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Dessecação antecipada da soja: o que é, como fazer e os principais desafios

A dessecação antecipada da soja consiste na aplicação de herbicidas dessecantes na lavoura, prática importante para o manejo de plantas daninhas.
19 de dezembro de 2024 /// 10 minutos de leitura
Soja

A dessecação antecipada da soja é uma das principais estratégias indicadas para o controle de plantas daninhas. Essa prática visa reduzir as perdas causadas pela competição entre a cultura e as espécies invasoras por recursos essenciais, como nutrientes, água e luz solar.

Porém, o sucesso dessa estratégia depende de sua execução correta. Neste artigo, explicaremos o que é e como utilizar essa prática de manejo para melhorar a produção de soja.

O que é a dessecação antecipada da soja?

A dessecação antecipada da soja é uma estratégia de manejo agrícola que envolve a aplicação de herbicidas dessecantes na lavoura. Ela visa eliminar restos culturais de safras anteriores, bem como resíduos de cultivos de cobertura ou áreas de pousio.

Esse processo permite a formação de uma camada de palha que protege o solo, melhorando a retenção de umidade e reduzindo os riscos de erosão. Em outras palavras, ele facilita o preparo do solo para o plantio direto da próxima safra.

Além disso, essa estratégia contribui para diminuir a presença de plantas daninhas e a pressão de pragas nos estágios iniciais. Isso evita a matocompetição e promove um desenvolvimento mais saudável das plantas.

Por isso, ela é recomendada em sistemas agrícolas que integram a soja com outras culturas como milho safrinha, algodão ou cereais de inverno.

Como a dessecação antecipada da soja pode afetar a produção?

A dessecação permite que a colheita da soja ocorra mais cedo, geralmente com pelo menos cinco dias de antecedência. Essa prática é vantajosa principalmente se você investe em sistemas de rotação de culturas, como o sistema soja-milho.

Isso porque o plantio do milho precisa ocorrer em uma janela ideal para garantir o máximo de produtividade. Além disso, a prática garante uma maturação mais uniforme dos grãos, melhorando a qualidade da produção.

E grãos mais uniformes e de melhor qualidade tendem a ser mais valorizados no mercado, o que pode resultar em melhores preços de venda e maior retorno financeiro.

Quais são as vantagens e desvantagens da dessecação antecipada da soja?

Assim como outras técnicas de manejo, essa opção também tem vantagens e desvantagens que devem ser avaliadas com cuidado antes da sua execução. Confira a seguir os prós e contras dessa prática:

Vantagens

Em entrevista ao programa Impulso Negócios, Dionísio Luiz Pisa Gazziero, pesquisador da Embrapa, destacou que uma das principais vantagens dessa técnica é manter a área livre de plantas daninhas por mais tempo.

“A garantia de que você vai chegar no momento do plantio com área limpa e poderá se manter com essa área limpa por muito mais tempo, sem ter problemas de espécies de difícil controle. Um outro benefício é que as plantas daninhas não vão se multiplicar. Portanto, seu banco de sementes não vai aumentar”, explica o pesquisador.

Além dessa vantagem, a dessecação oferece outros benefícios:

  • Controle eficiente de plantas daninhas: a técnica permite a eliminação de invasoras, favorecendo o controle de pragas, que encontram menos alimentos na área da lavoura;

  • Melhoria da germinação e emergência: sem as invasoras, a cultura consegue acessar os recursos necessários para seu crescimento saudável. O resultado é um estande mais uniforme e produtivo;

  • Economia de tempo e recursos: quando aplicada corretamente, reduz o número de aplicações ao longo da safra. Além da economia de tempo, isso reduz os gastos com produtos e operações, contribuindo para uma gestão mais eficiente dos insumos agrícolas;

  • Manejo de resistência de daninhas: controla essas plantas em seu estágio mais vulnerável. Isso evita o uso excessivo de herbicidas, que pode levar à resistência das ervas invasoras.

Desvantagens

As desvantagens ocorrem, principalmente, quando a prática não é realizada corretamente. Se o processo for realizado antes da oleaginosa atingir a maturação fisiológica, você poderá registar perdas na produtividade, com reduções potenciais de até 12 sacos por hectare.

Outra desvantagem é que a eficácia está diretamente ligada às condições climáticas. Ventos fortes ou chuvas iminentes, por exemplo, podem comprometer a aplicação uniforme dos herbicidas e a eficácia do controle.

