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Soja: um dos grandes destaques do agro brasileiro

Confira qual é o cenário previsto para esta safra e como combater as principais doenças que atingem as lavouras de soja11 de abril de 2023 /// 6 minutos de leitura

A importância da soja para a agricultura brasileira

As exportações do complexo soja, que inclui óleo, farelo e o grão, geraram mais de 60 bilhões de dólares para o Brasil em 2022, segundo o professor Marcos Fava Neves. Esse número representa 40% de tudo o que o agronegócio brasileiro vendeu ao mundo e quase 20% de todos os produtos exportados pelo país. "A soja está em todo lugar: na ração animal, no óleo e no biodiesel. É um produto com uma capacidade incrível de geração de renda", reforça.

Ainda de acordo com ele, o Brasil, que atualmente é responsável por 55% do mercado mundial de soja, pode chegar a 65% nos próximos 10 anos, ou seja, ⅔ de toda a soja comprada no mundo pode ser fornecida pelo país.

Os números são excepcionais, mas nem sempre foi assim. Na década de 1980, por exemplo, o Brasil produzia menos de 10% do volume atual e era importador do grão. 

Para dar este salto de produtividade e assumir a liderança da produção global, o país contou com uma série de fatores. Dentre eles, Carlos Toscano cita o trabalho de pesquisa e desenvolvimento feito pelas empresas do setor, os investimentos em tecnologia e a dedicação dos produtores brasileiros. 

Além do crescimento em produtividade, o Valor Bruto da Produção (VBP) de soja, ou seja, a renda no campo, deve somar mais de 400 bilhões de reais neste ciclo. O número representa um aumento de 20% em comparação com o ano passado e praticamente ⅓ de toda a renda do agronegócio brasileiro, de acordo com estimativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Com resultados tão expressivos, é possível atingir patamares ainda mais altos de produtividade no campo? 

Na opinião de Lucas Santos, o Brasil tem potencial para isso. "As áreas de Pesquisa e Desenvolvimento buscam, cada vez mais, ter cultivares adaptadas à realidade daqueles ambientes e muito mais produtivas, além de uma série de manejos que contribuem para que a cultura expresse todo seu potencial", afirma. 

Desafios na produção: doenças da soja

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal, em 2021, a soja foi a cultura com maior área tratada com defensivos, 57% do total. 

Isso acontece principalmente em decorrência das doenças e outros problemas que afetam a cultura, como plantas daninhas, pragas e adversidades climáticas. 

"A dinâmica de doenças da soja tem sido a mais desafiadora safra após safra. A cada ano, temos uma realidade e uma condição ambiental diferente. Há lançamentos de novas variedades com alto teto produtivo, mas sem a robustez para resistir naturalmente às doenças. Com isso, doenças que já eram problema no passado estão mais expressivas e existem novas aparecendo", analisa Ximena. 

Na lista de doenças da soja, a ferrugem-asiática é uma das mais temidas e pode prejudicar até 80% da produtividade. Além da ferrugem, a mancha-alvo é outra doença que tira o sono dos produtores brasileiros. "Temos um país muito amplo e com realidades distintas. Temos as chamadas Doenças de Final de Ciclo (DFC) que contemplam vários outros patógenos e que têm sido cada vez mais significativas no Brasil. Existe ainda o mofo-branco, comum em regiões de maior altitude e temperaturas mais baixas, e a anomalia das vagens, que compromete a qualidade do grão e tem afetado o Mato Grosso", acrescenta Ximena. 

De acordo com ela, os fungicidas são efetivos para doenças do complexo da soja de uma forma geral e contribuem para uma redução de anomalia das vagens também, mas é importante contar com programas adequados de aplicação. 

Carlos concorda e reforça que as doenças da soja não podem ser eliminadas com uma "bala de prata". "Na Bayer, pensamos em um sistema robusto de manejo para essas novas situações que o agricultor enfrenta."

