Como o aumento no preço do diesel afeta as margens dos produtores

O preço médio do diesel ficou mais de 12% mais caro em setembro de 2023, em comparação ao mês anterior, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Por conta disso, o poder de compra do produtor de soja frente ao combustível caiu de um mês para outro, enquanto a cotação média da saca de soja se manteve.

Usando como referência o mesmo período do ano passado, o custo com o diesel está 9% mais barato e o preço médio da saca de soja está 24% inferior. Isso torna as margens mais apertadas aos produtores.

Os cálculos do Cepea mostram que, em setembro deste ano, foi possível comprar 20 litros de diesel com a venda de uma saca de soja. Em agosto eram necessários 22,7 litros e, em setembro de 2022, eram mais de 24 litros de diesel. Ou seja, houve perdas no poder de compra do sojicultor.

Essa valorização do diesel pode ser explicada pela alta do petróleo no mercado mundial. Existem preocupações com conflitos no Oriente Médio que podem restringir o fornecimento global desse combustível.

O professor Marcos Fava Neves analisa esses resultados e comenta os impactos para o planejamento da safra que está começando. "Quem ganha um pouco com o aumento no preço do petróleo é a cana porque, teoricamente, a gasolina fica mais cara e dá mais competitividade para o etanol no mercado interno, além de ajudar no preço do açúcar. Por outro lado, o petróleo impacta no diesel, que ainda é muito usado na agricultura, além de afetar a taxa de inflação e a velocidade na redução de juros, gerando mais uma complexidade para o agro brasileiro."

Esmagamento da soja cresce em Mato Grosso

O esmagamento de soja em Mato Grosso cresceu 2,5% no acumulado de janeiro a setembro deste ano. Quase 9 milhões de toneladas da oleaginosa foram processadas no estado, de acordo com dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Somente em setembro, o volume esmagado de soja foi 18,6% maior na comparação anual, com mais de 1 milhão de toneladas processadas, gerando um resultado recorde para o mês.

Isso ocorre mesmo com a esperada retração no ritmo das indústrias no segundo semestre do ano, por conta de pausas para manutenção das plantas. Isso porque a demanda vem se mostrando mais aquecida para os subprodutos da oleaginosa, com destaque para o farelo de soja destinado à exportação.

Giro de notícias

A produção brasileira de soja deve crescer 4,4% na temporada 2023/2024, alcançando 164,7 milhões de toneladas. Com isso, os estoques finais devem subir de 5,5 para 13,8 milhões de toneladas.

As exportações de café registraram queda anual de 5,3% em setembro. Contudo, a China se destaca com um aumento de 132,5% nas importações do grão brasileiro.

O preço médio do leite teve retração mensal de 5,7%, ficando em R$ 2,41 o litro. A demanda enfraquecida, o aumento das importações e a redução dos custos de produção afetam toda a cadeia.

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Agenda da semana

Por fim, o Doutor Agro destaca os pontos que os produtores devem acompanhar na próxima semana:

• Colheita do milho nos Estados Unidos.

• Mercado global da soja.

• Plantio no Brasil.

• Conflito no Oriente Médio.

• Uso de combustível renovável na aviação.