Como ocorre a dessecação antecipada da soja?

Para fazer a dessecação, você precisa investir em um bom planejamento e no monitoramento constante da lavoura. Confira a seguir as principais etapas para utilizar essa estratégia na sua plantação:

Análise da área e identificação das plantas daninhas

O primeiro passo é avaliar a área de cultivo para identificar as espécies de daninhas presentes, sua densidade e o estágio de desenvolvimento em que se encontram. Essa análise influencia na escolha do herbicida ideal, sua dosagem e o momento adequado para aplicação.

Escolha do herbicida

A seleção do produto dessecante deve ser feita com cuidado. A recomendação é utilizar herbicidas de alta tecnologia, que ofereçam eficácia e segurança na aplicação. Esses produtos contribuem para um plantio limpo, reduzindo a matocompetição e protegendo a produtividade da lavoura.

Além disso, priorize aqueles com efeito residual, que criam uma camada protetora no solo e dificultam a germinação e emergência de plantas daninhas nas primeiras semanas.

Definição do momento adequado para a dessecação

O herbicida deve ser aplicado quando a soja atinge sua maturação fisiológica, geralmente no estágio R7 de desenvolvimento. Nessa fase, os grãos já atingiram seu peso máximo e estão fisiologicamente desligados da planta.

Além disso, as vagens apresentam coloração amarelada e mais de 75% das folhas da planta estão secas. Vale lembrar que fazer a dessecação antes desse estágio pode comprometer a produtividade e causar perdas significativas durante a colheita.

Preparo para a aplicação

Antes da aplicação, você também deve ajustar os equipamentos de pulverização para garantir uma cobertura uniforme.

O uso de pulverizadores bem regulados, com bicos em estado adequado de conservação, melhoram o controle, reduzem os custos e ainda aumentam a segurança para o aplicador.

Quais são as melhores técnicas para a dessecação antecipada da soja?

A dessecação antecipada é uma prática que exige atenção a detalhes técnicos e estratégicos para ser realizada com sucesso. Confira a seguir as melhores técnicas para aplicar essa prática na plantação:

Monitoramento da lavoura

Para evitar os problemas associados a aplicação incorreta dessa técnica, você precisa fazer um bom monitoramento da lavoura. Isso pode envolver a realização de inspeções regulares para avaliar a maturidade da soja e a densidade de plantas daninhas.

Outra estratégia importante é investir em tecnologias da agricultura de precisão, como sensores e drones, que permitem o monitoramento remoto e em tempo real de toda a área.

Manejo integrado de plantas daninhas

O manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) combina diferentes técnicas de controle para reduzir a pressão de infestação e melhorar a sustentabilidade da produção.

A dessecação é apenas uma das formas associadas a essa abordagem. Por isso, deve ser integrada a outras estratégias, como rotação de culturas e uso de plantas de cobertura, para garantir um controle mais efetivo dessas plantas invasoras.

Rotação de herbicidas

A rotação com diferentes princípios ativos e modos de ação é importante para evitar o surgimento de resistentes. Por isso, você deve combinar diferentes produtos, como herbicidas de contato e sistêmicos, em uma mesma pulverização para aumentar a eficiência.

Uso de herbicidas pré-emergentes

A maioria das daninhas produz sementes que se dispersam facilmente pelo solo da lavoura, criando o chamado “banco de sementes”. Isso significa que, mesmo após o controle, elas podem germinar novamente.

Por isso, a recomendação é utilizar herbicidas pré-emergentes na dessecação. Eles são excelentes para controlar o banco de sementes porque garantem um efeito residual no solo, com potencial de controle mesmo após sua emergência.

A recomendação é investir em produtos avançados e em soluções específicas para soja. O ideal é combinar o uso do XTENDICAM® e do XTEND® Protect 2, ambos recomendados para a Plataforma INTACTA2 XTEND®.

Esse combo é muito eficaz, principalmente daquelas resistentes ao glifosato, como buva, caruru, picão preto, losna e corda de viola. O XTENDICAM® controla essas plantas, enquanto o XTEND® Protect 2 reduz a deriva e a volatilidade da aplicação.

A combinação dessas técnicas forma a base para uma dessecação antecipada eficaz. Por isso, seguindo essas práticas, você garante uma safra mais produtiva e sustentável. Quer aprender mais sobre o manejo da soja? Acompanhe a Agro Bayer!

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