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Como identificar perdas na colheita da soja?

28 de fevereiro de 2023

coheita da soja

Evitar perdas na Colheita é uma das principais metas no momento da operação. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), há registros de lavouras de soja que apresentam perdas médias de duas ou mais sacas por hectare. Para maximizar a produtividade da lavoura e evitar perdas, é necessário ajustar o maquinário, desfolhar a cultura no momento correto, identificar se as vagens de Soja estão prontas para a colheita, e realizar a operação na velocidade correta.

Antes mesmos de levar o maquinário para o campo, é importante realizar algumas das práticas para garantir uma colheita eficiente. Além disso, é possível realizar testes preliminares no dia da colheita para avaliar a performance do maquinário. Continue esta leitura e saiba como identificar e evitar perdas na colheita da soja.

Identificando perdas na colheita da soja

Antes de mais nada, é necessário explicar que o monitoramento de perdas na colheita pode ser feito por alguns sensores dentro da máquina, mas ainda não há uma tecnologia que seja capaz de contabilizar todas as perdas na colheita em tempo real.

Como fazer então para identificar as perdas? A resposta é mais simples do que parece: o teste do copo medidor volumétrico.

Ao utilizar o “Copo Medidor” durante os ajustes do maquinário momentos antes de iniciar a colheita em área total, é possível determinar a quantidade de grãos perdidos durante a colheita da soja.

Dessa maneira, com a informação do copo medidor, todo o equipamento pode receber ajustes refinados para reduzir as perdas.

O objetivo é minimizar a quantidade de grãos perdidos durante a colheita, porém, ressalta-se que a regulagem pode ser feita com base no padrão de tolerância de perdas, que é de até uma saca por hectare – mais especificamente 60 kg ha-1.

O copo medidor de perdas na colheita da soja

Existem diferentes copos para medir perdas de colheita na soja. Cada copo acompanha uma recomendação de uso, e ambos podem apresentar pequenas diferenças entre si.

Neste artigo vamos compartilhar informações sobre o Copo Medidor Volumétrico Da Embrapa.

Copo medidor volumétrico utilizado para calcular perdas na colheita. Crédito: Embrapa.

O copo medidor volumétrico é um recipiente de formato cilíndrico transparente, que não altera o volume, e permite a visualização do nível dos grãos em seu interior.

Para quantificar a amostra de grãos perdidos pela colheitadeira, há uma régua volumétrica impressa na face externa do copo. Essa régua é graduada para registrar a perda de até 11 sacos de 60 kg ha-¹.

Como utilizar o copo medidor volumétrico?

A Embrapa desenvolveu o copo medidor volumétrico e o método para identificar as perdas de produtividade por meio da correlação entre o peso e o volume dos grãos.

A utilização do copo medidor volumétrico é muito simples e fácil. O passo a passo para seu manuseio é descrito a seguir:

1º: instale armações no solo
A área da armação deve ser de 2 m². A estrutura, bastante simples, pode ser montada com ripa de madeira e barbante. A medida padrão para a armação é 4 m de largura (eixo Y) por 0,50 m de comprimento (eixo X), mas o esquema pode ser adaptado de acordo com a largura da plataforma de corte da colhedora.

As ripas devem ser posicionadas nas extremidades da armação. São necessários dois pedaços de barbante, que devem ser amarrados um em cada extremidade das ripas. A armação deve ficar com formato retangular no solo.

A mesma armação pode ser utilizada várias vezes na mesma área.

Exemplo de esquema para a armação. Fonte: Adaptado de Mesquita et Al. (1998) / (Embrapa).

2º: realize as amostragens
As amostragens devem ser realizadas em cinco pontos da lavoura.

Para realizar a amostragem, basta instalar a armação de forma transversal – alcançando todas as linhas da lavoura por onde a máquina acabou de passar.

Esquema visual dos cinco pontos de coleta de grãos do solo. Fonte: Adaptado de Mesquita et al. (1998) / (Embrapa).

Na sequência, todos os grãos e vagens encontrados no interior da armação devem ser coletados manualmente por um técnico.

Os grãos podem ser inseridos diretamente no copo, e as vagens devem ser debulhadas para a retirada dos grãos, que também devem ir para o recipiente.

Para avaliar especificamente as perdas que ocorrem na plataforma de corte (PPC), o mesmo processo deve ser realizado, mas com a armação a no máximo 4 ou 5 metros de distância do equipamento.

3º: identificando as perdas
Depois de inserir os grãos no copo medidor, é possível identificar visualmente qual é a quantia de perdas identificada naquela armação, ou valor de perda total (PTT) de sacos ha-1.

