Monitoramento e manejo do bicudo-do-algodoeiro após a colheita

22 de julho de 2022

Anthonomus grandis

O Bicudo-Do-Algodoeiro (Anthonomus grandis) já é uma praga muito conhecida pelo cotonicultor. O inseto é capaz de destruir até 70% da lavoura em uma única safra e já foi responsável por mudanças consideráveis nos sistemas de produção de Algodão Brasil afora.

Neste cenário, diversas medidas de controle populacional do inseto durante a safra são difundidas e debatidas amplamente por técnicos, pesquisadores e agricultores. No entanto, este inseto também precisa ser manejado antes e após a safra de algodão, seja com boas práticas agronômicas, ferramentas de monitoramento eficientes, armadilhas, Tubo Mata-Bicudo (TMB) ou com inseticidas químicos e biológicos.

Legenda: Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis). Crédito: Lucas Jacinto (Ag.In)

Para se ter ideia, com boas estratégias de manejo complementar em momentos oportunos, é possível reduzir danos do bicudo a longo prazo, evitando prejuízos em demais talhões da lavoura e em lavouras vizinhas. Além disso, podem ser realizadas ações que visam reduzir a pressão da praga em safras sucessoras.

Entre estas medidas complementares de manejo do bicudo em momentos estratégicos, estão o monitoramento com armadilhas e o manejo da praga após a colheita do algodão.

Conversamos com o Engenheiro Agrônomo Anderson Pereira, Consultor e Diretor Técnico da Ag.In (Agricultura Inteligente) para conhecer algumas dicas que podem facilitar o manejo do bicudo-do-algodoeiro após a colheita do algodão.

Confira!

Dica 1: monitore o bicudo antes da colheita

Pela experiência de Anderson Pereira, em uma lavoura com média ou baixa pressão de bicudo durante a safra, é comum que o inseto migre para outras áreas após a desfolha da lavoura. Afinal, sem os capulhos e as maçãs, o bicudo não encontra alimento no campo.

“Não importa onde a lavoura de algodão esteja alocada. Se existirem plantas vivas ao redor do talhão desfolhado, o bicudo vai buscar por fonte de alimento”, explica o especialista. De acordo com Pereira, estas plantas são apenas para sobrevivência da praga, uma vez que o bicudo tem preferência pelos botões florais e maçãs do algodão. “A multiplicação de sua prole ocorre apenas na cultura do algodoeiro”.

Neste contexto, mesmo que a praga não cause danos no algodoeiro na etapa de colheita, é necessário evitar que ele sobreviva na entressafra.

E é aqui que recebemos a primeira dica: realizar o monitoramento do bicudo antes da colheita, logo após a desfolha da lavoura.

Segundo Pereira, “devemos quantificar a população do inseto em diferentes pontos da lavoura para termos dimensão de onde colocar mais esforço no controle da praga”. O especialista afirma que a ferramenta que mais ajuda nesta tarefa é a “armadilha de bicudo”.

Dica 2: utilize armadilha de bicudo

De acordo com a Casa do Algodão de Goiás, as armadilhas de bicudo contam com feromônios, que ajudam a atrair e a capturar o inseto. Durante o período em que a armadilha fica no campo, são realizadas as contagens semanais dos insetos capturados. O número identificado gera o BAS (Bicudo por Armadilha por Semana), que é um índice que orienta o produtor no planejamento de um manejo eficiente da praga.

O armadilhamento das lavouras de algodão é realizado em duas etapas:

  • 60 dias antes do plantio, para detectar o índice de infestação na área onde o algodão será plantado.
  • Na pré-colheita, para medir a população de inseto e determinar as ações de manejo no final do ciclo.

“Com esta ferramenta podemos presumir para onde as pragas estão migrando em maior densidade e em qual direção da lavoura o bicudo está encontrando algum tipo de atrativo”, revela o agrônomo.

Quando utilizamos armadilhas para bicudo, podemos ter uma ideia do tamanho da população presente na área e traçar estratégias de manejo químico com inseticidas junto às ações de destruição de soqueiras”, ressalta Pereira.

Em vídeo publicado no YouTube, o especialista mostra um caso real de uma propriedade onde foram instaladas armadilhas de bicudo com esta finalidade. “Por aqui, uma média de 20 a 30 bicudos são capturados por dia na armadilha. Com esta informação podemos saber onde focar no manejo de acordo com a estratégia do produtor”, aponta.

Legenda: Anderson Pereira explica como tomar decisão a partir da armadilha de bicudo.

Dica 3: realize o manejo da praga após a colheita do algodão

O consultor esclarece que, se o plano do produtor for plantar algodão novamente na propriedade, o controle do Bicudo-do-Algodoeiro com inseticidas deve se concentrar nas bordaduras desde a fase inicial da nova área plantada na lavoura. “O inseto sai da bordadura e vai para a lavoura, onde passa a causar danos”.

Conforme a explica o especialista, com esta tática podemos “segurar o bicudo na bordadura até próximo de 90 a 100 dia, e depois, com a lavoura em estágio avançado, a gente consegue conviver com ele até o final da safra”. De acordo com Pereira, “só assim conseguimos ter uma convivência saudável com o inseto, focando as aplicações e reduzindo custo. Em áreas onde o produtor perdeu o controle, pode-se chegar a mais de 30 aplicações com foco exclusivamente para o bicudo”, conclui.

Dica 4: realize uma boa destruição de soqueiras

Diferente de culturas como milho ou soja, o algodão é uma planta que se desenvolve com uma estrutura muito semelhante a de uma pequena árvore.

Por este motivo, o uso de herbicidas dessecantes é fundamental no manejo pós-colheita da cultura, mas uma ação extra é necessária para evitar tigueras de algodão ou ponte-verde para bicudo: a destruição de soqueira.

De acordo com a publicação “Pragas Do Algodão: Minas Gerais Safra 2019/20” da Ag.In, as soqueiras que se tornam tigueras em lavouras de soja ou milho figuram entre os principais fatores responsáveis pela disseminação do bicudo-do-algodoeiro no Brasil.

A destruição de soqueiras visa reduzir o nível das populações remanescentes de pragas na área da cultura através da eliminação de sítios de proteção, alimentação e reprodução. (Embrapa)

Recomendação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), indica que a destruição dos restos vegetais da cultura do algodoeiro deve ocorrer até 30 dias após a colheita. A operação deve ser feita com maquinário capaz de fazer o arranquio, enleiramento, queima e incorporação das soqueiras no solo.

Para conhecer mais Práticas Agronômicas Que Visam Reduzir Os Impactos Do Bicudo-Do-Algodoeiro Na Cotonicultura, consulte um Representante Técnico de Vendas Bayer em sua região.

Fonte: Ag.In