Fungo no milho: danos e estratégias de controle dessa doença fúngica
Conheça as principais doenças causadas por fungos no milho, os danos que afetam a cultura e as melhores práticas para preveni-las e controlá-las!Na cultura do milho, já foram identificadas mais de 20 doenças, mas as doenças foliares causadas por fungos se destacam como as mais relevantes, devido à sua maior frequência e intensidade. Em casos severos, essas doenças podem provocar perdas superiores a 80% na produção.
Dagma Araújo, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, explica que o fungo no milho possui alta capacidade de colonizar as plantas, infectá-las e se dispersar com facilidade. "Eles evoluíram juntamente com as plantas e se tornaram os principais patógenos. No caso do milho, não é diferente", complementa a especialista.
Entre as diversas doenças foliares no milho, algumas se destacam por sua presença constante em praticamente todas as regiões do Brasil. Entre as mais comuns estão a mancha-branca, a mancha de turcicum, a ferrugem polissora, a ferrugem comum e a ferrugem branca ou tropical.
Sintomas das doenças fúngicas no milho
- Mancha-branca: caracteriza-se pelo surgimento de anasarcas nas folhas, áreas encharcadas nas folhas, formando manchas escuras que rapidamente evoluem para lesões esbranquiçadas. Essas lesões podem se expandir de forma acelerada, resultando em perdas significativas na produção.
"Alguns estudos indicam que, a cada 10% de severidade da doença, a planta perde até 40% de sua capacidade fotossintética. Assim, mesmo que a lesão ainda não seja visível, a planta pode já estar comprometida. Por isso, é fundamental realizar o diagnóstico precocemente", alerta a pesquisadora da Embrapa.
Mancha de turcicum ou HT: inicia-se geralmente na fase vegetativa, com lesões que se desenvolvem em direção às nervuras, necrosando os tecidos foliares. Quando o híbrido é suscetível e as condições climáticas favorecem o fungo, essas lesões podem se unir e cobrir grandes áreas das folhas. As perdas provocadas pela mancha de turcicum podem alcançar cerca de 40% da produção de milho;
Ferrugem polissora: apresenta manchas pulverulentas nas folhas, inicialmente alaranjadas, que escurecem à medida que o fungo se desenvolve;
Ferrugem branca ou tropical: caracteriza-se pelo surgimento de pústulas esbranquiçadas ou amareladas, cuja coloração diferenciada facilita a identificação e a distingue de outros tipos de ferrugem;
- Ferrugem comum: forma pústulas menores, que podem ocorrer tanto na parte superior quanto na inferior das folhas, com coloração mais amarronzada em comparação à ferrugem polissora.
"A ferrugem foi uma doença de grande relevância na cultura do milho alguns anos atrás, mas seu impacto tem diminuído. Por outro lado, as manchas se tornaram mais significativas. Isso leva muitos produtores a confundirem a doença que
afeta suas lavouras com a ferrugem, o que reforça a importância de um diagnóstico correto para o controle adequado das doenças do milho", alerta Ximena Vilela, Gerente de Marketing Fungicidas da Bayer.
Segundo a especialista, a ferrugem é mais comum em regiões de baixa altitude e temperaturas elevadas.
Outras doenças que afetam o milho
Segundo a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Dagma Araújo, uma doença antes considerada secundária, mas que ganhou relevância nos últimos anos, é a mancha-de-bipolaris. "Essa doença é mais difícil de identificar, pois pode ser confundida com outras. Por isso, é crucial que os produtores conheçam seus sintomas para implementar o controle no momento correto", destaca.
A mancha-de-bipolaris pode ser confundida com a cercosporiose, que provoca lesões retangulares alinhadas às nervuras das folhas, tornando-se acinzentadas com o tempo. Já as lesões causadas pelo fungo Bipolaris também acompanham as nervuras, mas não apresentam delimitação definida, podendo ultrapassar as nervuras secundárias da planta.
"Vale ressaltar que, no campo, é comum a presença de múltiplos patógenos em uma mesma planta. Por isso, muitas vezes, é desafiador para o produtor identificar e diferenciar as doenças fúngicas no milho", acrescenta a pesquisadora.
Fungo no milho: dinâmica de dispersão das doenças no campo
Willian Zancam, Gerente de Pragas, Doenças e Soluções Integradas da Bayer, afirma que a evolução dos sistemas de produção agrícola, a escolha de híbridos suscetíveis e o clima tropical do Brasil estão diretamente relacionados à dinâmica dos patógenos nas lavouras.
