Liderança feminina no agro: a história de mulheres que chegaram lá!
Profissionais do agronegócio compartilham suas trajetórias e destacam o crescimento da participação das mulheres no agro.O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira, com indicadores positivos em rendimento, produtividade e sustentabilidade. Para valorizar e ampliar a presença das mulheres no agro, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado anualmente em 15 de outubro.
Para falar sobre a força feminina no setor e as oportunidades que a liderança feminina ainda pode conquistar no agronegócio, o apresentador do Impulso Cast, Dony De Nuccio, recebeu a produtora rural Carla Rossato, a chefe de licenciamento da Bayer na América Latina, Natália Pagotto Carvalho, e o professor Marcos Fava Neves, um dos principais especialistas do agro no país.
Como tem sido a atuação de mulheres no agro?
Filha de produtores rurais, Carla Rossato teve contato com o campo desde cedo. "Esse amor nasceu comigo. Meu pai dizia que a gente aprende fazendo, fui criada com essa força. Por isso, passei por uma sucessão natural, ao lado dele. Quando percebemos, eu já estava na administração do negócio, sempre com muito apoio dos meus pais", relembra.
Esse incentivo familiar foi decisivo para que Carla se dedicasse à agricultura e à pecuária. Formada em medicina veterinária, ela segue em constante busca por conhecimento para produzir mais por metro quadrado, sempre com sustentabilidade.
"Sempre fui atrás de tecnologia e inovações. Eu falo para todas as produtoras que independentemente da profissão, se elas estiverem capacitadas, não tem dificuldade. A gente pode ter empecilhos, mas as dificuldades se tornam pequenas perto da nossa força de vontade”, afirma Carla, reforçando o protagonismo da mulher no agro.
Já Natália Pagotto Carvalho iniciou sua trajetória no setor há cerca de 10 anos. Formada em Relações Públicas, enxergou no agronegócio a oportunidade de construir uma carreira sólida. "Um dos principais motivos para eu continuar minha trajetória no agro é que, hoje, eu não consigo pensar em um setor que conecte mais gente, afinal, não é só sobre alimentar, mas também é sobre vestir, sobre se locomover. Eu acredito muito que o nosso setor possibilita isso", comenta.
Para ela, uma das maiores conquistas das mulheres no agro é justamente a ampliação da participação feminina, não apenas em grandes empresas como a Bayer. "O mais legal disso é ver trajetórias como a da Carla e de outras mulheres que estão ocupando diferentes frentes. Nós entendemos que isso também corrobora para um agronegócio mais sustentável e inovador", destaca.
O professor Marcos Fava Neves acrescenta que esse avanço também é visível nas universidades, onde cresce o número de alunas, reforçando a importância da formação e da liderança feminina para o futuro do setor.
O crescimento da liderança feminina no agro
Segundo o último censo agropecuário do IBGE, realizado em 2017, a participação das mulheres no agro em cargos de liderança nas propriedades rurais cresceu 38% entre 2006 e 2017. Com esse avanço, 19% das funções de comando no setor passaram a ser ocupadas por mulheres.
Para Natália Pagotto Carvalho, esse crescimento se deve a dois fatores principais: a alta capacitação conquistada por meio dos estudos e a habilidade de escuta. "As mulheres como um todo dedicaram muito tempo para os seus estudos para que pudessem ocupar esses espaços. Além disso, a nossa educação é muito formatada para a escuta, uma característica muito importante atualmente e ajuda na tomada de decisões com agilidade”, destaca.
O professor Marcos Fava Neves complementa que, embora o aumento da liderança feminina em empresas do agronegócio seja notável, o ritmo no campo ainda é mais lento. “Precisamos separar a mulher que atua no agronegócio daquela que é agricultora.Na agricultura percebe-se um pouco mais de lentidão, mas crescendo fortemente com muitas mulheres se formando em engenharia agronômica, zootecnia, veterinária e surgindo para essas posições de liderança nas fazendas”, explica.
Conquistas das mulheres no agro ao longo dos anos
Carla destaca que os grupos formados entre as mulheres no agro, sejam digitais ou presenciais, têm papel essencial na troca de conhecimento e informações entre as produtoras. Para ela, essas redes fortalecem, encorajam e ampliam a atuação feminina em todos os elos do agronegócio.
Natália reforça que diversificar a liderança feminina nas empresas e entregar melhores resultados para o setor é uma responsabilidade coletiva. Ela cita como exemplo o Conexão Mulheres, iniciativa da Bayer que aproxima produtoras, lideranças da empresa e representantes de campo para promover capacitação e troca de experiências. "O Conexão Mulheres visa construir esses laços e dar suporte para que, até 2030, a gente alcance a meta de ter pelo menos 50% de mulheres líderes na Bayer”, explica.
O reconhecimento das conquistas da mulher no agro também vem crescendo no compasso dessas iniciativas. Em 2016, por exemplo, foi realizada a primeira edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, reunindo 600 participantes e o apoio de 15 empresas.
Em 2021, o evento já contava com mais de 2.500 congressistas e mais de 50 empresas envolvidas. Em 2018, surgiu ainda o Prêmio Mulheres do Agro, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) em parceria com a Bayer, que valoriza produtoras que lideram negócios em pequenas, médias e grandes propriedades.
Principais oportunidades para as mulheres no agro
Para o professor Marcos Fava Neves, para que o Brasil continue sua trajetória como fornecedor mundial sustentável de alimentos, bioenergia e outros produtos do agronegócio, será preciso investir em inovação em diversos setores. Nesse sentido, surgem inúmeras oportunidades para as mulheres no agro, seja em laboratórios, startups, comunicação, área jurídica ou em outras frentes que prometem forte crescimento nas próximas décadas, acompanhando a expansão prevista para o agronegócio brasileiro.
Carla acrescenta que, para fortalecer a liderança feminina no campo, é fundamental atenção à administração dos negócios. "É preciso saber enxergar as oportunidades dentro de uma fazenda. Hoje, lidamos com problemas climáticos e alta de custos, portanto, as mulheres podem completar aquilo que está deficiente na gestão para somar cada vez mais", conclui.
Esse movimento reforça que o futuro do setor será cada vez mais plural, com a mulher no agro ocupando posições-chave e contribuindo para um agronegócio mais inovador, competitivo e sustentável.
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