Doenças da soja: manejo adequado para controlá-las e alavancar a produtividade
O Projeto 10X, conduzido pela Bayer em parceria com a Agrotecno, avaliou as estratégias de manejo mais eficientes para o combate às principais doenças da soja no país.Os números da soja e as perspectivas para a próxima safra são animadoras, com a possibilidade de mais recorde pela frente. No entanto, os produtores rurais brasileiros ainda enfrentam grandes desafios, entre eles as doenças da soja, que comprometem a produtividade e a rentabilidade.
Para identificar o manejo mais eficiente no controle das principais doenças da soja, a Bayer, em parceria com a Agrotecno, desenvolveu o Projeto 10X. A iniciativa contou com mais de 11 mil parcelas experimentais em diferentes regiões do Brasil, trazendo resultados importantes para o enfrentamento de doenças foliares da soja e outras ameaças à cultura.
A evolução da produtividade da soja no Brasil
De acordo com dados recentes da Conab, a produção de soja na safra 2022/23 alcançou 154,6 milhões de toneladas — quase metade de todo o volume de grãos do país. Na última década, a produção nacional saltou de 52 milhões para 154 milhões de toneladas.
O professor Marcos Fava Neves projeta que, na próxima safra, o Brasil deve responder por 41% da soja produzida no mundo.
"Os produtores de soja brasileiros melhoraram muito as técnicas, a questão administrativa, a gestão por metro quadrado, o uso de sementes e fertilizantes. Tivemos um banho tecnológico, além da abertura para o mercado externo. Tudo isso levou o Brasil a crescer tanto em área quanto em produtividade e, principalmente, na quantidade de soja que vendemos", acrescenta o especialista em agronegócio.
Pressões fitossanitárias e manejo para sustentar o avanço
O professor e pesquisador da Agrotecno, Carlos Forcelini, ressalta que o clima tropical favorece o cultivo, mas também exige proteger o potencial produtivo, pois cria um ambiente propício a pragas e doenças da soja.
"Na medida em que temos uma presença de chuvas mais frequentes no verão, momento em que a cultura está no campo, as doenças da soja avançam com rapidez. Mesmo na entressafra, período no qual os patógenos teriam dificuldade de sobreviver, as nossas condições são muito favoráveis porque não temos um inverno rigoroso, principalmente no Centro-Oeste do país", explica.
Ele pontua ainda que cerca de 85% a 90% da soja é plantada nas mesmas áreas, com pouca rotação de culturas. Esse cenário eleva gradualmente a pressão de patógenos e o risco de doenças da soja a cada ano. Assim, além dos problemas tradicionais, surgem novos desafios, como a podridão das vagens observada recentemente em lavouras de Mato Grosso.
Outra doença da soja temida é a ferrugem-asiática. Na safra 2022/23, o Consórcio Antiferrugem registrou 295 ocorrências no país. Além disso, um estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) estima que a doença pode causar perdas de até R$12 bilhões à agricultura brasileira.
Para evitar esse tipo de prejuízo, é importante adotar um manejo integrado, combinando:
- Tratamento de sementes
- Rotação ou sucessão de culturas
- Implantação de um espaçamento adequado entre as fileiras
- Manejo correto do solo
- Realização da semeadura no início da janela de cultivo
- Seleção de cultivares resistentes
- Aplicações preventivas e de reforço de fungicidas com rotação de ativos e modos de ação.
O que é o Projeto 10X da Bayer?
Alexandre Rocha, engenheiro agrônomo e gerente de Field Marketing na Bayer, destaca que as novas tecnologias são desenvolvidas com foco no aumento da produtividade.
"A Bayer, por exemplo, investe mais de 2,9 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento para trazer ferramentas que vão ajudar o agricultor a ser mais assertivo no controle das doenças da soja e de pragas para o manejo correto da cultura", comenta o engenheiro.
Foi com esse objetivo, auxiliar os produtores no manejo das principais doenças da soja e impulsionar altas produtividades, que nasceu o Projeto 10X. A iniciativa busca levar informação e capacitação a agricultores e técnicos, com base em uma pesquisa robusta conduzida ao longo dos últimos dois anos.
O projeto foi realizado no Rio Grande do Sul, em 10 áreas experimentais e com mais de 70 tratamentos combinados. Os agricultores puderam visitar presencialmente esses locais para comparar e entender, na prática, os diferentes manejos aplicados.
O professor Carlos Forcelini explica que o estudo contemplou 11,2 mil parcelas experimentais de soja, distribuídas entre 16 locais e dois cultivares distintos. A diversidade foi necessária porque a cultura é trabalhada em diferentes ambientes no Brasil, o que exigiu uma coleta de dados robusta para refletir realidades variadas, como diferenças de altitude e de condições climáticas.
