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Percevejo-marrom: não deixe essa praga sugar sua rentabilidade!

01 de dezembro de 2023

Você sabia que um percevejo-marrom, em um único dia, pode causar perdas de quase 1 quilo por hectare na lavoura de soja? Em um período médio de ataque, que dura 35 dias, esse prejuízo pode chegar a 30 quilos por hectare.

Não é à toa que essa é uma das pragas que mais atormentam os sojicultores no Brasil. Apesar de se alimentar de diversas partes da planta, esse inseto prefere as vagens, o que afeta diretamente a produtividade e a qualidade da semente.

"Na minha opinião, é a praga mais importante da cultura da soja. Trata-se de um inseto migratório, que consegue tirar a maior quantidade e qualidade do grão. Em alta população, pode injetar uma toxina e fazer com que a planta tenha mais dificuldade para fechar seu ciclo. Além disso, pode estar presente em todo o ciclo", destaca Jurema Rattes, engenheira agrônoma, professora e sócio proprietária da Agro Rattes.
Em termos de produtividade, os prejuízos provocados pelo percevejo-marrom chegam a até 30%.


Como fazer o controle do percevejo-marrom

Fernando Grigolli, sócio proprietário e pesquisador da Famiva Pesquisa e Soluções Agrícolas, explica que o manejo do percevejo-marrom deve ser feito durante o ano todo, tanto na safra como na safrinha.

"Em algumas regiões do Brasil temos até a terceira safra, então, o sistema vai impactar a dinâmica da praga. É preciso tomar muito cuidado e preparar a área para a soja expressar todo o seu potencial."

Nos últimos 10 anos, a área de soja cresceu, em média, 5% no Brasil. Já a área tratada contra percevejos cresceu mais de 11%. "Ou seja, estamos crescendo em área, porém, muito mais em número de aplicações. Isso mostra que o manejo precisa melhorar", afirma Daniela Okuma, gerente de inseticidas Latam na Bayer.

Para isso, é essencial fazer o monitoramento e, quando identificada sua presença na lavoura, começar as aplicações imediatamente. 




Não tire o olho da lavoura!

O percevejo-marrom é um inseto fácil de identificar: ele é relativamente grande, tem uma mancha no escutelo e dois espinhos na lateral do corpo. Contudo, mais do que saber identificá-lo, é necessário entender o seu ciclo para melhorar a eficiência do controle. 
Fernando diz que a maioria dos sojicultores sabe identificar o percevejo adulto, mas o ponto de atenção é a fase de ninfa, que dura de 25 a 30 dias, dependendo da condição ambiental. 
"As ninfas têm um papel muito importante no processo de infestação. Quando há um pico populacional de percevejos na lavoura é porque o produtor não viu ou não sabia que aquilo era a ninfa. E é uma fase extremamente complexa de controlar por várias questões de comportamento, mobilidade e posição da ninfa na planta", alerta o pesquisador.

Outra característica do percevejo-marrom é que ele não causa danos visíveis na planta. Quando isso acontece, a infestação já está em estágio bastante avançado. Portanto, as amostragens são essenciais para identificar a presença dessa praga.

Jurema conta que, na fase adulta, o percevejo-marrom fica exposto no dossel da planta, em horários de maior incidência do sol.

Já as ninfas não se movimentam, ficam na parte de baixo da planta e alimentam-se do grão. "Controlar a ninfa é muito importante. O dano causado por ela é muito maior do que o dano do percevejo adulto porque ela se alimenta continuamente. "
Outra recomendação é ficar atento na hora da colheita, afinal, o percevejo-marrom usa a soja como sua principal hospedeira, mas ele pode sobreviver no ambiente por cerca de 6 meses, vivendo em plantas daninhas ou plantas tigueras. "Então, não basta um manejo inicial na soja, mas também dessecação de plantas daninhas, além do plantio em áreas limpas", comenta a gerente de inseticidas da Bayer.


Qual é a melhor hora para começar as aplicações?

O pano de batida é a melhor técnica para fazer a amostragem do percevejo-marrom. Trata-se de uma técnica simples, feita com um pano de 1 metro de comprimento, que quantifica os insetos presentes na área.

Durante o período de floração da soja, nos estágios R1 e R2, ocorre a colonização da praga e, caso seja identificada uma população alta, pode ser necessário antecipar as aplicações de inseticida.
"O percevejo-marrom já causa muitos danos no estágio R3. O produtor não pode esperar essa fase para começar o manejo. Ele tem que preparar o ambiente para ter o mínimo de insetos possível em R3", reforça Fernando. 
O especialista ressalta, ainda, que é importante entender o sistema de cultivo para tomar as melhores decisões porque o percevejo-marrom convive com diferentes culturas além da soja, como milho, trigo, algodão e feijão. "Isso será importante para definir o tamanho da pressão que a praga exerce na lavoura, mas a estratégia não muda: tentar manter a população baixa ao longo do ano todo. Quanto mais intensivo for o uso do ambiente, mais alta tende a ser a população de insetos."
 Por isso, a orientação de Jurema é nunca esperar atingir uma população de 2 percevejos por amostragem para dar início às estratégias de controle.

