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Plantas voluntárias ou tigueras: cuidados necessários

As plantas voluntárias se desenvolvem a partir de grãos perdidos durante a colheita, em áreas com sistema de sucessão. O controle dessas plantas invasoras é um desafio, já que elas são resistentes a herbicidas, como o glifosato. Por isso, o produtor precisa saber como evitar e se livrar desse problema.22 de julho de 2022
Plantas voluntárias ou tigueras cuidados necessários

A presença de plantas voluntárias na lavoura pode reduzir significativamente a produtividade da cultura. No caso do milho voluntário na plantação de soja, por exemplo, a queda na produção pode atingir 50%.

Isso ocorre porque essas plantas competem com a cultura por água, luz e nutrientes, dificultando o desenvolvimento saudável da lavoura.

Além disso, as plantas tigueras, como também são chamadas, ainda facilitam a transmissão de doenças e a infestação de pragas, como o mofo-branco. Juntos com a ação das próprias espécies de tigueras, esses problemas são capazes de prejudicar ainda mais a produtividade e rentabilidade do produtor.

O problema é que a maioria dessas plantas, originadas a partir de sementes geneticamente modificadas, são resistentes à herbicidas.

Então, como o agricultor pode resolver esse problema?

Para evitar esse cenário, o produtor precisa entender o que é, quais os impactos e quais os produtos indicados para controlar as plantas voluntárias do milho e de outras culturas.

Utilizando esse conhecimento e as técnicas certas, ele conseguirá superar esse problema.

Saiba como nos próximos tópicos.

O que são plantas voluntárias?

As plantas voluntárias, também chamadas de plantas tigueras ou plantas guaxas, são originadas a partir de sementes de culturas resistentes à herbicidas. Essas plantas ocorrem principalmente em áreas cujo plantio acontece em sistema de rotação de culturas.

Apesar de ser um método mais sustentável e viável para o Sistema de Plantio Direto, na rotação de culturas, as sementes remanescentes podem interferir na produtividade da próxima lavoura.

Isso porque pode ocorrer a perda de grãos durante a colheita da produção, algo considerado normal nesse processo. O problema é que esses grãos que ficaram para trás podem brotar de forma voluntária no campo, competindo com a cultura sucessora por água, luz e nutrientes.

Isso pode ser agravado pelo fato de que muitas culturas transgênicas, como soja e milho, por exemplo, são tolerantes a herbicidas, o que torna o controle dessas plantas invasoras mais difícil. Entenda melhor abaixo.

Qual é a relação entre plantas tigueras e o uso do glifosato?

O uso de sementes geneticamente modificadas com a tecnologia Roundup Ready (RR), por exemplo, permitiu o uso do herbicida glifosato. Por um lado, o uso desse herbicida facilitou o manejo de plantas daninhas.

Afinal, o glifosato pode ser utilizado durante o período de pós-emergência das sementes RR, promovendo o controle eficiente das plantas daninhas.

Por outro lado, a aplicação desse herbicida é possível porque as culturas transgênicas são resistentes ao glifosato. Por isso, plantas tigueras originadas a partir de sementes modificadas representam um grande desafio ao produtor, que tem dificuldade de controlar o problema em função dessa resistência.

Vale lembrar que, atualmente, várias sementes economicamente importantes são produzidas com tecnologia RR, como soja, milho e algodão.

Nesse contexto, as opções de herbicidas que podem ser utilizados para controlar as plantas tigueras são reduzidas. Por isso, o agricultor precisa utilizar as estratégias certas de cultivo e manejo para resolver esse problema.

Qual a diferença entre planta voluntária e planta daninha?

Qualquer planta que se desenvolve em local indesejado e cause problemas econômicos, sociais e/ou ambientais, são consideradas plantas daninhas.

Isso significa que nenhuma planta é, originalmente, daninha. Porém, todas elas podem se comportar como uma, a depender de suas características. Por isso, até plantas cultiváveis, como milho, soja e algodão, também podem se comportar como daninhas.

Portanto, toda planta voluntária pode ser considerada daninha, mas nem toda erva daninha pode ser chamada de planta voluntária. Afinal, como explicamos anteriormente, a planta tiguera é originada de culturas transgênicas tolerantes a herbicidas.

Quais são as principais plantas tigueras?

Muitas espécies podem desenvolver características de planta guaxa dentro da lavoura. Porém, algumas plantas recebem maior atenção dos agricultores em função dos prejuízos que podem causar à produção. Entre elas, se destacam a soja e o milho. Saiba mais sobre como essas plantas agem abaixo.

O que é soja voluntária?

A soja voluntária recebe esse nome quando desenvolve o comportamento de planta daninha, ou seja, se torna invasora dentro do sistema de rotação de cultura. O problema ocorre principalmente no verão, quando a soja é cultivada junto com outras culturas, sendo especialmente danosa às plantações de milho, trigo e arroz.

