Percevejo-marrom: não deixe essa praga sugar sua rentabilidade!
Conheça as melhores estratégias de controle do percevejo-marrom-da-soja, inseto capaz de provocar perdas de até 30% na produtividade da lavoura de soja e comprometer os resultados na colheita da soja.Você sabia que um percevejo-marrom pode causar grandes perdas na lavoura de soja?
Em apenas um dia, um único inseto é capaz de provocar quase 1 quilo de perda por hectare. Em um período médio de ataque de 35 dias, esse prejuízo pode chegar a 30 quilos por hectare.
Não é à toa que o percevejo-marrom-da-soja está entre as pragas que mais preocupam os sojicultores brasileiros. Embora se alimente de diversas partes da planta, sua preferência pelas vagens impacta diretamente a produtividade e a qualidade da semente.
"Na minha opinião, é a praga mais importante da cultura da soja. Trata-se de um inseto migratório, que consegue tirar a maior quantidade e qualidade do grão. Em alta população, pode injetar uma toxina e fazer com que a planta tenha mais dificuldade para fechar seu ciclo. Além disso, pode estar presente em todo o ciclo", destaca Jurema Rattes, engenheira agrônoma, professora e sócio proprietária da Agro Rattes.
No total, os prejuízos do percevejo-marrom na soja podem chegar a até 30% da produtividade, comprometendo seriamente a colheita da soja.
Como fazer o controle do percevejo-marrom?
Fernando Grigolli, sócio proprietário e pesquisador da Famiva Pesquisa e Soluções Agrícolas, explica que o manejo do percevejo-marrom deve ser contínuo, realizado ao longo de todo o ano, tanto na safra quanto na safrinha.
"Em algumas regiões do Brasil temos até a terceira safra, então, o sistema vai impactar a dinâmica da praga. É preciso tomar muito cuidado e preparar a área para a soja expressar todo o seu potencial."
Nos últimos 10 anos, a área de soja cresceu, em média, 5% no Brasil, enquanto a área tratada contra percevejos aumentou mais de 11%. "Ou seja, estamos crescendo em área, porém, muito mais em número de aplicações. Isso mostra que o manejo precisa melhorar", afirma Daniela Okuma, gerente de inseticidas Latam na Bayer.
Para um controle eficiente, é essencial realizar o monitoramento constante da lavoura de soja e, ao identificar a presença do percevejo-marrom, iniciar as aplicações imediatamente, evitando maiores prejuízos à produtividade e à colheita da soja.
Dicas para monitorar os sintomas do percevejo-marrom
O percevejo-marrom é um inseto relativamente fácil de identificar: apresenta porte maior, uma mancha no escutelo e dois espinhos nas laterais do corpo. Porém, mais do que reconhecê-lo na fase adulta, é necessário entender seu ciclo de vida para aumentar a eficiência do controle.
Segundo o pesquisador Fernando, a maioria dos sojicultores consegue identificar o percevejo adulto, mas o ponto de atenção está na fase de ninfa, que dura de 25 a 30 dias, dependendo das condições ambientais. "As ninfas têm um papel muito importante no processo de infestação. Quando há um pico populacional de percevejos na lavoura de soja é porque o produtor não viu ou não sabia que aquilo era a ninfa. E é uma fase extremamente complexa de controlar por várias questões de comportamento, mobilidade e posição da ninfa na planta", alerta.
Outra característica preocupante do percevejo-marrom é que ele não causa danos visíveis na planta. Quando os sintomas aparecem, a infestação já está em estágio avançado, o que torna indispensável a realização de amostragens periódicas para detectar a presença da praga.
Na fase adulta, o percevejo-marrom costuma ficar mais exposto no dossel da planta em horários de maior incidência solar. Já as ninfas permanecem na parte inferior, alimentando-se diretamente do grão. "Controlar a ninfa é muito importante. O dano causado por ela é muito maior do que o dano do percevejo adulto porque ela se alimenta continuamente", reforça Jurema Rattes, engenheira agrônoma.
Outro ponto de atenção é o período de colheita da soja. O percevejo-marrom tem a soja como principal hospedeira, mas pode sobreviver por até seis meses em plantas daninhas ou tigueras. “Por isso, não basta realizar apenas o manejo inicial na lavoura soja, é essencial investir também na dessecação de plantas daninhas e no plantio em áreas limpas”, recomenda a gerente de inseticidas da Bayer.
Qual é a melhor hora para começar as aplicações de inseticida?
O pano de batida é considerado a técnica mais eficiente para a amostragem do percevejo-marrom. Simples de aplicar, utiliza um pano de 1 metro para quantificar os insetos presentes na área e auxiliar no monitoramento da lavoura de soja.
Durante a fase de floração da soja, nos estágios R1 e R2, ocorre a colonização inicial da praga. Caso seja identificada uma população elevada, pode ser necessário antecipar as aplicações de inseticida. “O percevejo-marrom já causa grandes danos no estágio R3. O produtor não pode esperar até esse momento para iniciar o manejo, é preciso preparar o ambiente antes, garantindo o mínimo de insetos possível nessa fase crítica”, reforça o pesquisador Fernando.