Os especialistas alertam que, quando é possível ver o percevejo na lavoura sem o processo de amostragem, é porque a população naquele local já é muito alta.


Combatendo o percevejo-marrom

A recomendação da Embrapa para iniciar o controle do percevejo-marrom na soja é de 2 indivíduos por pano de batida. No milho, no entanto, esse número é de 0,8 percevejo por metro quadrado.

"Para quem planta as duas culturas, isso quer dizer que um ambiente tolera 2 percevejos, mas o outro suporta metade da população. Então não dá pra fazer essa transição sem os devidos cuidados. É fundamental evitar prejuízos e garantir a sanidade da cultura que vem na sequência", reforça Fernando. 
A proteção é feita em três momentos: a primeira com um inseticida de choque para a população de insetos adultos; a segunda com um produto de choque e outro com residualidade na fase de florescimento e formação das vagens, a fim de proteger as sementes; a terceira aplicação deve ser feita no final do ciclo, com mais um inseticida de choque para eliminar a população que pode prejudicar a cultura seguinte, de acordo com Jurema.

A qualidade da aplicação também é fundamental. O agricultor deve considerar a quantidade do produto e conhecer o comportamento do inseto para determinar a melhor estratégia e o melhor horário para realizar as operações no campo.

Portanto, juntamente com o monitoramento da praga, o manejo químico é a principal ferramenta para controle do percevejo-marrom. E um dos novos ativos para combater esse inseto é Curbix®.

"Curbix® entra justamente nesse momento crucial, com efeito de choque para controlar adultos e residual para controlar as ninfas. Com longo período de controle e alta eficácia, o produto fica na planta e contamina os percevejos por contato, reduzindo a população", explica Daniela. 


Além de Curbix®, a Bayer oferece o Connect® para a segunda aplicação. Ele age sobre as ninfas e controla outras pragas que aparecem no final do ciclo, como a mosca-branca. 
Esse manejo combinado é campeão em estudos de eficácia no campo. Na última safra, o manejo Bayer obteve 80% de vitórias, em 600 áreas, no controle do percevejo-marrom.


Os maiores erros do produtor em campo

Para os especialistas, a falta de amostragem e o momento de aplicação de inseticidas são os maiores erros cometidos pelos agricultores no combate a essa praga. "Na minha leitura, o principal problema são as aplicações de carona, quando os inseticidas entram junto com os fungicidas", comenta Fernando.

Jurema concorda e diz que a falta de equipamentos é outro desafio da parte operacional, sobretudo em um período como este que os produtores estão enfrentando, com chuvas, altas temperaturas e estresse hídrico. "O produtor não tem o hábito de tirar um pulverizador da atividade principal, que são os manejos de doenças, para fazer o controle de uma praga que não causa desfolha. A que causa desfolha chama a atenção, já o percevejo-marrom é silencioso." 
Neste ano, a Bayer lançou a campanha Circuito Máxima Voltagem Curbix®, que será implementada em mais de mil áreas demonstrativas. Os produtores interessados em participar podem entrar em contato com os representantes de vendas Bayer/ de sua região para mais informações sobre a iniciativa.


Expectativas para o mercado da soja

As projeções do USDA indicavam uma safra de soja de 163 milhões de toneladas no Brasil, com crescimento de área de mais de 1 milhão de hectares em relação ao ciclo anterior. Contudo, os desafios impostos pelo clima nas lavouras brasileiras podem comprometer esse resultado.

"Durante o plantio, tivemos problemas em muitas áreas, algumas foram plantadas tardiamente, outras tiveram que passar por replantio, houve chuva em excesso em algumas regiões e seca em outras. Então tivemos uma condição de irregularidade e esse ponto é fundamental para observar agora nessa parte final do ano", analisa Marcos Fava Neves, professor e especialista em agronegócio.

Apesar dos desafios, o Brasil vem se consolidando como principal produtor da oleaginosa no mundo, exportando 60% da soja consumida globalmente.

Nesse contexto, o uso de tecnologias para proteção de cultivos é indispensável para garantir as margens do produtor. 
"A incidência de pragas e doenças retiram parte da produtividade. Eu acredito que é preciso ficar melhor antes de ficar maior. Cuidar bem do hectare que você tem é mais importante do que expandir, gerenciando a lavoura por metro quadrado. Para isso, é preciso investir em tecnologias para um controle eficiente, otimizando as aplicações e descobrindo o problema antes que ele se alastre", conclui.