Nas lavouras de milho safrinha, por exemplo, a presença da soja tiguera pode causar prejuízos grandes à plantação. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Embrapa, a soja voluntária é capaz de provocar perdas de até 40% na produtividade do milho safrinha. Isso ocorre quando se tem a distribuição de até 32 plantas/m².

Quando a plantação é menor, com apenas 8 plantas/m², as perdas caem para 14%, que ainda é um número representativo. Além disso, a presença da soja tiguera torna o milho safrinha vulnerável à contaminação por várias doenças, como mofo-branco e ferrugem asiática, provocando perdas na produção.

O que é soja tiguera?

Apesar de serem termos diferentes, é importante lembrar que soja tiguera e soja voluntária se referem à mesma planta, ou seja, se desenvolve em área inapropriada, adquirindo características de planta invasora, conforme explicado anteriormente.

O que é milho voluntário?

A produção de soja voluntária pode prejudicar o desenvolvimento do milho safrinha. Porém, o milho safrinha também pode adquirir as características de planta invasora. Nesse caso, ele passa a se chamar de milho voluntário, que ocorre quando sementes remanescentes da colheita brotam em áreas indevidas.

O problema ocorre principalmente em áreas onde milho safrinha e soja são cultivados com sementes RR durante o verão e em esquema de sucessão.

De acordo com Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa, o milho voluntário é extremamente competitivo, podendo diminuir pela metade a produtividade da soja em locais em que há 2 ou 3 plantas/m2.

Quais são as principais plantas tigueras?

Além dos problemas relacionados à redução da produtividade das lavouras, as plantas tigueras também pode ocasionar outros problemas na lavoura, como os citados abaixo:

  • A depender da espécie invasora e do cultivo, o agricultor terá que fazer um investimento alto para controlar o problema;
  • Aumenta a dificuldade no processo de colheita;
  • Facilita a contaminação da produção por doenças que atingem a planta tiguera;
  • Torna a plantação mais vulnerável à infestação de insetos pragas e fungos;
  • Reduz a rentabilidade da lavoura, gerando prejuízos econômicos para o agricultor.

Como controlar plantas voluntárias?

Como as plantas tigueras são resistentes à herbicidas com glifosato, glufosinato, entre outros princípios ativos, o controle desse problema exige planejamento e cuidado em todas as etapas da produção.

O primeiro passo para evitar esse problema é investir numa colheita eficiente, reduzindo o percentual possível de perdas de grãos. Além disso, é fundamental fazer o monitoramento da lavoura, especialmente nas primeiras fases de plantio, quando é recomendável a aplicação de algum método de controle.

Além disso, é fundamental que o agricultor siga as recomendações de boas práticas para aplicação de herbicidas seletivos, evitando o surgimento de outros problemas.

Mas como saber qual herbicida utilizar?

A partir do momento que se detecta a planta invasora, os procedimentos de controle podem variar de acordo com a espécie invasora e com a planta cultivada. Nos tópicos abaixo, é possível encontrar as recomendações de controle para algumas das principais espécies voluntárias: soja e milho.

Como controlar a soja voluntária no milho safrinha?

No controle da soja tiguera em lavouras de milho safrinha, por exemplo, a recomendação é que o procedimento seja realizado em plantas com até 2 trifólios. Além disso, é preciso ter cuidado ao escolher o produto aplicado.

Como controlar o milho voluntário na cultura da soja?

No caso do milho voluntário, a recomendação é que o agricultor utilize herbicidas que com princípios ativos que atuam de forma diferente do glifosato. O ideal é que esse produto seja aplicado antes da semeadura ou logo após a emergência da soja, quando as plantas do milho ainda estão pequenas.

Nesse caso, o pesquisador Fernando Adegas recomenda a aplicação de herbicidas graminicidas, que são considerados eficientes como método de controle alternativo do milho voluntário.

Esse tipo de produto pode ser aplicado na fase pós-emergente em soja, como o defensivo Podium EW, que é uma alternativa para o controle de milho voluntário em lavoura convencional ou RR.

A grande vantagem do Podium EW é que ele é absorvido rapidamente pelas folhas, se deslocando para os pontos de crescimento da planta invasora. Assim, seu crescimento é paralisado um ou dois dias após a aplicação.

Além disso, o herbicida seletivo torna as folhas da planta daninha amareladas, evoluindo para uma coloração arroxeada, com posterior necrose do tecido foliar.

Assim, é muito mais fácil controlar o milho voluntário e realizar o manejo adequado da lavoura. Por consequência, o agricultor evita prejuízos na produtividade e nos custos de produção.

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