O especialista ressalta, ainda, que compreender o sistema de cultivo é essencial para decisões mais assertivas, já que o percevejo-marrom também se hospeda em culturas como milho, trigo, algodão e feijão. "Isso será importante para definir o tamanho da pressão que a praga exerce na lavoura, mas a estratégia não muda: tentar manter a população baixa ao longo do ano todo. Quanto mais intensivo for o uso do ambiente, mais alta tende a ser a população de insetos", explica.
Por isso, Jurema orienta que o produtor não espere a presença de 2 percevejos por amostragem para iniciar o controle.
Os especialistas alertam: quando é possível observar o percevejo-marrom a olho nu na lavoura de soja, sem necessidade de amostragem, significa que a infestação já está em nível muito alto, colocando em risco a produtividade e a colheita da soja.
Qual o melhor inseticida para combater o percevejo-marrom?
A recomendação da Embrapa para iniciar o controle do percevejo-marrom na soja é de 2 indivíduos por pano de batida. No milho, no entanto, o limite é de 0,8 percevejo por metro quadrado.
"Para quem planta as duas culturas, isso quer dizer que um ambiente tolera 2 percevejos, mas o outro suporta metade da população. Então não dá pra fazer essa transição sem os devidos cuidados. É fundamental evitar prejuízos e garantir a sanidade da cultura que vem na sequência", reforça Fernando.
A proteção deve ser realizada em três momentos principais, conforme Jurema:
● Primeira aplicação: um inseticida de choque para reduzir a população adulta;
● Segunda aplicação: produto de choque associado a outro com residualidade, durante o florescimento e a formação das vagens, protegendo as sementes;
● Terceira aplicação: novo inseticida de choque no final do ciclo, eliminando a população que poderia prejudicar a cultura seguinte.
A qualidade da aplicação também é fundamental. O agricultor deve ajustar a dose correta, considerar o comportamento do percevejo-marrom e escolher o melhor horário para ter a máxima eficiência no campo.
Assim, aliado ao monitoramento da praga, o manejo químico continua sendo a principal ferramenta para proteger a lavoura de soja e assegurar produtividade na colheita da soja.
Um dos ativos mais inovadores é o Curbix®. "O inseticida entra justamente nesse momento crucial, com efeito de choque para controlar adultos e residual para controlar as ninfas. Com longo período de controle e alta eficácia, o produto fica na planta e contamina os percevejos por contato, reduzindo a população", explica Daniela.
Além de Curbix®, a Bayer recomenda o uso de Connect® na segunda aplicação. Ele age sobre as ninfas e controla outras pragas que surgem no final do ciclo, como a mosca-branca.
Esse manejo combinado tem se destacado em estudos de campo: na última safra, a estratégia de manejo Bayer obteve 80% de vitórias em 600 áreas no controle do percevejo-marrom da soja.
Os maiores erros do produtor na lavoura de soja
Segundo especialistas, a falta de amostragem e o momento inadequado de aplicação dos inseticidas estão entre os principais erros cometidos pelos agricultores no combate ao percevejo-marrom. "Na minha leitura, o principal problema são as aplicações de carona, quando os inseticidas entram junto com os fungicidas", comenta Fernando.
Jurema concorda e acrescenta que a ausência de equipamentos também é um desafio operacional, especialmente em períodos de chuvas, altas temperaturas e estresse hídrico. "O produtor não tem o hábito de tirar um pulverizador da atividade principal, que são os manejos de doenças, para fazer o controle de uma praga que não causa desfolha. A que causa desfolha chama a atenção, já o percevejo-marrom é silencioso", alerta.
Para reforçar a importância do manejo correto, a Bayer lançou a campanha Circuito Máxima Voltagem Curbix®, que será implementada em mais de mil áreas demonstrativas. Produtores interessados podem entrar em contato com representantes de vendas da Bayer em suas regiões para obter mais informações sobre a iniciativa.
Expectativas para a colheita de soja
As projeções do USDA indicavam uma safra de soja de 163 milhões de toneladas no Brasil, com aumento de área superior a 1 milhão de hectares em relação ao ciclo anterior. Contudo, os desafios climáticos nas lavouras de soja podem comprometer esse resultado.
"Durante o plantio, tivemos problemas em muitas áreas, algumas foram plantadas tardiamente, outras tiveram que passar por replantio, houve chuva em excesso em algumas regiões e seca em outras. Então tivemos uma condição de irregularidade e esse ponto é fundamental para observar agora nessa parte final do ano", analisa Marcos Fava Neves, professor e especialista em agronegócio.
Apesar das dificuldades, o Brasil segue se consolidando como principal produtor mundial de soja, responsável por 60% da exportação global da oleaginosa.
Nesse cenário, o uso de tecnologias para proteção de cultivos torna-se indispensável para garantir margens mais seguras ao produtor.
"A incidência de pragas e doenças retiram parte da produtividade. Eu acredito que é preciso ficar melhor antes de ficar maior. Cuidar bem do hectare que você tem é mais importante do que expandir, gerenciando a lavoura de soja por metro quadrado. Para isso, é preciso investir em tecnologias para um controle eficiente, otimizando as aplicações e descobrindo o problema antes que ele se alastre", conclui.