Da semente às doenças: como produtores podem evitar perdas na colheita da soja

25 de julho de 2022

Produto mais exportado pelo Brasil nos últimos 22 anos, a soja é um diferencial na balança comercial do país, e uma aposta quase certa das lavouras, que têm rentabilidade quase garantida com este tipo de grão.

Mesmo assim, é necessário entender os fatores externos que o produtor deve enfrentar para conseguir manter a produtividade em alta.

O controle de pragas, clima, qualidade da semente, manejo da área de plantio, plantas daninhas: todos esses processos podem determinar uma safra forte ou de uma produção deficiente.

Assim, o produtor deve entender a melhor forma de otimizar cada etapa do cultivo para melhorar a produtividade, gerando uma rentabilidade maior em cada hectare de terra e evitando perdas na colheita da soja.

Como evitar perdas na colheita da soja em cada etapa da produção

Se você quer ter uma colheita de sucesso, acompanhe, a seguir, como deve ser conduzida cada etapa da produção de soja.

Fase da Semente

O primeiro passo é a escolha da semente, uma decisão importante que pode fazer toda a diferença. A qualidade do produto pode gerar uma rentabilidade até 6 vezes maior na lavoura, diminuindo os custos de produção e impactando positivamente no seu bolso.

Sementes de alto vigor podem representar até 10% a mais de produtividade em uma lavoura. Por isso, é necessário fugir das sementes piratas, que representam cerca de 35% das comercializadas no país, segundo a Associação Brasileira de Sementes.

Mas isso apenas se a semente receber o cuidado adequado. Além da escolha com a categoria genética, o tratamento, armazenamento e plantio são necessários para garantir todo o potencial que elas oferecem.

É necessário ter o cuidado com pragas, como o percevejo-castanho, que podem reduzir o stand da cultura, diminuindo o tamanho das plantas e sua produtividade. A aplicação de fungicidas também é necessária para controlar patógenos.

O controle da umidade e temperatura são essenciais, com as sementes sendo armazenadas abaixo de 20 graus. No beneficiamento, é importante também separar as sementes por peso e formato.

Também é necessário verificar as instalações da sementeira e do caminhão de entrega, que devem estar climatizados. O armazenamento deve ser feito em um local coberto e com sombra, mas evitando a lona preta, que absorve o calor e prejudica a semente, afetando a germinação.

O tratamento e inoculação das sementes deve ser feito durante o período do plantio. Antes, o tratamento perde o efeito, enquanto que se realizado atrasado aumenta o números de falhas e plantas duplas.

Leia também: A relação do fungicida com o peso de grãos em soja

Fase do Plantio

O plantio direto é a forma mais adequada de produção, sendo eficiente para combater a erosão, além de melhorar continuamente o ambiente de cultivo, por meio da implementação de três técnicas.

A primeira é o mínimo revolvimento do solo, que é indicado por agrônomos para ocorrer apenas na linha de semeadura.

A inversão de camadas do solo é mais indicada para países com clima temperado e frio. No Brasil, com clima tropical e subtropical, o revolvimento da terra é dispensado e não recomendado.

O plantio direto também proporciona a cobertura de palhada, que é um material produzido da matéria orgânica da planta colhida.

A própria máquina colhedora separa os grãos, e o que sobra, como galhos, raízes e folhas, é triturado e pulverizado no solo.

Essa camada ajuda a reduzir o impacto da gota de chuva no solo, além de impedir excesso de água que não se infiltrou no solo.

Ela também mantém a temperatura ideal para as plantas, diminui a perda de água por evaporação e impede o arrastamento de partículas pela enxurrada, eliminando a erosão.

A terceira característica é a rotação de culturas. É importante ressaltar que essa prática representa mais que só a sucessão de cultura, com a simples alternância entre duas culturas, como soja e milho ou soja e algodão, mas o uso de mais culturas, ordens e espécies, levando nutrientes diversos ao solo, cobertura de palha e abertura do solo pelo enraizamento.

A rotação entre apenas duas culturas pode ocasionar problemas como plantas daninhas, seleção de pragas mais resistentes e empobrecimento do solo.

