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Como as condições climáticas podem afetar os principais cultivos do país?

01 de março de 2024

Cultivos do país

As condições climáticas têm sido o principal assunto entre técnicos e agricultores nos últimos meses. O tema ganhou destaque por conta do fenômeno climático El Niño, que ocorre a partir da interação entre a atmosfera e o oceano no Pacífico Equatorial, e influencia diretamente as precipitações e a temperatura em diversos países, inclusive no Brasil.

As interferências do El Niño nas condições climáticas do país começaram em março de 2023, e podem continuar influenciando as chuvas e a temperatura até o fim deste semestre. De acordo com informações divulgadas em 29 de janeiro pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, há 73% de probabilidade do El Niño perdurar até abril ou junho de 2024.

Considerando estas informações, fica claro que os agricultores precisam se preparar para evitar perdas que podem ser causadas por condições climáticas irregulares nos próximos meses. Por esse motivo, preparamos este artigo para responder uma pergunta: como as condições climáticas podem afetar o cultivo do milho, soja e algodão na safra 2023/24?

Continue esta leitura para saber mais sobre o assunto, e conheça dicas de manejo que podem ajudar a proteger seu investimento na lavoura.


Impactos das condições climáticas no desenvolvimento dos principais cultivos do país

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o El Niño causou o replantio de diversas áreas, atrapalhou operações e atrasou o plantio e a colheita da soja e do milho em diversos Estados. Especificamente na cultura da soja, os impactos nas áreas mais afetadas pelas condições climáticas adversas foram a erosão do solo, carreamento de nutrientes, alagamento de baixadas, perda de estande de plantas, abortamento de flores e vagens, e a antecipação do ciclo da cultura.

Veja como longos períodos de seca ou dias consecutivos de chuvas podem afetar o desenvolvimento e a colheita das culturas do algodão, milho e soja:


Efeitos da seca no cultivo da soja
A soja consegue sobreviver mesmo com menores quantidades de água. Mas em situações de déficit hídrico, a planta pode abortar flores e vagens para conseguir se nutrir e continuar seu ciclo.

Após um longo período de estiagem, o tamanho dos grãos pode ser menor ao fim da safra. Além disso, mesmo em estágios avançados de desenvolvimento, ao enfrentar a seca, a planta pode abortar estruturas reprodutivas preservadas até o momento do déficit hídrico.


Efeitos do excesso de água na cultura de soja
Após a fase de enchimento de grãos, a demanda hídrica da cultura diminui, e a demanda de fotossíntese aumenta. O objetivo da planta nesta etapa é gerar grãos de qualidade.

Se nessa fase ocorrer um período muito chuvoso ou dias muito nublados, a disponibilidade de radiação solar diminui, fazendo com que a planta não atinja seu potencial fotossintético. Além disso, o clima úmido favorece a ocorrência de doenças da soja.

De modo geral, o excesso de chuvas entre o enchimento dos grãos e a maturação das vagens pode causar a germinação dos grãos ainda dentro das vagens, a abertura das vagens, atraso na colheita, embuchamento de máquinas e uma série de problemas operacionais.


Consequências da seca e do excesso de chuvas no cultivo do algodão
A água é importante do início ao fim da cultura do algodão. No entanto, em cada etapa, a demanda por água é diferente. Por exemplo, a planta consome de 50% a 60% de toda a água demandada pela cultura apenas na fase de floração e formação de capulhos.

Por outro lado, intervalos maiores sem chuvas podem favorecer a cultura, enquanto dias seguidos com chuvas, e em grande volume, podem ser prejudiciais.

Enfrentando o estresse hídrico, a planta de algodão pode desenvolver fibras com menor espessura (micronaire) e resistência. Ao se desenvolver em períodos com muitas chuvas, as estruturas reprodutivas do baixeiro da planta podem apodrecer por conta da alta umidade e incidência de doenças.

No fim do ciclo do algodão, os dias ensolarados são muito bem-vindos. Quando não chove neste período, a operação de colheita é otimizada, e a lavoura consegue formar fibras de qualidade, com maior grau de brancura.


Impactos de condiçoes climáticas adversas no cultivo do milho
O déficit hídrico pode causar perdas em todas as fases da cultura do milho. No período vegetativo, o estresse hídrico pode reduzir a taxa fotossintética das plantas, o que afetará a produção de grãos nos estágios seguintes.

