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Coró-da-soja: conheça os sintomas e como combatê-lo

O coró-da-soja é uma larva que ataca as raízes da planta de soja, podendo levá-la à morte. Conheça as melhores estratégias de manejo para acabar com essa praga.
19 de setembro de 2024 /// 4 minutos de leitura
coro

Os primeiros relatos dos ataques envolvendo corós aconteceram na década de 1990, no estado do Paraná. Desde então, o coró-da-soja se tornou uma das principais pragas que atacam a cultura da soja.

Também chamado de “pão-de-galinha” ou “bicho bolo”, o coró-da-soja ataca o sistema radicular da oleaginosa e apresenta um grande potencial de danos. Caso essa praga não seja controlada, o sojicultor pode perder até 100% da lavoura.

O primeiro passo para evitar esse prejuízo é entender as características dessa praga. Neste artigo, explicaremos o ciclo de vida do coró-da-soja, seus impactos na lavoura e quais as melhores estratégias de manejo para eliminar essa praga da fazenda.

O que é o coró-da-soja?

O coró-da-soja é o nome popular de várias espécies de larvas de besouros rizófagos, principalmente da ordem Coleoptera. Isso significa que esses besouros vivem no solo e atacam o sistema radicular das plantas da soja, causando prejuízos significativos à lavoura.

No Brasil, o gênero Phyllophaga é considerado o principal responsável pelas espécies de corós que atacam culturas de interesse econômico no país.

Desse grupo, há duas espécies de corós que atacam com frequência a cultura da soja: o Phyllophaga capillata e o Phyllophaga cuyabana.

O P. capillata é comum nas regiões do Distrito Federal e Goiás, é conhecido como Coró-da-soja-do-cerrado. Já o P. cuyabana é encontrado principalmente nas regiões Oeste e Centro-Oeste do Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

Por ser uma das espécies mais comuns do complexo de pragas que atacam as raízes da soja, o P. cuyabana é o tipo de coró mais estudado.

Conheça as características dessa espécie a seguir:

Ciclo de vida do P. cuyabana

Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a espécie P. cuyabana se reproduz apenas uma única vez ao ano. A reprodução do inseto ocorre no início da estação chuvosa.

Os ovos são colocados no solo, geralmente de 3 cm a 15 cm de profundidade. Quando eclodem, o inseto passa por três instares ou estádios larvais.

Nessas fases, ele apresenta um formato curvado, coloração esbranquiçada e três pares de pernas torácicas e cabeça marrom-amarelada. Além disso, ele pode atingir 4 cm de comprimento.

As larvas de primeiro instar geralmente são registradas entre novembro e janeiro; as de segundo instar, entre dezembro e fevereiro; e as de terceiro instar, entre janeiro e abril.

As larvas do inseto se mantêm no solo por cerca de 130 dias, período em que se alimentam das raízes secundárias da soja, dificultando a absorção de água e nutrientes.

No entanto, os prejuízos causados pela P. cuyabana na cultura da soja mais intensos no segundo e terceiro instares da larva.

No terceiro estádio, a larva constrói um casulo e entra em diapausa. Normalmente, as pupas do inseto são observadas em setembro, enquanto a emergência de adultos ocorre em outubro.

Todo o desenvolvimento do coró-da-soja ocorre no interior do solo. Na fase adulta, a fêmea se alimenta de pequenas quantidades de folhas, e os machos fazem revoadas noturnas para acasalamento.

Vale lembrar que o clima seco, com pouca chuva e temperaturas elevadas favorecem o desenvolvimento dessa praga e até determina o início das revoadas dos adultos.

Qual o impacto do coró-da-soja nas plantações de soja?

Os danos causados pelo coró-da-soja variam conforme o estádio de desenvolvimento do inseto e do tamanho da infestação.

Eles são causados pelo consumo do sistema radicular das plantas, problema que ocorre tanto em lavouras cultivadas em sistema de plantio direto quanto no preparo convencional do solo.

Segundo a Embrapa, além de consumirem as raízes das plantas, as larvas do coró se alimentam dos nódulos de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). Por isso, a capacidade de absorção de água e nutrientes da planta é reduzida.

Como resultado, a planta pode desenvolver vários sintomas de ataque de coró-da-soja, como desenvolvimento atrasado, seguido por amarelecimento e murcha completa. Plantas mortas também podem indicar o ataque dessa praga.

Esses sintomas aparecem em reboleiras ou manchas, distribuídos de forma irregular na lavoura, podendo alcançar poucos metros a dezenas de hectares.

Quando o nível de infestação é elevado, os sistemas radiculares das plantas podem ser reduzidos de forma significativa, prejudicando o estande, a uniformidade e a produtividade da lavoura.

