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Como impedir que as pragas afetem a produtividade da plantação

26 de agosto de 2020

Nenhum produto agrícola no Brasil é tão forte quanto a soja. Desde que o país começou a registrar e divulgar dados sobre a exportação desse tipo de produto, há mais de duas décadas, o grão lidera isolado o ranking de produtos mais vendidos ao exterior, chegando em 2019/2020 a uma produção entre 113 e 120 milhões de toneladas no ano, podendo inclusive superar os Estados Unidos, até então a maior safra do planeta.

Em comparação, o terceiro maior produtor mundial, a Argentina, apresenta produção anual de 57 milhões de toneladas de grãos, cerca de metade da média brasileira.

O número representa um crescimento gigantesco. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1997, quando dos dados começaram a ser divulgados, a produção nacional foi de 26,1 milhões de toneladas, valor 360% menor que o atual.

Só a última colheita no Mato Grosso, maior Estado produtor de soja, com cerca de 32 milhões de toneladas, já supera o montante de todo o país naquele ano.

Desde o início da medição a área de produção de soja no Brasil também registrou um crescimento exponencial, de mais de 216%, passando de 11,3 milhões de hectares para quase 36 milhões.

Com essa produção, a soja se tornou um item base da balança comercial do país, sendo um dos produtos mais relevantes da economia nacional, já que quase toda a produção de grãos é destinada à exportação.

O Brasil é líder do segmento no mundo, especialmente no mercado asiático, com a China comprando quase 70% de toda a produção nacional.

Nesse contexto, é notado no setor a necessidade não apenas de manutenção dos atuais valores, mas sua ampliação.

Pesquisas realizadas por empresas do ramo agropecuário apontam que a oferta realizada pelo país está próxima de não conseguir acompanhar a demanda do mercado, e que é necessário gerar uma rentabilidade maior por hectare de produção, além de combater elementos que possam prejudicar a safra, como degradação do solo, técnicas erradas de plantio, sementes de baixa qualidade e, principalmente, o ataque de pragas.

O combate a ação de insetos, larvas e moluscos que afetam a soja tem se tornado um item essencial não apenas ao produtor, mas a toda a economia do país.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia (CepeaCEPEA) com a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), não realizar um bom manejo de pragas representa uma queda média de 30% de toda a produção nacional, chegando a dizimar colheitas inteiras, causando ainda a queda na qualidade dos produtos ofertados.

Essa negligência no tratamento afeta o mercado, gerando baixa tanto nos índices de exportação quanto, principalmente, no abastecimento interno, resultando no aumento no preço dos produtos tanto para o produtor quanto para o consumidor, o que causa uma inflação dos alimentos.

Segundo o Cepea, o ataque de helicoverpas, largatas que são umas das pragas mais comuns em plantações de soja, pode comprometer, em média, um terço de toda uma produção, resultando em um crescimento de 22% no valor de mercado dos grãos, que puxaria ainda o preço de subprodutos, como o óleo de soja, que poderia subir 10%.

Essa perda ainda implicaria aumentos de preço em toda uma cadeia de alimentos, como leite e derivados, ovos, frangos e mesmo carnes suína e vermelha.

O mesmo vale para o ataque de outras pragas. Lagartas em geral chegam a proporcionar uma redução de 20% na produção de soja, enquanto que ataques de percevejos costumam comprometer 10% da produção e a mosca-branca 7%, ainda segundo o CEPEA.

Esses dados são referentes a apenas algumas das dezenas de ameaças atualmente conhecidas no país, mas o risco ainda pode ser maior.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária, (SBDA), são catalogadas ainda cerca de 150 pragas exóticas que ainda podem chegar ao Brasil através das fronteiras secas.

Assim, a necessidade de entender como funciona o ataque de pragas nas plantações de soja e como se prevenir delas se torna essencial para a manutenção da produção e redução de danos na economia.

Cuidados indicados pela Embrapa