Herbicidas Pré-Emergentes para soja: estratégias de uso e os benefícios na lavoura

O número de casos registrados de resistência de plantas daninhas aumentou muito nos últimos anos. Segundo pesquisadores da Embrapa, já foram relatados mais de 50 casos no país, inclusive na cultura da soja.

O resultado disso é o aumento das perdas na lavoura devido à matocompetição com as ervas daninhas. Esse cenário exigiu o retorno de uma antiga técnica de manejo contra esses problemas: a aplicação de herbicidas pré-emergentes para soja.

A prática é uma das estratégias utilizadas no Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) e tem se mostrado eficaz no controle desse problema.

Neste artigo, explicaremos o que são esses herbicidas, como eles funcionam e como utilizá-los para evitar perdas causadas.

O que são herbicidas pré-emergentes?

Os herbicidas pré-emergentes são produtos químicos utilizados para o controle de plantas daninhas antes que elas comecem a emergir na área de plantio.

O pesquisador e especialista Pedro J. Christoffoleti, ex-docente da ESALQ/USP, lembra que o uso desses defensivos era comum antes da chegada das biotecnologias na década de 2000.

Isso porque os herbicidas pós-plantio da época causavam sérios danos de seletividade à cultura. Além disso, o plantio direto ainda não era difundido de forma tão ampla como é hoje.

“Após o surgimento da soja RR (Roundup Ready), tolerante ao glifosato, os produtos pós-plantio para soja se tornaram a principal ferramenta de controle das plantas daninhas, com um custo baixo e um bom controle, fazendo com que os herbicidas usados na pré-emergência caíssem em desuso”, afirma o especialista.

No entanto, nos últimos anos, novas medidas tiveram que ser adotadas para manter as biotecnologias atuais funcionando de forma eficiente. Segundo Christoffoleti, por conta desse contexto, os herbicidas usados na pré-emergência da soja voltaram a ter um papel importante.

“A importância de um bom herbicida pré-emergente é garantir o controle das plantas daninhas de maneira eficaz, evitando assim a matocompetição, garantindo a semeadura no limpo”, comenta o especialista.

Como funcionam os herbicidas pré-emergentes?

Esse tipo de defensivo atua diretamente no solo. Ele aproveita a umidade disponível para se dissolver e formar uma barreira química que impede o desenvolvimento de plantas daninhas.

A barreira age quando as sementes indesejadas começam a germinar. Para isso, o princípio ativo do produto é absorvido pelas estruturas jovens do vegetal, como radículas e cálculos, fundamentais no início do crescimento.

Uma vez absorvido, o herbicida interrompe processos biológicos essenciais, impedindo que elas completem seu ciclo de vida. Isso garante que não haja competição por recursos como água, luz e nutrientes com a cultura principal.

Quais são os tipos de herbicidas pré-emergentes para soja?

Os herbicidas pré-emergentes para soja podem ser classificados conforme o seu mecanismo de ação. Conheça a seguir as principais categorias desses produtos:

• Inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS): atuam bloqueando a produção da enzima ALS, importante para a síntese de aminoácidos;

• Inibidores do Protoporfirinogênio Oxidase (PROTOX/PPO): interferem na síntese de clorofila;

• Inibidores da síntese de caroteno (CAR): bloqueiam a formação de carotenoides, compostos fundamentais para a fotoproteção;

• Inibidores do crescimento inicial: eliminam ou interferem no crescimento das plantas.

Quais são os benefícios do uso de herbicidas pré-emergentes na cultura da soja?

O uso desses produtos oferece vários benefícios, desde que eles sejam aplicados corretamente. Uma das suas vantagens é prevenir a emergência de plantas daninhas na fase inicial da cultura, momento crítico para o desenvolvimento da soja.

Esses defensivos também auxiliam no manejo de daninhas resistentes ou tolerantes a herbicidas pós-emergentes, como o glifosato. Assim, eles ajudam a manter a produtividade da lavoura, reduzindo a pressão de seleção sobre as ervas daninhas.

A utilização desses produtos ainda permite a rotação de defensivos com diferentes mecanismos de ação na plantação, reduzindo o risco de seleção de plantas resistentes.

Além disso, graças ao efeito residual prolongado, eles mantêm a lavoura livre de daninhas por mais tempo após a aplicação. Isso reduz a necessidade de intervenções adicionais durante as primeiras semanas críticas do ciclo da soja.

O que considerar para usar os herbicidas pré-emergentes?