Segundo a Embrapa, a determinação das perdas nos mecanismos internos (PMI) da colhedora (trilha, separação e limpeza) é definida pela diferença entre o valor de perda total e o de plataforma de corte (PPC), ou seja, PMI = PTT - PPC.

Para anotar e anotar:

  • PTT = Valor de perda total é a coleta dos grãos em todo o comprimento da (boca) plataforma de corte da máquina.
  • PPC = Valor de perda da plataforma de corte.
  • PMI = Valor de perda por parte dos mecanismos internos (trilha, separação e pré-limpeza);

Identificação dos pontos do maquinário. Fonte: Ag.In.

Veja este exemplo do Anderson Pereira, engenheiro agrônomo especialista da Ag.In:

Fizemos a coleta de grãos em cinco pontos do talhão e colocamos no copo medidor. Consideramos a área total de colheita pela plataforma (PTT), e identificamos a perda de 1,2 sc = 72 kgha-1.

Na sequência, averiguamos a perda de grãos especificamente na plataforma de corte (PPC). Essa contagem deve acontecer do início da plataforma de corte até o início da trilha da máquina. Nesta análise, identificamos a perda de 0,8 sc = 48 kg ha-1.

A partir destas informações, calculamos:

1,2 sc (PTT) – 0,8 sc (PPC) = 24 kg ha-1 (PMI).

Com este resultado, identificamos onde estava ocorrendo mais perdas, e ajustamos a colheitadeira novamente para reduzir perdas durante a colheita.

Como evitar perdas na colheita?

Para Evitar Perdas Na Colheita, é necessário realizar um conjunto de ações antes e no dia da operação. Veja quais são elas e quando eles devem acontecer.

Antes da colheita
Aqui as práticas vão preparar a lavoura para que a colheita.

  • Limpeza de colheitadeira
    Uma boa limpeza da colheitadeira vai evitar a disseminação de sementes de plantas daninhas na lavoura. Além disso, com a máquina operando limpa, os grãos colhidos correm muito menos riscos de se contaminar com doenças ou matéria orgânica indesejável.

  • Dessecação pré-colheita
    A Dessecação Pré-Colheita Da Soja é realizada com a aplicação de herbicida de contato quando a cultura atinge o ponto de maturação fisiológica, entre as fases de R7 e R8. Essa aplicação mata a planta e seca suas folhas, uniformizando a maturação, e otimizando o processo de colheita. Esta prática é indispensável quando há previsões de chuvas, oscilações de umidade e altas temperaturas nas datas programadas para a colheita.

No dia da colheita
As ações no dia da colheita são voltadas para o ajuste do maquinário, e para a definição da velocidade de operação correta.

Vala ressaltar que, a escolha do dia da operação deve considerar o clima e as condições da lavoura.

Não é indicado iniciar a colheita enquanto as plantas apresentarem muitas vagens e galhos verdes, pois nesse estágio, é provável que a colheita resulte na quebra de muitas plantas e na coleta de poucos grãos maduros.

A colheita e a própria colheitadeira, podem ser prejudicadas se a operação for realizada em um dia chuvoso, ou em áreas com muitas plantas daninhas.

Para evitar perdas de grãos de soja durante a colheita, as regulagens devem ser focadas em:

  • Peças
    Trocar as navalhas quebradas, alinhar os dedos das contra navalhas substituindo os quebrados, e ajustar as folgas da barra de corte. A folga entre uma navalha e a guia da barra de corte é de aproximadamente 0,5 mm. A folga entre as placas de desgaste e a régua da barra de corte é de 0,6 mm.
  • Altura da barra de corte
    Ajustar a barra de corte o mais próximo possível do solo. Combinadas com plataformas flexíveis controlam automaticamente a altura de corte.

  • Velocidade de trabalho
    A velocidade de trabalho ideal para colhedoras com barra de corte que operam com 1000 golpes por minuto fica entre 4 e 5 kmh-1. Para colhedoras com barra de corte, a velocidade de trabalho deve ser de, no máximo, 6 km h-1.

  • Rotação do molinete
    A rotação ideal é obtida quando o molinete toca suavemente e inclina a planta ligeiramente sobre a plataforma antes de ela ser cortada pela barra de corte.

  • Posição correta do molinete
    A projeção do eixo do molinete deve ficar de 15 a 30 cm à frente da barra de corte. A altura do molinete deve permitir que os travessões com os pentes toquem na metade superior da planta, preferencialmente no terço superior, quando a uniformidade da lavoura permitir. A meta é evitar o tombamento das plantas para frente da combinada no momento do corte.

Ficou com alguma dúvida sobre como calcular e evitar as perdas durante a colheita da soja? Acesse um representante Bayer em sua região, ou consulte um engenheiro agrônomo de confiança.

Autor: Agricultura Inteligente (Ag.In)