No Solo

Com o entendimento de que as culturas necessitam de uma rotação, o produtor deve realizar uma análise e correção do solo, para saber o que precisa ser adicionado a cada plantio.

Saber quais os nutrientes que faltam em determinada área resulta em economia de adubo e incremento na produtividade da soja.

Com o resultado da análise, deve-se ver a técnica mais adequada para melhorar as condições do solo, como o uso de calcário, que costuma melhorar a produção em lavouras de soja em até 10 sacas a mais por hectare.

Outra técnica que pode ser usada é a da agricultura fermentativa, que utiliza o repovoamento do solo com microrganismos carregados, que proporcionam nutrientes para as plantas.

Controle de pragas e doenças

Os processos até aqui determinam todo o potencial que a lavoura poderá oferecer. A partir de então, cabe ao produtor monitorar e tomar ações que não reduzam esse potencial.

O monitoramento é essencial para que problemas possam ser detectados com antecedência e se tornem simples, rápidos e baratos de se resolver.

Pragas, doenças e ervas invasoras devem ser buscadas durante a inspeção, e identificado uma questão, é aconselhado do Manejo Integrado de Pragas (MIP), série de práticas e ferramentas, como o uso de químicos e agentes biológicos para o controle das lavouras.

As lavouras estão sujeitas a ataques de três complexos de pragas: as iniciais de cultura, as desfolhadoras, e os insetos sugadores, cada uma exigindo um tipo específico de tratamento e cuidados, desde cultivares resistentes ou tolerantes, refúgio sanitário e insumos agrícolas e biológicos.

Além das pragas conhecidas, estudos da Embrapa apontam que outras 150 espécies de pragas exóticas podem chegar ao país, através das fronteiras secas.

Um MIP realizado de forma adequada pode evitar perdas significativas na produção, como grãos murchos ou plantas fracas e diminutas.

Colheita

Assim como todo o processo de plantio, a colheita também requer atenção para evitar perdas na produtividade.

Segundo um levantamento da Associação de Plantio Direto do Vale do Paranapanema, a perda média de grãos de soja no processo de colheita é de quase duas sacas por hectare. Esse montante representa um prejuízo de quase R$ 4,3 bilhões por ao país.

Aproximadamente 80% dessas perdas estão relacionadas a falta de ajustes nos mecanismos usados na colheita e a velocidade de deslocamento das máquinas, que deve ficar de modo ideal entre 4 e 6,5 km/h.

Velocidades mais altas causam perdas ao produtor, pois aumenta a quantidade de grãos não trilhados, gerando um desperdício de até 15% da lavoura.

O momento ideal da colheita é logo após a planta estar no ponto, quando os grãos possuem uma umidade entre 13% e 15%. Grãos mais úmidos que isso reduzem o desempenho da colheitadeira, causando entupimento do maquinário, o que danifica o grão e aumenta o custo de armazenamento e secagem.

Rajadas de vento e chuvas podem fazer com que os grãos caiam no solo, também reduzindo a produtividade.

Maquinário desregulado também pode resultar em uma perda de 3 sacas por dia, em média.

Assim, é necessário ficar atento a itens como:

  • barra de corte, navalhas quebradas e dedos danificados: podem aumentar a vibração das plantas, jogando os grãos no chão;
  • rotação e altura do molinete: se forem excessivas, podem resultar na quebra dos ponteiros, jogando vagem e grãos no solo, sendo o ideal de 15% a 20% a velocidade da própria colheitadeira;
  • folgas no sistema de trilhas: pode resultar em perdas de até 15% da lavoura.

Ajustar a tensão das correias, lubrificar e se necessário substituir peças gastas ou danificadas do sistema de armazenamento e descarga também são necessários para diminuir perdas.

Fique de olho na sua plantação e evite perdas na colheita da soja. Coloque nossas dicas em prática e tenha uma produtividade muito maior na sua lavoura.

E, para ter resultados ainda melhores, veja aqui quais são as 9 principais doenças e pragas da soja para ficar de olho!

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