Lucas ressalta ainda que o Brasil é um dos poucos países que produz soja em clima tropical e em uma grande área, o que muda a dinâmica das doenças e pragas da cultura. "Por isso temos um complexo de várias doenças que competem entre elas. O agricultor brasileiro investe, sabe que é necessário ter uma proteção adicional diferentemente de outros países. Ele sabe que, se tiver um clima bom para a soja, também vai ser um clima favorável para as doenças."

Para ele, a escolha da cultivar mais adaptada é o ponto de partida para a produção. Depois que o produtor já estabeleceu um alto teto produtivo para sua lavoura, ele deve pensar na proteção da planta, com manejos que vão ajudar a manter o potencial produtivo. 

Nova solução Bayer para a sojicultura

Pensando em um sistema de manejo altamente eficaz, a Bayer ampliou a família Fox® Xpro com o lançamento do Fox® Supra, que conta com uma nova molécula, a carboxiamida. Com dose única de aplicação, o produto apresenta alta eficácia contra a ferrugem da soja e todo o complexo de doenças da cultura. "O Fox® Supra já está no campo em áreas comerciais e estamos acompanhando os resultados. Além dessas áreas, mais de 150 estão instaladas em condição de pesquisa experimental para compará-lo com outros produtos do mesmo segmento", conta Ximena. 

Carlos diz que são 3.200 áreas assistidas pelos representantes comerciais juntamente com os agricultores para comprar o manejo padrão com o sistema da Bayer e os resultados são animadores. "Estamos com 70% de vitória, 5% de empate e apenas 25% de derrota. Isso é fantástico e além dos 70% de vitória nas áreas colhidas, temos um incremento de produtividade em torno de 2 sacos por hectare", acrescenta. 

O cenário da safra 2022/23

De acordo com levantamentos da Conab, a colheita da soja está abaixo do ritmo registrado na safra passada.

Marcos Fava Neves explica que esse atraso na colheita ocorreu por problemas climáticos, que têm afetado principalmente o Rio Grande do Sul, além do excesso de chuvas no Mato Grosso, atrasando as operações. "Mesmo assim, a expectativa é de que o Brasil produza 153 milhões de toneladas de soja e boa parte desse volume já está garantido. Estamos com um preço bom porque os americanos e argentinos tiveram perdas. A preocupação é com o futuro porque o preço vai estimular o plantio nos Estados Unidos, que deve trazer 5% a mais na safra que será plantada em abril e maio", observa o professor. 

Além de interferir no atraso da colheita, o excesso de chuvas pode favorecer o desenvolvimento de doenças, já que a maioria delas se manifesta em ambientes úmidos e com temperatura elevada. "Esta safra está com um regime de chuvas peculiar e a ferrugem está aparecendo onde, antes, não representava um problema significativo", conta Ximena.

Sobre as perspectivas para o clima nos próximos meses, Carlos comenta que a previsão é do retorno do fenômeno El Niño no segundo semestre, o que deve gerar um regime de chuvas dentro da média em todo o Brasil. Ele também destaca que, apesar da seca ter castigado novamente o Rio Grande do Sul, os estados do Paraná e Santa Catarina estão com bons resultados neste ano.

   

Oportunidades e alertas para a cultura

Ximena conta que, em relação ao controle de doenças na soja, é importante ter atenção à aplicação feita no estágio vegetativo, pois pesquisas têm indicado que é a aplicação que mais reduz a pressão das doenças sobre as lavouras, ajudando nas aplicações pré-fechamento. O uso de produtos com princípios ativos realmente eficazes no contexto da agricultura brasileira é outra dica da especialista. "Se tiver dúvida, consulte um técnico ou agrônomo para saber sobre os ativos dentro do produto, preste atenção às doses indicadas pelas empresas e atente-se para o intervalo das aplicações. Por fim, recomendo a utilização de fungicidas multissítio, que têm se tornado imprescindíveis para dar longevidade às moléculas e maior efetividade no controle."

Para Lucas, outra dica importante é escolher com confiança. "A vida do agricultor é feita de escolhas. Ele precisa escolher a cultivar, o trator e colhedora. E hoje está muito mais difícil fazer escolhas porque o mercado cresce, há mais ofertas, mas é preciso conhecer o histórico da empresa", conclui.

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