Fases do algodão: conheça as etapas do desenvolvimento do algodoeiro

25 de julho de 2022

Organização do plantio

O algodoeiro é muito importante para a economia e o agronegócio brasileiro. Porém, para uma produção assertiva, é essencial conhecer as particularidades das fases do algodão.

De acordo com uma reportagem da Globo Rural publicada em janeiro de 2021, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que o Brasil continuaria como o segundo maior exportador mundial de pluma de algodão, com 2,18 milhões de toneladas na safra 2020/21. O primeiro seria os Estados Unidos, com 3,27 milhões de toneladas.

Para seguir produzindo a fibra com excelência e atendendo as demandas globais por esta commodity, conhecer as fases do algodão é fundamental. Assim como saber sobre as principais pragas, doenças e fatores de risco de cada etapa da cultura do algodão auxilia na organização do plantio.


As fases do algodão: da semeadura à colheita

Antes de mais nada, o algodão é uma planta herbácea do gênero Gossypium e da família Malvaceae. O ciclo do algodão dura entre 130 e 220 dias, dependendo do cultivar. Possui cinco fases fenológicas, ou seja, etapas do desenvolvimento e crescimento da cultura.

Essas cinco etapas foram definidas pensando em estratégias de manejo de alta performance da cultura do algodão. São elas: semeadura à emergência, vegetativa (V), botões florais (B), florescimento (F) e da abertura dos capulhos à colheita (C).

Cada uma das fases do algodão demanda cuidados específicos. Sendo assim, veja abaixo os fatores de maior importância de cada fase de desenvolvimento:


Da semeadura à emergência

Primeiramente, a fase de semeadura à emergência tem duração média de cinco a oito dias. Para que a planta inicie a safra em perfeitas condições, a temperatura do solo deve estar próxima a 20ºC. Da mesma forma, a temperatura do ar precisa estar entre 25 e 30ºC. Além disso, a umidade adequada também é fundamental para garantir uma emergência rápida e uniforme de plantas.


Fase vegetativa (V)

A fase vegetativa começa com a emergência das plantas. Estende-se até, geralmente, o momento em que há o aparecimento do primeiro botão floral. Do mesmo modo, é nessa fase que ocorre o incremento no número de folhas e o desenvolvimento de nós e entrenós.

Durante este período, 70% de toda a energia produzida pela planta é utilizada para o desenvolvimento do sistema radicular, mas o destaque para essa fase do algodão se dá pela sua importância para a formação de plantas vigorosas.

A duração da fase vegetativa do algodoeiro depende do ciclo da cultivar. Assim, ela pode ser precoce, média ou tardia, variando entre 35 e 45 dias.


Fase de botões florais (B)

A fase de botão floral marca o início do período reprodutivo do algodoeiro. Esta etapa tem início com o aparecimento do primeiro botão floral visível e se encerra com a abertura da primeira flor, ou seja, quando a planta apresenta entre 15 e 16 nós.

Essa fase do algodão é de grande importância para o desenvolvimento dos nós. Igualmente, é necessário garantir tempo ideal para o florescimento e a produção da fibra. Após o surgimento do primeiro botão floral, entre o 5º e o 7º entrenó, ocorre o aparecimento de um botão a cada três dias. A duração média desta etapa é de 35 a 45 dias.


Fase de florescimento (F)

A fase de florescimento começa com a abertura da primeira flor e se encerra com o aparecimento das flores no ponteiro. Esta fase tem duração média de 40 a 55 dias. De maneira idêntica, ela é determinante para a fixação dos frutos verdes do algodoeiro, chamados de maçãs.

A exigência hídrica do algodoeiro nessa fase é de 8mm a 10mm/dia. Esse dado merece atenção, já que o estresse hídrico pode afetar muito o algodoeiro nessa fase. Isso pode levar a queda de botões florais e maçãs e comprometer a produtividade.


Da abertura dos capulhos à colheita (C)

Quando as maçãs amadurecem, passam a se chamar capulhos. No momento em que o capulho se abre, inicia a fase final do ciclo do algodão.

A duração desta fase depende das condições climáticas e do uso de um regulador de crescimento. Porém, se estende, em média, por 30 a 45 dias.

Popularmente conhecida como “cut-out”, é nesta fase que se iniciam a formação do ponteiro e a abertura dos primeiros capulhos. Nesse momento, a demanda nutricional do algodoeiro fica muito grande.

Nas outras fases do algodão, os estresses causavam perda de produtividade. Eventualmente, durante a fase final do desenvolvimento da lavoura, representada pela abertura dos capulhos, eles influenciam na qualidade da fibra.

Sendo assim, para realizar a manutenção da produção, é fundamental manter a planta com alto vigor vegetativo. Se necessário, pode-se complementar a nutrição de nitrogênio e potássio por meio de aplicações foliares. Mas é importante destacar que as chuvas não são mais desejadas na lavoura de algodão após a abertura dos capulhos.


Início da programação da colheita na fase de abertura dos capulhos

A programação da colheita deve começar no período de abertura dos capulhos e se encerra com a aplicação de desfolhante.

Os desfolhantes são importantes para garantir uma boa colheita. Igualmente, mantêm a qualidade das fibras com baixa impureza, umidade e amarelecimento reduzido. Por este motivo, o momento da aplicação dos desfolhantes é decisivo para o sucesso da lavoura:

  • O acelerador de abertura das maçãs deve ser aplicado quando 70% a 80% dos capulhos estiverem abertos;
  • Os desfolhantes devem ser aplicados apenas quando 80% dos capulhos estiverem abertos.

Aplicações antecipadas desses produtos podem ocasionar perda de qualidade de fibras.


