Safra do milho: panorama geral!

Quais as estimativas para as próximas safras de milho?

O analista de agronegócio Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro, afirma que espera um cenário positivo para a produção de milho no Brasil neste ano.

De acordo com ele, a recente valorização do milho, especialmente no Brasil, foi impulsionada por uma reversão na posição dos fundos de investimento. “Os balanços mundiais de milho estão equilibrados, com os Estados Unidos colhendo a segunda melhor safra de sua história e a China alcançando sua maior produção. Além disso, Brasil e Argentina também tiveram desempenhos razoáveis.”

Com a estimativa de boas safras de milho nos próximos anos e a relação estoque/uso mundial se mantendo estável, o especialista acredita que o mercado deve ficar mais apertado, o que pode influenciar diretamente nos preços durante a safra do milho 2025.

Ele também ressalta o aumento da demanda interna, impulsionado pelo crescimento da produção de etanol de milho e pela expansão das indústrias de aves e suínos no Brasil. “Foram 18 milhões de toneladas de milho consumidas para a produção de etanol de milho no ano passado, o que reflete a força do mercado interno.”

Adicionalmente, o Brasil se consolidou como o maior exportador mundial de milho, com a exportação de 55 milhões de toneladas na última safra do milho no Brasil. No entanto, a projeção para 2025 é de 37 milhões de toneladas, considerando que a produção será 12 milhões de toneladas inferior à do ciclo anterior, enquanto o consumo interno, especialmente no setor de biocombustíveis, continuará em alta.

Investimento em tecnologia na safra de milho

O especialista em agronegócio também abordou as dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais em relação ao financiamento para investimentos em tecnologia, especialmente após eventos climáticos extremos, como as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul. “As perdas podem exigir mais capital para a reconstrução das lavouras e, em um cenário como esse, pode ser desafiador para os produtores obterem o investimento necessário”, afirmou Alexandre Mendonça.

Apesar das adversidades, ele acredita que o uso de tecnologias agrícolas deverá se manter nos mesmos patamares dos anos anteriores. “O Brasil é um país de dimensões continentais, com diferentes realidades produtivas, mas não creio que a safra do milho 2025 será comprometida, pois os números macroeconômicos indicam uma safra com investimento em tecnologia similar à do ano passado”, explica.

Em relação ao mercado de fertilizantes, Mendonça de Barros destaca que a venda de adubos deve se manter estável, girando em torno de 46 milhões de toneladas, volume similar ao registrado na safra do milho anterior.

Preço dos insumos: expectativas e riscos na safra de milho

Quanto aos preços dos insumos, o analista de mercado ressalta que, embora as margens estejam apertadas, os custos de produção seguem alinhados com a realidade do mercado internacional. No entanto, Mendonça de Barros alerta para fatores externos que podem influenciar diretamente esses preços.

“A China reduziu a exportação de fertilizantes fosfatados para priorizar a produção de baterias, o que pode elevar o custo do fósforo. Além disso, questões geopolíticas podem afetar o fornecimento de insumos estratégicos, como o potássio, exportado por Israel, e o nitrogênio, vindo do Oriente Médio.”

Diante desse cenário, ele recomenda cautela aos profissionais que atuam na análise do mercado de agronegócio. “É essencial acompanhar de perto essas dinâmicas, pois qualquer mudança no cenário internacional pode impactar o setor”, conclui Alexandre Mendonça.