados devem começar antes mesmo da plantação.

Em primeiro lugar, é fundamental eliminar o cultivo do chamado milho tiguera, que é a variedade mais resistente do grão, sendo considerado uma das principais fontes de alimento da praga.

Invista em produtos químicos adequados

O controle químico das cigarrinhas do milho também é fundamental para evitar prejuízos na plantação. E esse controle é mais eficiente nas fases iniciais de desenvolvimento da planta.

Para isso, a recomendação é utilizar apenas sementes de milho tratadas durante o plantio. Esses tratamentos são capazes de impedir a disseminação da praga durante os primeiros estágios de vida da planta.

Dessa forma, fica mais fácil evitar a ocorrência de explosões populacionais dos insetos em estágios de desenvolvimento mais avançados da planta.

Mas é importante lembrar de utilizar apenas produtos confiáveis para tratar as sementes, que possuam eficácia comprovada e registro no Ministério da Agricultura.

Identifique a presença da praga

Mesmo com o tratamento das sementes, é fundamental monitorar a lavoura para identificar a presença da cigarrinha e realizar o seu manejo, dentro do possível.

Além de ficar atento às descrições do inseto, é importante realizar o monitoramento principalmente durante o período crítico do milho.

Esse período crítico é o estágio de desenvolvimento da planta na qual ela está mais suscetível à infecção e danos causados pela cigarrinha.

De acordo com o especialista Paulo Garollo, esse período crítico começa no V1 e se estende até o V8. Nesse intervalo de desenvolvimento, é mais fácil o inseto atuar como agente vetor de transmissão dos agentes que provocam o enfezamento.

Utilize o monitoramento como aliado

Para ficar atento ao aparecimento dessa praga e evitar futuros problemas, o produtor pode utilizar a chamada Patrulha.

Esse é um serviço desenvolvido especialmente para o monitoramento das principais pragas que atingem o milho, a soja e o algodão.

Pela Patrulha, os produtores recebem, semanalmente, a visita de uma equipe técnica especializada na fazenda.

Esses técnicos avaliam a plantação, coletando todos os dados com o auxílio de um sistema compatível com Climate FieldView™, que também pode ser acessado pelo agricultor.

Após a visita, o produtor recebe um relatório completo, com as principais fotos da lavoura, comentários sobre as plantas, percentual de infestação de pragas, caso elas sejam encontradas, entre outros dados.

Com essas informações, fica muito mais fácil tomar decisões adequadas com relação à sua plantação.

Controle a proliferação da praga

Vale ressaltar que o controle químico não é a única forma de lidar com a presença dessa praga. Afinal, o agricultor também pode utilizar o controle biológico e o controle por rotação de cultura.

O controle biológico pode ser realizado pela disseminação do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana na lavoura.

Além disso, esse mesmo controle também pode ser realizado de forma natural, do uso de parasitóides de ovos, ninfas e adultos ou por predadores.

Outra forma de controle importante é a rotação de cultura. Como a cigarrinha é um inseto migratório que, no Brasil, ocorre apenas no milho, ao intercalar o plantio de diferentes culturas, você interrompe o acesso dessa praga ao alimento, que precisa se deslocar em busca de outra lavoura.

Fuja das Fake News

Por fim, é importante lembrar que o acesso a informações confiáveis é fundamental para combater a disseminação da praga.

Afinal, a falta de acesso a orientações corretas abre as portas para criação de teorias e especulações fantasiosas, isto é, fake news, que não vão ajudar em nada no combate contra a proliferação da cigarrinha.

Além disso, é importante lembrar que, sozinho, o agricultor não conseguirá se proteger, porque sua plantação continua vulnerável às pragas presentes nas lavouras próximas.

Por isso, somente quando todos os produtores de milho estiverem conscientes dos perigos oferecidos por esse inseto e aprenderem como se livrar dessa praga, todos estarão protegidos.

E para ter acesso a informações relevantes sobre culturas, plantio, pragas e orientações de especialistas, acompanhe os conteúdos produzido pela Bayer.

Assim, será muito mais fácil lidar com a lavoura e fugir das fake news!