Antes de aplicar qualquer defensivo, você deve avaliar vários fatores que influenciam a eficácia e a segurança do produto. Conheça esses fatores a seguir:

Tecnologia de aplicação

A tecnologia de aplicação se refere ao maquinário utilizado para aplicar o defensivo na lavoura, ou seja, os pulverizadores.

Você precisa cuidar da manutenção dessa máquina e fazer sua calibração adequada antes da operação. Isso garante que a dose recomendada do produto realmente chegue às plantas.

Tipo de solo

A textura do solo também influencia na retenção e na eficácia desses produtos. Os argilosos e ricos em matéria orgânica, por exemplo, retêm mais os defensivos. Por isso, ele não é devidamente absorvido.

Nesse caso, a recomendação é aplicar doses maiores. Por isso, é importante consultar as recomendações específicas para o tipo na sua propriedade.

Presença de palhada ou cobertura verde

Qualquer barreira entre o solo e a ponta de pulverização pode impedir que o defensivo atinja a área de plantio. Assim, a presença de palhada ou cobertura verde, como gramíneas, pode reduzir a eficácia do tratamento.

pH do solo

O pH do solo pode afetar a mobilidade e a eficácia dos defensivos considerados ácidos ou bases fracas, como os inibidores da ALS. Por exemplo, a aplicação de imazethapyr após uma calagem pesada pode causar o aumento da lixiviação do produto e reduzir sua eficiência.

Como aplicar corretamente herbicidas pré-emergentes?

A aplicação adequada garante o controle e pode ser simples, desde que feita corretamente. Veja como!

Avalie as características do herbicida

Antes de escolher qual opção aplicar na área de plantio, você deve analisar algumas características de cada defensivo.

Uma delas é a sua solubilidade em água. Opções com maior solubilidade exigem menos umidade para estarem disponíveis no solo. Já aqueles com baixa solubilidade precisam de mais água, sendo indicados para períodos de chuvas.

Outra característica importante é o Coeficiente de Adsorção (Koc). Ele indica a tendência do herbicida em se ligar aos coloides, como argila e matéria orgânica. Um Koc alto significa que o defensivo ficará mais preso ao solo, reduzindo sua disponibilidade.

Por fim, é importante avaliar o tempo de meia vida. O ideal é escolher defensivos com duração suficiente para cobrir o período crítico de prevenção à interferência (PCPI) sem deixar resíduos prejudiciais (carryover) para a cultura sucessora.

Faça a aplicação no momento certo

Os herbicidas pré-emergentes devem ser aplicados logo após a semeadura da cultura ou até mesmo após sua emergência. O importante é que essa aplicação ocorra antes da emergência das plantas daninhas.

No entanto, o produto não deve ser utilizado durante o processo de dessecação pré-plantio. Isso porque os restos vegetais podem absorver o defensivo, reduzindo sua eficácia.

Escolha as pontas adequadas para o pulverizador

Você pode usar pontas de jato plano para aplicação, já que elas melhoram a distribuição. Além disso, o ideal é utilizar pontas que geram gotas mais grossas. Caso a deriva seja um problema, basta ajustar para gotas menores.

Monitore as condições ambientais

O ideal é aplicar o produto quando a temperatura do ar estiver abaixo de 30 °C e a umidade relativa acima de 50%. Além disso, a velocidade do vento deve estar entre 3 e 10 km/h para evitar a deriva.

Caso o monitoramento indique condições desfavoráveis durante o dia, como altas temperaturas ou baixa umidade, você pode realizar aplicações noturnas.

Quais são as melhores práticas para aumentar a eficácia desse produto?

Para aumentar a eficácia da aplicação, você precisa adotar alguns cuidados extras antes da operação.

Um deles é investir no treinamento dos operadores para garantir o uso correto das tecnologias. Para isso, você pode participar de iniciativas como o programa I2X Acerte - Boas Práticas de Aplicação.

Outra medida importante é aplicar um herbicida de alta tecnologia, como o Xtendicam, um dos integrantes da plataforma INTACTA2 XTEND®.

Ele pode ser aplicado com o glifosato no controle de diversas espécies de plantas daninhas e diminuir a emergência de algumas espécies de invasoras em até 14 dias após a aplicação.

Combinando esses cuidados com as dicas de aplicação, você aumenta a eficiência de controle e ainda garante uma colheita de soja mais produtiva. Aprenda mais sobre aplicação de defensivos agrícolas com a Agro Bayer!

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