"Esses fatores são essenciais para o desenvolvimento de fungos, bactérias e pragas que atuam como agentes de transmissão de enfezamentos e algumas viroses. Com isso, observamos uma mudança na dinâmica das doenças, com algumas delas, antes restritas a determinados estádios vegetativos ou à fase reprodutiva, ocorrendo de forma antecipada", afirma o especialista.
Ximena Vilela, Gerente de Marketing de Fungicidas da Bayer, complementa, afirmando que o melhoramento genético do milho tem se concentrado na obtenção de híbridos com altos tetos produtivos, ou seja, plantas com alta capacidade de produção, mas, muitas vezes, com menor resistência a patógenos. "Nesse contexto, os fungicidas se tornam ferramentas essenciais para preservar o teto produtivo esperado desses híbridos", reforça
Ambos os profissionais ressaltam que a escolha do produto ideal e a definição do momento correto de aplicação dependem de um diagnóstico preciso, obtido por meio de um monitoramento rigoroso da lavoura.
Fungo no milho: estratégias de manejo e controle
Para proteger a lavoura de milho das doenças fúngicas, é fundamental adotar práticas integradas de manejo. O processo começa com a escolha da semente, considerando as principais doenças que afetam a região ou a propriedade. Em seguida, deve-se realizar o tratamento das sementes.
"O tratamento de sementes é crucial para evitar a infecção por fungos no milho já no início do ciclo da planta", alerta Dagma.
Outro ponto importante é realizar a semeadura dentro das janelas de plantio recomendadas, aplicar o tratamento químico adequado e garantir uma colheita bem conduzida, evitando perdas. Isso porque espigas ou grãos que caem no solo podem dar origem a plantas tigueras, mais suscetíveis a pragas e às 3 doenças causadas por fungos no milho.
No manejo químico, Willian Zancam destaca que a resposta dos híbridos ao uso de fungicidas pode variar, especialmente em regiões com clima favorável à ocorrência de doenças.
"É importante frisar que os fungicidas têm um efeito primário, ou seja, atuam de forma tóxica contra um grupo específico de fungos, mas também reduzem o estresse da planta causado por esses patógenos. Uma planta sem estresse tem maior capacidade de crescer e se desenvolver, o que é fundamental para aumentar a produtividade do milho", explica.
Bayer conduz projeto de manejo de fungicidas no milho
Na última safrinha, a Bayer, em parceria com a Proteplan, realizou o maior estudo sobre manejo de fungicidas em milho já conduzido no Brasil. O projeto ocorreu no estado de Mato Grosso, abrangendo 576 parcelas experimentais em áreas produtivas de milho segunda safra.
Foram avaliados três híbridos com diferentes níveis de sensibilidade às doenças — provenientes de famílias com baixa, média e alta suscetibilidade — para verificar a resposta ao uso de fungicidas em duas janelas de plantio distintas.
“A importância desse projeto não está apenas em oferecer ferramentas ao agricultor, mas também em compartilhar informações sobre o momento ideal de aplicação e como intercalar o uso dos produtos disponíveis para otimizar o manejo de doenças, incluindo as 3 doenças causadas por fungos no milho”, explica Ximena Vilela, gerente de marketing da Bayer.
Os resultados mostraram que, independentemente do perfil de sanidade do híbrido, o manejo com fungicidas Bayer elevou a produtividade em média 13%. Com duas aplicações de Fox® Xpro, o aumento variou de 15% a 17%.
O estudo também revelou que, em qualquer janela de plantio, há alto retorno produtivo ao adotar o manejo combinado de Nativo® com Fox® Xpro, aplicando Nativo® no estágio V6 e Fox® Xpro no estágio VT.
“Esse ganho é ainda maior com duas aplicações de Fox® Xpro, chegando a um incremento de 19 sacas na segunda janela, em condições de alta precipitação, e 18 sacas na primeira janela”, reforça a gerente da Bayer.
Além disso, os fungicidas utilizados demonstraram versatilidade, podendo ser aplicados não apenas no controle de fungos no milho, mas também em culturas como algodão, soja e trigo.
Perspectivas para a safra de milho
Sobre as perspectivas para a safra de milho 2024/2025,o professor Marcos Fava Neves projeta uma produção ligeiramente inferior à do ciclo anterior, passando de 1,23 bilhão para 1,22 bilhão de toneladas. Nesse cenário, os Estados Unidos devem colher 384 milhões de toneladas, ante 390 milhões na safra passada, enquanto o Brasil deve registrar crescimento, alcançando 127 milhões de toneladas, frente aos 122 milhões do período anterior.
Segundo o especialista, "isso indica que a oferta e a demanda de milho estarão ajustadas. O consumo, impulsionado pela demanda por etanol e ração para a produção de carnes, favorece as perspectivas de preços para o produtor", conclui o Doutor Agro.