Perspectivas do mercado agro e clima para 2025
Especialistas em agronegócio analisam os desafios previstos para a safra 24/25 e destacam como o produtor pode se preparar para alcançar os melhores resultados no campo.O setor agropecuário brasileiro é uma indústria a céu aberto, constantemente exposta à influência de fatores externos, como pragas, doenças, plantas daninhas e, principalmente, às variações climáticas e de mercado. Estes dois últimos, por serem incontroláveis, exigem atenção redobrada dos produtores que desejam manter a competitividade no mercado agro no Brasil.
Marcos Fava Neves, especialista em agronegócio e professor da USP e da Harven Agribusiness School, e Marco Antonio do Santos, agrometeorologista da Rural Clima, analisam as perspectivas para a safra 2024/2025, destacando os principais desafios do mercado do agro e orientando sobre estratégias de inteligência de mercado no agro que ajudam a mitigar riscos e garantir melhores resultados.
Cenário do mercado agro no pós-safra 23/24: um ano de desafios
Olhando em retrospectiva, a safra 2023/2024 foi marcada por inúmeros desafios, especialmente devido às condições climáticas desfavoráveis. O fenômeno El Niño trouxe temperaturas elevadas e chuvas irregulares em várias regiões do país, impactando negativamente culturas importantes como soja, milho, café e laranja.
Segundo Marcos Fava, especialista em agronegócio, as perdas chegaram a 20 a 25 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/2024, reflexo direto das adversidades climáticas. Além disso, Marco Antonio, agrometeorologista da Rural Clima, reforça que os anos de El Niño historicamente resultam em quebras de safra, sendo as altas temperaturas o principal fator de queda na produção.
Para o mercado agro no Brasil, a expectativa para a safra 2024/2025 é mais otimista. Projeta-se um aumento de 1,5 milhão de hectares e uma produção de grãos 25 milhões de toneladas maior, favorecida por condições climáticas mais estáveis.
O impacto do clima na produção do mercado agro
Em 2024, o fenômeno La Niña provocou atraso no início das chuvas. No entanto, a regularização do regime hídrico na segunda quinzena de outubro permitiu um avanço significativo no plantio de soja, compensando parcialmente o atraso inicial. De forma geral, o clima tem se mostrado mais regular e propício à produção em 2025.
Ainda assim, eventos climáticos extremos podem comprometer o desempenho das lavouras e impactar o mercado agro no Brasil. “O excesso de chuvas durante a colheita, por exemplo, pode dificultar a logística de transporte e secagem dos grãos”, alerta o agrometeorologista, Marco Antônio.
Diante desse cenário, produtores e agentes do mercado do agro devem estar preparados para imprevistos e investir em processos logísticos eficientes, utilizando ferramentas de inteligência de mercado no agro para planejar melhor suas operações e reduzir riscos.
Perspectivas de mercado agro: desafios e oportunidades
O mercado agro no Brasil atravessa um momento de contrastes. De um lado, a soja tem apresentado um comportamento de preços mais baixos; de outro, o milho mostra sinais de recuperação.
“A produção de soja no Brasil deve alcançar cerca de 170 milhões de toneladas, um aumento de quase 20 milhões de toneladas em relação às projeções iniciais. Já no caso do milho, os produtores que não venderam antecipadamente podem se beneficiar, pois os preços vêm se recuperando diante do déficit de produção mundial”, comenta Marcos Fava.
No mercado do agro, o ponto de maior atenção está no plantio da segunda safra de milho, que depende diretamente das condições climáticas. O excesso de chuvas em algumas regiões tem dificultado a colheita de soja, o que pode atrasar o plantio do milho e impactar os resultados.
Como os produtores podem se proteger dos riscos
Segundo especialistas, para mitigar os riscos climáticos e de mercado, os produtores devem adotar medidas estratégicas que reforcem a competitividade no mercado do agro:
1. Logística de colheita
O excesso de chuvas pode dificultar o transporte e a secagem dos grãos. Preparar-se para essas variações e otimizar a operação, aproveitando os períodos de estiagem, é essencial para evitar perdas.
2. Tecnologia e manejo
O uso de tecnologias e boas práticas de manejo é essencial para maximizar a produtividade e reduzir riscos. Marcos Fava destaca a importância de extrair o máximo de cada hectare com segurança, por meio de soluções que possibilitem uma gestão mais precisa por metro quadrado.
3. Cautela financeira
Em momentos de incerteza no mercado agro no Brasil, manter a saúde financeira da propriedade é fundamental.
4. Monitoramento climático
Embora o clima seja imprevisível, o acompanhamento constante permite antecipar as possíveis adversidades. “Acompanhe as previsões e conte com profissionais capacitados para tomar decisões informadas”, recomenda Marco Antonio.
O potencial do mercado agro de biocombustíveis
O avanço do setor de biocombustíveis representa uma excelente notícia para os produtores de grãos e para o mercado do agro. O Brasil começou a mistura de 30% de etanol na gasolina, e o programa de biodiesel, atualmente com 14% de adição, prevê aumento gradual até 2030, quando deve alcançar 20% da mistura. Essa evolução abre novas perspectivas de demanda para o milho e a soja, ampliando oportunidades no mercado agro no Brasil.
“O marco legal do biodiesel completou 20 anos. Nesse período, o país produziu 77 bilhões de litros, evitou a emissão de 240 milhões de toneladas de gás carbônico e reduziu gastos de quase 40 bilhões de dólares com importação de diesel”, destaca Fava.
O especialista explica ainda que, até 2030, o Brasil poderá utilizar entre 20 milhões de toneladas de milho e 20 a 25 milhões de toneladas de soja para a produção de etanol e biodiesel.
Esse cenário demonstra um grande potencial de expansão do mercado agro, reforçado pelo fato de o Brasil ser o único país capaz de expandir em 20 milhões de hectares sua produção de grãos nos próximos 10 anos, sem necessidade de aumentar a área cultivada, graças ao uso de tecnologia agrícola e à inteligência de mercado no agro.
Preparação para a safra 25/26
Pensando a longo prazo, os produtores que desejam se destacar na safra 25/26 precisam concentrar esforços em pontos estratégicos. De acordo com Marco Antônio e Marcos Fava, os principais fatores envolvem:
- Cuidado com o solo, garantindo sua saúde e fertilidade para suportar altas produtividades;
- Gestão de insumos, com planejamento e compras antecipadas para reduzir riscos financeiros;
- Investimento em sementes de qualidade e tecnologias avançadas, visando otimizar a produtividade;
- Controle do endividamento, assegurando uma operação sustentável e resiliente a longo prazo;
- Acompanhamento das previsões climáticas, para orientar decisões assertivas no campo.