Brasil na COP-26, o aumento nos custos de produção e destaques do agro

O Impulso News começa destacando a novidades da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas. A COP-26, co-mo é tradicionalmente conhecida, é o evento mais importante, em nível global, para dis-cussão das ações que serão tomadas para reduzir as mudanças no clima e conta com a participação de líderes de diversos países. O evento, que teve início no dia 31 de outubro, segue até 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.

E em um momento tão importante como esse, também embarcamos para Glasgow para conversar com Fernando Sampaio, diretor executivo da Estra-tégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI) do Mato Grosso. Confira a entrevista:

Quais são as principais percepções do compromisso brasileiro para redução das mudanças climáticas na COP-26?

Fernando Sampaio: O Brasil não chega com uma reputação muito boa na COP-26 e principalmente por conta do aumento do desmatamento. Mas também sabe-mos que o Brasil pode ser uma grande solução, o que chamamos de Nature Based So-lution, soluções baseadas na agricultura sustentável , nessa agenda de conservação e restauração de florestas.

Em relação às metas estabelecidas pelo Brasil até 2030, qual é a avaliação da co-munidade internacional?

Fernando: Muita gente acha que o Brasil poderia ter uma ambição maior, e estamos fa-lando principalmente dessa questão do uso da terra. Então tem espaço sim para a am-bição, o mundo está pedindo isso hoje. Essa urgência climática está pedindo que todos os países acelerem compromissos, mas estamos aqui para dizer que tem muita coisa acontecendo em nosso país, até mesmo em nível de governos estaduais. O Mato Gros-so, por exemplo, anunciou uma meta ambiciosa de atingir a neutralidade climáti-ca até 2035, principalmente com base em agricultura sustentável, res-tauração de pastagem, florestas e conservação de biodiversidade. Então tem muita coisa que os estados estão se engajando para fazer acontecer.

De que forma os representantes do agro têm se posicionado? E você acredita que a imagem do nosso setor está sendo fortalecida?

Fernando: O agro tem um desafio muito grande pela frente. Toda essa pres-são em torno da questão climática afeta cadeias produtivas. Hoje há vários países euro-peus, e no setor privado também, criando regulamentações para evitar o desmatamento importado. Quem importa produtos e commodities vai ter que passar a rastrear e comprovar que esse produto foi produzido de forma sustentá-vel. Este é um desafio que o setor produtivo vai ter que entender como atender, mas o Brasil tem um grande trunfo na mão que é o código florestal, que faz dos produto-res brasileiros grandes conservacionistas, além da agricultura de baixo carbo-no. Então essa é a combinação que o Brasil tem que mostrar ao mundo, que po-demos atender essa demanda global por produtos sustentáveis.

Aumento nos custos preocupa produtores rurais

Um outro assunto que tem preocupado muitos produtores, desde a última safra, é o aumento nos custos de produção no campo. Segundo a Confede-ração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as culturas com maior variação no cus-to operacional efetivo na safra 2020/21, quando comparadas com à safra 2019/20, foram:

• O arroz em primeiro lugar, com custos 34,0% maiores no ciclo passado;
• Na segunda posição, o café conilon, que teve variação de 31,3%;
• E em terceiro, a soja com aumento de 16,4%.

O professor Marcos Fava Neves avalia a tendência para os próximos meses em relação aos custos de produção, como arrendamento, preço de terra e insumos. Em sua opini-ão, os preços devem começar a cair quando o Brasil iniciar o plantio da safra ve-rão do próximo ano. "Isso porque já vamos ter normalizado a questão dos fertilizan-tes e defensivos, o real estará um pouco mais valorizado, e essa ânsia de crescimento, com 5 milhões de hectares de grãos em dois anos, vai diminuir um pouco. Acho que a inflação de custos também diminui, mas demora até chegar lá", observa o DoutorAgro.

Também fomos para o campo acompanhar o andamento das lavouras pelo Brasil e mostrar como é feita a produção de mudas de batata em mini tubércu-los. Em Ponta Grossa, Paraná, os produtores Fábio, Letícia e Luiz, da família Schebeski, mostram o cultivo dessas mudas em estufas, um ambiente totalmente controlado para extrair a melhor genética possível da batata, sem que a planta sofra.

As principais notícias da semana para o agro

O plantio de soja alcança 51% da área total no Brasil. O progresso é bem su-perior aos 35% registrados no mesmo período de 2020. O estado de Mato Grosso lidera os avanços com 83% da semeadura já concluída (Fonte: Safras & Mercado).

Para impulsionar a agricultura sustentávelno Brasil, a Bayer e Grão Direto criaram projeto que vai identificar boas práticas ambientais no campo e conferir aos pro-dutores o "selo de práticas mais sustentáveis” (Fonte: Bayer e Grão Direto). E por falar em sustentabilidade, durante a COP-26, líderes de mais de 100 paí-ses se comprometem a reduzir o desmatamento global até 2030. Governos e iniciativas privadas irão investir cerca de 12 bilhões de dólares para proteção e recupe-ração de florestas (Fonte: COP-26, ONU).

Nas cotações, confira os indicadores da soja, do milho, do café arábica e do açúcar cristal.

E atenção produtores, vem aí “Agro Friday Impulso Bayer” entre os dias 22 e 26 de no-vembro. Será uma semana com muitas oportunidades e condições especiais para im-pulsionar a sua lavoura! Continue acompanhando o Impulso News para sa-ber sobre as novidades em breve.

Para a próxima semana, o DoutorAgro também destaca que precisamos acompanhar as repercussões da COP-26, o andamento da economia no Bra-sil, a importação chinesa de carne bovina, o plantio da safra verão no Brasil e o desempenho exportador do agro brasileiro.