"Tínhamos altitudes menores, a 50 metros do nível do mar, até mil metros acima do nível do mar. Além de cultivares diferentes e épocas de semeadura distintas. Trata-se do maior projeto de pesquisa do agro no Brasil", frisa Forcelini.
Recomendações do portfólio Bayer para combate às doenças da soja
De acordo com o professor Carlos Forcelini, a pesquisa demonstrou que, embora existam similaridades entre as ferramentas disponíveis no mercado, há uma diferença de performance entre elas.
"Estamos lidando com um inimigo poderoso e precisamos saber quais armas vamos usar. Vale lembrar também que no Brasil há uma situação crescente de resistência aos fungicidas, portanto, informações geradas há dois ou três anos não refletem mais a realidade”, ressalta.
Para Alexandre Rocha, compreender melhor os ativos e a qualidade das formulações fazem toda a diferença no manejo e permite decisões mais assertivas de produtores, técnicos e agrônomos sobre como e quando realizar as aplicações, algo comprovado pelo Projeto 10X.
Na prática, o estudo definiu quatro momentos estratégicos ao longo do ciclo da soja.
1. Primeira aplicação: fase vegetativa (V3 a V4), testando cerca de 10 opções de manejo, com resultados variando entre 1,1 e 4,8 sacas por hectare;
2. Segunda etapa: pré-fechamento da cultura, com aplicação de 11 fungicidas premium, que mostraram variação de 4 a 13 sacas por hectare;
3. Terceira fase: cerca de 15 dias depois, com resultados entre 5 e 11 sacas por hectare;
4. Etapa final: fechamento da cultura, consolidando ganhos consistentes em diferentes cenários.
"Ressaltando que são diferenças observadas no conjunto de todos esses trabalhos, não é uma diferença pontual de um experimento, de um local ou de uma variedade, mas do projeto como um todo, a partir de uma base de dados gigantesca", diz Forcelini.
Para apoiar o produtor em cada uma dessas etapas, a Bayer conta com soluções específicas:
● Nativo® na fase V4;
● Fox® Xpro e Fox® Supra no pré-fechamento e 15 dias depois;
● Sphere Max® no fechamento da cultura.
Esse portfólio tem se mostrado altamente eficaz no manejo das principais doenças da soja, incluindo as doenças foliares da soja, entregando maior segurança e produtividade.
Rafael Roehrig, pesquisador da Agrotecno e coordenador operacional do Projeto 10X, diz que o projeto é muito importante por trazer resultados seguros e robustos, que permitem ao agricultor avançar no manejo da soja. "Foi um projeto descentralizado, levado às principais regiões produtoras de soja no Sul do Brasil e que capacitou muitas pessoas com treinamentos, cursos e palestras. Foi um grande prazer conduzir esse projeto."
Para mais informações sobre o Projeto 10X e detalhes da pesquisa, o agricultor pode procurar o representante de vendas Bayer em sua região.
Perspectivas para a safra 23/24 da soja
Estimativas recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetam uma safra de soja de 163 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, quase 10 milhões a mais em comparação com a safra atual.
Segundo o professor Marcos Fava Neves, boa parte desse crescimento virá do aumento da área cultivada, com mais de 1 milhão de novos hectares no Brasil, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
"Esse volume poderia impactar de forma muito negativa o mercado mundial, não fosse a atual situação dos estoques. Isso porque os Estados Unidos produziram menos e a Argentina teve uma grande perda. Por isso, acredito em uma estabilidade dos preços”, afirma o especialista.
Nesse cenário, a recomendação é que os produtores aproveitem os momentos de desvalorização do real para fixar parte da soja futura, protegendo suas margens.
No campo, porém, outro desafio se impõe: pragas e doenças da soja. O professor Carlos Forcelini alerta para os efeitos do fenômeno climático El Niño na safra 2023/24. Embora o Brasil deva alcançar novo recorde de produtividade, as condições que favorecem a produção também aumentam o risco de doenças foliares da soja, sobretudo no Sul, que vinha de dois anos de seca.
"O El Niño traz chuvas, o que é bom para a cultura, mas traz de volta problemas como a ferrugem asiática, que esteve ausente nas últimas safras no Rio Grande do Sul. Os inimigos são bastante agressivos em anos como este e é preciso tomar cuidado", alerta Forcelini.
Para evitar perdas, os especialistas reforçam que boas práticas culturais e o uso de estratégias de manejo são fundamentais para o controle das principais doenças da soja, assegurando resultados sustentáveis nesta e nas próximas safras.