Na fase do florescimento, a falta de água causa a dessecação dos estilos-estigmas, aborto das espiguetas, e morte dos grãos de pólen. No enchimento de grãos, a deficiência fotossintética reduz a produção de fotoassimilados e sua translocação para os grãos.

Quando ocorrem dias seguidos de chuvas, a planta também enfrenta dificuldades para acessar a radiação solar, sem a qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de expressar o seu máximo potencial produtivo. A chuva em excesso também favorece a ocorrência de doenças do milho.

A redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por períodos longos, atrasa a maturação dos grãos e pode ocasionar queda na produção.

Quando ocorre chuva em excesso na época de colheita do milho, a operação pode ser afetada e a qualidade dos grãos também. Não é recomendável armazenar os grãos de milho com muita umidade, o que exige que o agricultor aguarde o encerramento das chuvas para que as espigas sequem, e a colheita possa ocorrer com tranquilidade.


Como conduzir a lavoura reduzindo perdas por estresses climáticos?

Para produzir milho, soja ou algodão em um período de incertezas sobre as condições climáticas, é necessário elaborar e executar uma estratégia que envolva a proteção do cultivo, e a oferta de água e insumos que ajudam as plantas a resistir aos estresses.

Antes mesmo de iniciar o plantio, é fundamental:

  • Planejar o manejo nutricional da lavoura a partir da análise de solo.
  • Avaliar condições do solo e realizar descompactação se necessário.
  • Escolher variedades tolerantes a doenças e aos estresses hídricos.
  • Adotar biotecnologias de proteção de plantas.
  • Respeitar o Zonamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).
  • Realizar o plantio direto na palhada.

Durante a safra, as recomendações são:

  • Monitorar pragas e doenças do início ao fim da safra.
  • Realizar o manejo de pragas de doenças de forma eficiente.
  • Proteger ao máximo as folhas e estruturas reprodutivas das plantas.
  • Executar corretamente o cronograma de nutrição de plantas.
  • Utilizar ferramentas eficientes para monitorar as condições climáticas.

Além destas ferramentas e práticas agronômicas, a irrigação pode ser um recurso importante para reduzir os impactos do estresse hídrico. Nesse caso, o planejamento deve considerar fatores específicos, que envolvem a região onde a lavoura está localizada, a estrutura da fazenda e outros.

Para saber mais sobre como utilizar a irrigação no cultivo do algodão, milho e soja, acesse o artigo “Agricultura e Irrigação: como funciona e qual a sua importância”.

A rotação de culturas na entressafra também é importante para superar chuvas irregulares e altas temperaturas. Os benefícios a longo prazo desta prática são:

  • Descompactação do solo.
  • Manejo de nematoides que atacam as raízes das plantas.
  • Redução da pressão de pragas que afetam as culturas do milho, soja e algodão.
  • A incorporação de matéria orgânica no solo.
  • Melhor absorção e preservação da água presente no solo.

Tecnologias Bayer para enfrentar adversidades climáticas

A plataforma digital CLIMATE FIELDVIEW®, da Bayer, é uma ferramenta que possibilita o monitoramento de todas as operações realizadas na lavoura, e do desenvolvimento das culturas. Para oferecer informações de qualidade ao agricultor, a tecnologia integra dados obtidos via satélite, indicadores de performance do plantio, colheita e pulverizações, e o histórico da lavoura.

A partir deste trabalho de inteligência, o agricultor pode saber exatamente quando e como atender as demandas de cada cultivo, evitando perdas por estresses climáticos ou nutricionais.

Com o foco em proteção de cultivos, a Bayer também disponibiliza as biotecnologias BOLLGARD® III RR FLEX™ para o algodão, Plataforma INTACTA2 XTEND® para a soja, e VTPRO4® para o milho. Estas tecnologias controlam as principais pragas de cada cultura, e expressam a tolerância ao herbicida ROUNDUP®, facilitando o manejo de plantas daninhas ao longo da safra.

Diferente das demais, a Plataforma INTACTA2 XTEND® também expressa a tolerância ao herbicida XTENDICAM®.

Confira o Boletim do Clima para se atualizar sobre as condições climáticas e seus efeitos na agricultura neste início de safra: