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Psilídeo greening: combate e manejo dessa praga!

Confira como se livrar do psilídeo e combater o greening aumentando a produtividade na lavoura.
30 de maio de 2024 /// 10 minutos de leitura

A citricultura é impactada por diversas pragas, mas uma em especial exige a atenção dos produtores: o psilídeo dos citros (Diaphorina citri), inseto que se tornou o principal vetor do greening.

Em pouco tempo, essa doença reduz a produtividade e causa enormes prejuízos, sendo capaz de inviabilizar toda a produção do pomar. Na região de Paranavaí (PR), por exemplo, o Instituto de Desenvolvimento Rural estimou que as perdas pelo greening podem chegar a 12 milhões de dólares em pouco mais de dois anos.

Além disso, a incidência da doença aumentou 56% de 2022 para 2023 nas lavouras de laranja de São Paulo e do Triângulo Mineiro, de acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), evidenciando a dificuldade no controle do psilídeo na laranja.

É por isso que a relação psilídeo greening é hoje o maior desafio da citricultura mundial, tendo provocado o colapso da cultura em alguns países. No Brasil, embora a doença esteja sob controle, sua incidência tem aumentado nos últimos anos e, uma vez que a planta é infectada, não há cura, e a disseminação é rápida.

De acordo com Danilo Franco, engenheiro agrônomo responsável por desenvolvimento de pesquisa na Farmatac, o psilídeo por si só não representava uma grande ameaça, mas quando a bactéria do greening chegou ao país no início dos anos 2000, ela encontrou no inseto o seu vetor de transmissão ideal.

"Tivemos o primeiro relato de planta contaminada em 2004. A partir daí, com a presença de plantas doentes e do vetor, era natural que a doença se expandisse. Nosso trabalho é manejar a doença em vários aspectos para conter seu progresso, mas evitar por completo é impossível", explica.

Ele lembra que o greening chegou ao Brasil na mesma época que na Flórida (EUA), onde a produção de citros foi praticamente dizimada. A grande diferença, segundo o engenheiro agrônomo, foi a estratégia de manejo brasileira, muito mais rigorosa, que englobou a erradicação de plantas contaminadas e o controle intensivo dos psilídeos, muitas vezes com o uso de inseticida para psilídeo de forma coordenada.


Psilídeo greening: como acontece a transmissão da doença?


Segundo Thiago Liccioti, agrônomo de desenvolvimento de mercado na Bayer, o psilídeo dos citros transmite a bactéria do greening ao se alimentar. O inseto insere o estilete de seu mecanismo bucal na planta, atingindo o vaso condutor e contaminando o pé de laranja, ou adquirindo a bactéria de uma planta contaminada. “A relação psilídeo greening é o foco, pois não temos um produto curativo para a doença. Por isso, a única saída é controlar o inseto vetor”, acrescenta.

Leonardo Turco, gerente de Field Marketing Citros na Bayer, comenta que a transmissão é muito rápida e diretamente proporcional à população do inseto. Ele alerta que a população do inseto tem crescido muito: “vemos relatos de populações de 10 a 20 vezes maiores que a média histórica em algumas regiões. Isso cria um cenário de alto risco para a expansão do greening.”

A fêmea do psilídeo aproveita as brotações para depositar seus ovos. Quando a brotação ocorre de forma coordenada no pomar, o manejo com inseticida para psilídeo é mais eficiente. No entanto, em pomares com brotação desordenada (causada por mudas doentes ou com estresse climático), o controle do psilídeo se torna muito mais difícil.

“Em alguns municípios de São Paulo, já temos mais de 70% das plantas contaminadas. Além disso, o inseto se multiplica o ano todo, não há um período específico de trégua. Isso adiciona uma enorme complexidade ao combate do psilídeo dos citros”, diz Danilo Franco, engenheiro agrônomo da Farmatac.


Sintomas do greening


Quando uma planta de citros é infectada pela bactéria do greening, ela manifesta sintomas claros tanto nas folhas quanto nos frutos.

Nas folhas, o principal sintoma é o mosqueado ou amarelecimento assimétrico. Segundo o agrônomo da Bayer, essa assimetria é o que permite diferenciar a doença de uma deficiência nutricional.

Já os frutos apresentam desenvolvimento desigual (um lado cresce mais que o outro), amadurecimento irregular e sementes abortadas. Com a evolução dos sintomas, a produtividade da planta despenca. Mais grave ainda, essa planta doente se torna uma fonte de contaminação: quando um psilídeo sadio se alimenta dela, ele adquire a bactéria e passa a transmiti-la para plantas sadias, disseminando a doença pelo pomar.

O gerente de Field Marketing Citros da Bayer ressalta que as perdas podem chegar a quase 100%. “As plantas mais novas são mais suscetíveis por terem maior quantidade de brotos, que são o local preferido para a alimentação e a reprodução de psilídeos. Isso aumenta a chance de infecção do psilídeo em seus estágios iniciais.”


Monitorando o psilídeo


O manejo do greening é focado principalmente no controle de seu vetor, o psilídeo. O objetivo é reduzir a população do inseto para frear a disseminação da doença.

Portanto, o principal indicador de um manejo eficaz é a baixa presença do psilídeo na lavoura.

Para isso, o monitoramento do psilídeo é feito de duas formas principais: com armadilhas adesivas amarelas, que capturam os adultos, e com a inspeção visual realizada por um profissional, que busca por todas as fases do inseto (adultos, ovos e ninfas) nas brotações das plantas.


As melhores estratégias para manejo do greening


A fase vegetativa da planta de citros (V1 a V4) é a mais crítica para a contaminação, pois é quando a fêmea do psilídeo faz a postura dos ovos. “É na fase de ninfa que o inseto tem maior chance de adquirir e transmitir a bactéria, pois ela tem o dobro da capacidade infectiva do adulto. Por isso, o manejo do psilídeo deve ser feito com produtos que agem sobre as três fases do inseto: ovo, ninfa e adulto”, acrescenta Thiago.

A Bayer oferece uma solução completa para o controle do inseto nessas três fases. Sivanto® Prime é um inseticida sistêmico para psilídeo, que é uma ferramenta fundamental no manejo do greening. Para uma estratégia de rotação de ativos eficaz, ele pode ser associado a outros produtos de grupos químicos diferentes, como Bulldock®, Winner® e Provado®.

“Não existe uma bala de prata, um único produto capaz de resolver o problema do greening. O sucesso depende de uma série de medidas de controle adotadas no manejo químico”, afirma o engenheiro agrônomo da Bayer.

O volume de calda é outro pilar do manejo. Leonardo Turco explica que a recomendação é de 80 a 100 ml de calda por metro cúbico de copa. “Estamos trabalhando com o aumento do volume de calda para garantir a melhor cobertura e eficiência dos produtos. Precisamos utilizar todos os grupos químicos disponíveis para o maior controle possível dos psilídeos”, reforça o profissional.

Danilo destaca que o Brasil é um exemplo no manejo do greening, com estratégias que vão do plantio de mudas sadias à erradicação de plantas doentes. Mas ele lembra que o problema ultrapassa os pomares comerciais. “Existem outras plantas hospedeiras, plantas ornamentais, como a murta, e plantas em quintais. Por isso, a conscientização de todos é fundamental. Mesmo quem não é produtor, mas tem um pé de laranja no fundo de casa, precisa saber que sua planta pode abrigar o psilídeo e se tornar um foco da doença.”


Expectativas para a safra de citros


O professor Marcos Fava Neves, especialista em agronegócio, menciona a mudança estrutural na cadeia produtiva de citros causada pelo avanço do greening, doença transmitida pelo psilídeo.

Atualmente, a oferta global de suco de laranja enfrenta um grande desafio. A produção da Flórida (EUA) teve uma queda brutal, e a safra brasileira deve fechar em apenas 232 milhões de caixas, com estoques mundiais em níveis baixíssimos. Ambos os cenários são consequência direta do avanço do psilídeo.

Como resultado, o preço da tonelada de suco no mercado internacional atingiu patamares recordes, superando os 5 mil dólares recentemente.

“O Brasil é praticamente o único produtor de citros, mas temos o problema com o greening. Precisamos de uma política de estado para o controle do psilídeo dos citros, pois somos o país mais apto a atender a demanda global e gerar mais de 2 bilhões de dólares anuais com a exportação”, conclui Marcos Fava Neves.

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