Dicas para a colheita do algodoeiro

Para uma colheita eficiente e que preserva a qualidade da fibra produzida, deve- se tomar alguns cuidados:

  • Antes de mais nada, ao iniciar a colheita, é importante realizar o controle de plantas daninhas. Elas podem diminuir a qualidade das fibras e dificultar essa etapa;
  • Antes de mais nada, ao iniciar a colheita, é importante realizar o controle de plantas daninhas. Elas podem diminuir a qualidade das fibras e dificultar essa etapa;
  • A velocidade ideal de colheita é de 3,5 km/h.

No momento da colheita, é necessário avaliar as perdas ocorridas. Observe a presença de algodão no chão e de fibras presas nas plantas após a passagem da colhedora, por exemplo.

Estes indicadores mostram que algumas regulagens devem ser realizadas na máquina. As perdas aceitáveis na colheita são de no máximo de 8% a 10%. Todavia, se estiver acima disso, é um sinal de alerta.


Atenção às pragas e doenças

Fase vegetativa do algodoeiro

As principais pragas da etapa vegetativa são: lagarta-elasmo (u lignosellus) e broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis). Ambas reduzem o estande e destroem as raízes das plantas. Vale destacar que o período de ataque da broca-da-raiz se estende até o final da fase de botões florais.

Os pulgões (Aphis gossypii), tripes (Frankliniella schultzei) e moscas-brancas (Bemisia tabaci e Bemisia argentifolii) também são pragas relevantes no período vegetativo. Isso porque são responsáveis pela transmissão de viroses e pela redução de desenvolvimento inicial. O manejo dos pulgões para variedades suscetíveis às viroses do algodoeiro deve ser realizado com maior rigor entre cinco e 100 dias após a emergência.

A atenção com doenças nesta etapa também é necessária, principalmente com o tombamento (Colletotrichum gossypii) e a mela (Rhizoctonia solani). Ambas ocasionam redução do estande. Além disso, são relevantes na pré e pós-emergência das plantas.


Fase de botões florais

O ataque de lagartas na fase de botões florais até o cut-out é crítico. O ataque da lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens e Helicoverpa armigera) pode derrubar estruturas reprodutivas e maçãs em formação.

O bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) também ganha destaque neste período. Este inseto é importante e merece atenção em todas as fases da cultura. Em contrapartida, o início do manejo preventivo da praga deve ocorrer a partir do surgimento dos botões florais. O dano do bicudo causa o abortamento dos botões florais, flores e maçãs, prejudicando a qualidade das fibras e sementes.

Nesta fase do algodão, também são necessários manejos para doenças, principalmente ramulária (Ramularia areola) e mancha-angular (Xanthomonas citri sp. malvacearum).


Fase de florescimento

As lagartas das maçãs, lagarta helicoverpa (Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera), lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) e spodopteras (Spodoptera cosmioides, Spodoptera eridania e Spodoptera frugiperda) provocam danos nas maçãs na fase de florescimento. A ocorrência de bicudo do algodoeiro ainda merece destaque nesta fase.

Nesse período, também deve-se monitorar a presença do ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus), ácaro-rajado (Tetranychus urticae), pulgão (Aphis gossypii), e principalmente do percevejo-rajado (Horciasoides nobilellus) e os percevejos migrantes da soja: percevejo-marrom (Euschistus heros), percevejo barriga-verde (Dichelops spp.) e percevejo-manchado (Dysdercus spp.). Os percevejos podem ocasionar danos e perda de produtividade na mesma intensidade que o bicudo do algodoeiro.


Fase de abertura dos capulhos

A mancha de ramulária segue como uma doença fúngica relevante na fase de abertura dos capulhos, assim como em áreas do Cerrado. Sob o mesmo ponto de vista, as condições climáticas ali são favoráveis. Essa doença é capaz de reduzir até 75% da produtividade em cultivares suscetíveis.

A identificação da ramulária é feita pelas folhas mais velhas, em ambas as faces. Da mesma forma, é preciso observar se há lesões angulares ou de formato irregular entre as nervuras. O ideal é identificar a presença dela o quanto antes, no início da mancha azulada ou véu de noiva, que se forma na face de baixo da folha.

Em áreas irrigadas ou em plantios adensados, o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) também ganha destaque. Os sintomas da doença são murcha, necrose e podridão úmida da haste, do pecíolo, da folha e da maçã.

Na fase reprodutiva do fungo causador da doença, ele pode ser identificado pelos escleródios (estruturas irregulares e escuras) no interior das maçãs. Essas estruturas são responsáveis pela persistência da doença na área por até 11 anos.


Adubação em determinadas fases do algodão

A primeira adubação de cobertura com nitrogênio e potássio precisa ser feita no início da fase de botões florais. Doses elevadas de nitrogênio e potássio podem ser parceladas, para evitar perda de nutrientes. É necessário considerar a quantidade de nutriente e a textura do solo para optar pelo parcelamento do adubo.

Também é nesse momento que acontece a primeira aplicação de regulador de crescimento. Os reguladores de crescimento são importantes para garantir a produtividade e a qualidade da fibra. Além disso, podem ajudar a evitar o crescimento excessivo e o auto sombreamento da planta.

A aplicação deve ser correlacionada com as condições climáticas, características das variedades, fertilidade do solo e cobertura de nitrogênio e potássio.

A segunda adubação de cobertura é essencial no início da fase de florescimento do algodão. O manejo de doenças deve continuar, juntamente com o monitoramento do crescimento da planta, para determinar o uso do regulador de crescimento.

Fontes:
Cultura do Algodão - Agro Pós
Escala do Algodão - IPNI
Ecofisiologia e Manejo da Cultura do Algodoeiro - IPNI