O impacto do ataque dessa praga pode ser ainda maior em plantas cultivadas em solos pobres em fertilidade, compactados e sob condições de déficit hídrico.

Como acabar com o coró-da-soja?

Para eliminar o coró-da-soja da lavoura, o produtor deve investir no chamado Manejo Integrado de Pragas (MIP). Essa abordagem envolve a combinação de diferentes estratégias de prevenção e controle de pragas. O objetivo é reduzir as condições favoráveis ao desenvolvimento de infestações.

Como resultado, o sojicultor diminui a aplicação de defensivos e os custos operacionais, enquanto aumenta a eficiência do controle e proteção da lavoura. Por isso, o MIP é uma das abordagens que integram a chamada agricultura sustentável.

Confira abaixo quais as principais estratégias de controle de pragas do MIP que devem ser aplicadas para acabar com o coró-da-soja.

Monitoramento do solo

Investir no monitoramento de pragas é uma das estratégias mais importantes para o manejo eficiente do coró-da-soja. Afinal, essa prática permite a identificação precoce das larvas e a adoção de medidas adequadas para eliminá-las antes que sua população aumente.

Esse monitoramento deve ser feito desde antes do plantio de soja, por meio de análise do solo, visando detectar larvas e ovos de coró na área de plantio.

Para isso, é importante fazer a amostragem do solo antes do início da semeadura, medida que facilita a identificação de áreas infestadas, do estádio e nível populacional do coró-da-soja.

O monitoramento do solo deve continuar ao longo de todo o ciclo da cultura e ser mantido até o cultivo de culturas subsequentes, como milho, algodão, milheto ou girassol.

Uso de armadilhas

As formas adultas dos corós normalmente apresentam uma forte atração pela luz. Por isso, é recomendável utilizar armadilhas luminosas durante o período de emergência dos insetos do solo.

Dessa forma, é possível capturar os indivíduos adultos, contribuir para o monitoramento da praga e impedir a sua reprodução, reduzindo sua infestação na lavoura.

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma estratégia de controle cultural que visa auxiliar na redução de populações de corós nas próximas safras.

Para que o uso dessa estratégia seja eficiente, o ideal é rotacionar culturas de corós com espécies não-hospedeiras ou hospedeiras não preferenciais do coró.

A crotalária, especialmente a Crotalária spectabilis, e o algodão podem ser utilizados em rotação com a soja em áreas infestadas com P. cuyabana e P. capillata.

Semeadura na época certa

Considerando a dinâmica populacional de adultos e das larvas de corós na região da fazenda, o produtor pode planejar o plantio da soja para evitar danos causados pela praga.

Em áreas com históricos de infestação por coró pragas, a semeadura da soja deve ser feita no início da época recomendada para o plantio na região, conforme orienta o calendário agrícola.

Essa medida é importante para evitar que o plantio da soja coincida com o período de picos populacionais da maioria das pragas rizófagas. O ideal é que a semeadura seja realizada antes da ocorrência de revoadas de adultos de corós.

Adubação adequada

A correção da fertilidade e da acidez do solo aumenta a tolerância da soja aos danos provocados pelo coró. Por isso, é importante fazer a análise do solo e utilizar seus resultados para fazer uma adubação eficiente e equilibrada na área de plantio.

A inoculação de sementes com bactérias fixadoras de nitrogênio também contribui para essa adubação, já que a medida pode promover o crescimento radicular da soja e o aumento da sua tolerância ao ataque dos corós.

Controle biológico

O controle biológico dos corós pode ser realizado com o apoio de produtos à base de fungos, como as espécies Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana. O uso de parasitoides de larvas da ordem Diptera também auxilia no controle da espécie P. cuyabana.

Controle químico

O manejo químico do coró-da-soja consiste no uso de tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos e de contato e na pulverização de inseticidas no sulco da semeadura.

No entanto, o tratamento de sementes é considerado a estratégia de controle químico mais eficiente para prevenir infestações e proteger a lavoura.

O tratamento de sementes Cropstar, por exemplo, é uma boa opção para proteger o estande inicial da lavoura do coró-da-soja.

O produto conta com inseticida sistêmico do grupo químico dos neonicotinoides (Imidacloprido) e inseticida de contato e ingestão do grupo químico metilcarbamato de oxima.

Essas estratégias demonstram que a melhor forma de eliminar o coró-da-soja da lavoura e evitar seus danos é investindo em medidas preventivas, conforme orienta o MIP. Por isso, o sojicultor precisa se planejar para adotar essas práticas na fazenda e garantir uma safra de soja produtiva.

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