Biotecnologia para a cotonicultura: o novo aliado contra pragas do algodão
Neste Impulso Negócios, produtores e especialistas comentam sobre os desafios da cotonicultura, as inovações em biotecnologia na agricultura e as estratégias de sustentabilidade.Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que o Brasil vem conquistando cada vez mais espaço no mercado global de algodão. As estimativas recentes apontam para uma colheita de 2,34 milhões de toneladas de pluma na safra 2020/21.
Apesar de uma queda de 22% em relação à safra anterior, o país deve registrar um volume recorde de exportações, com cerca de 2,3 milhões de toneladas, segundo a ANEA (Associação Nacional dos Exportadores de Algodão).
Em Barreiras (BA), o Impulso Negócios conversou com o cotonicultor Paulo Schmidt, que espera alcançar um recorde de colheita, impulsionado pela boa contagem de maçãs, estrutura das plantas e pelo peso da pluma.
Desafios no campo e o papel da biotecnologia
Por trás dessa alta expectativa, há desafios. Schmidt enfrentou ataques do bicudo-do-algodoeiro, praga que pode destruir até 70% da lavoura quando não controlada. A solução veio com a adoção de novas técnicas de manejo e o uso de biotecnologias agrícolas, que reforçaram o controle e reduziram as perdas.
Em Bainópolis (BA), o cotonicultor e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Busato, relata que além do bicudo, produtores da região também tiveram problemas com a praga Helicoverpa armigera, responsável por perdas de até 30% nas lavouras.
Segundo Rafael Mendes, líder do Negócio de Algodão LatAm da Bayer, o ambiente tropical brasileiro favorece a presença de plantas daninhas e insetos, o que torna o uso da biotecnologia na agricultura um aliado para preservar o potencial produtivo e a sustentabilidade da lavoura.
Aplicações da biotecnologia no algodão
A biotecnologia, já utilizada nas culturas de soja e milho, segue um caminho semelhante na cotonicultura. O professor da USP e FGV, Marcos Fava Neves, explica que a tecnologia entrega ao algodão atributos fundamentais, como resistência a pragas, tolerância a herbicidas, precocidade, maior produtividade e redução de impactos ambientais — pilares de uma agricultura sustentável e moderna.
Um exemplo é a inserção de genes da bactéria Bacillus thuringiensis nas plantas, o que permite ao algodoeiro produzir proteínas tóxicas para lagartas e insetos, sem causar riscos à saúde humana ou ao meio ambiente.
Novas tecnologias: Bollgard® 3 RR Flex
A tolerância a pragas proporcionada pela biotecnologia impacta diretamente a qualidade da fibra e a sustentabilidade da produção. Para a próxima safra, uma nova geração de biotecnologia estará disponível para os cotonicultores brasileiros: o Bollgard® 3 RR Flex.
Essa inovação oferece proteção contra as principais lagartas do algodão, além de reforçar o controle sobre os complexos Spodoptera e Helicoverpa. O produto também é tolerante ao herbicida glifosato, proporcionando mais flexibilidade no manejo de plantas daninhas e maior eficiência produtiva.