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Conheça a doença Soja Louca II

17 de janeiro de 2023

A Soja Louca II (SL-II) é uma doença que causa afilamento e enrugamento das folhas e engrossamento de nervuras da Planta De Soja. Assim como a Soja Louca, a SLII impacta as plantas com um distúrbio fisiológico capaz de reduzir a produtividade da lavoura.

A diferença entre a Soja Louca e a SL-II é que, enquanto a primeira é transmitida pelo Percevejo, a Soja Louca II é provocada pelo nematoide Aphelenchoides besseyi.

De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a Soja Louca II tem afetado o rendimento da sojicultura brasileira desde a safra 2005/2006.

Apesar do problema ser antigo, a SL-II só foi reconhecida como doença da cultura da soja pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) em 2015. E, desde então, as pesquisas para compreender a doença, seus efeitos e seu manejo se intensificaram.

Por se tratar de evento recente, ainda há muitas informações sobre a SL-II que precisam ser esclarecidas. No entanto, graças às pesquisas da Embrapa em parceria com diversas organizações, já existem dados suficientes para auxiliar na identificação dos sintomas de SL-II nas plantas e no manejo do nematoide que causa a doença.

Sintomas da Soja Louca II

A Soja Louca II chega até a planta de soja quando o nematoide Aphelenchoides besseyi penetra suas raízes. A partir do ataque da praga, ocorre uma alteração fisiológica na planta, que provoca diversas anomalias em seu desenvolvimento.

Alguns sintomas de Soja Louca II podem ser identificados visualmente em diferentes partes da planta:

  • Nas folhas
    Apresenta folhas mais finas no topo da planta. As folhas também ficam enrugadas e com nervuras mais grossas por toda a estrutura. Estas folhas podem ser mais escuras e menos pilosas do que as de plantas saudáveis.
  • Nas hastes
    As hastes apresentam deformações e engrossamento dos nós.
  • Nas vagens
    Nas vagens, a doença causa lesões, rachaduras, apodrecimento e redução na produção de grãos.

A Soja Louca II também pode causar o abortamento de vagens. Como consequência, a planta é induzida a florescer novamente, causando o sintoma conhecido como superbrotamento.

Segundo a Embrapa, este conjunto de sintomas impede o processo natural de maturação da soja. Por conta disso, a planta afetada permanece verde, mesmo após a dessecação da cultura com herbicidas.

De acordo com publicação técnica de Mauricio Meyer, pesquisador da Embrapa, os sintomas da Soja Louca II podem se manifestar nas plantas no início da fase reprodutiva da cultura.

Impactos da Soja Louca II

O estudo publicado em 2019, por Luciany Favoreto, da Empresa De Pesquisa Agropecuária De Minas Gerais (EPAMIG), apresenta diversos relatos de perdas de produtividade e impactos econômicos causados pela Soja Louca II no Brasil.

De acordo com o levantamento, uma única propriedade, localizada na região Norte do Mato Grosso, em área de Cultivo De Algodão em sucessão à soja, registrou perda de 250.000 sacas de soja na safra 2018/19. Esta quantia representa o prejuízo de aproximadamente R$ 15 milhões de reais.

Dados da Embrapa revelam que, em regiões mais quentes e chuvosas, especialmente nos estados do Mato Grosso, Pará, Amapá e Tocantins, a doença pode comprometer até 100% da produtividade da Lavoura De Soja.

Nematoide que causa a Soja Louca II

A Circular Técnica publicada pela Embrapa, em parceria com a Epamig, explica que o nematoide Aphelenchoides besseyi, agente etiológico da Soja Louca II, também é conhecido como “nematoide da haste verde”.

Este nematoide alimenta-se de fungos que habitam o solo e da parte aérea de culturas como feijão, soja, Algodão, forrageiras, entre outras.

  • Organismo saprofítico
    O nematoide consegue sobreviver no solo sem a necessidade de uma planta hospedeira, alimentando-se de fungos decompositores de matéria orgânica. Em condições extremas, a praga consegue reduzir sua atividade metabólica, sobrevivendo por meses no interior de restos culturais.
  • Se multiplica rapidamente
    O nematoide é capaz de se multiplicar no interior dos tecidos hospedeiros.
  • Se espalha facilmente
    O nematoide pode se disseminar pelo contato entre folhas de plantas doentes com folhas sadias, por meio de respingos de chuva ou orvalho noturno. Resíduos de plantas doentes espalhados pela lavoura também podem aumentar a mobilidade da praga.

Além destes hábitos e habilidades, estudos recentes da Embrapa indicam que o nematoide Aphelenchoides besseyi é um endoparasita, ou seja, a praga penetra o interior das raízes.

Depois da penetração, a praga se movimenta dentro da planta até chegar aos racemos florais e folhas mais jovens, que são os locais onde os nematoides se alimentam e se multiplicam.

É importante reforçar que a Embrapa acredita serem necessárias mais pesquisas para conhecer melhor o nematoide.

Manejo da Soja Louca II

Até o momento não há cultivares de soja tolerantes ou resistentes aos danos causados pela Soja Louca II, tampouco produtos fungicidas que controlem a doença. Neste contexto, o foco do manejo deve ser o nematoide Aphelenchoides besseyi.

As principais medidas de controle para este nematoide estão relacionadas aos tratos culturais da lavoura e ao bom manejo do solo.

É recomendado programar a rotação de culturas com plantas não hospedeiras de A. besseyi e realizar o controle sistemático de plantas hospedeiras voluntárias.

Para realizar o Plantio Direto De Soja em áreas com histórico de SL-II, é importante que a semeadura só ocorra sobre a palhada de plantas mortas. A dessecação da área com antecedência mínima de 15 a 20 dias antes do plantio ajuda a reduzir a pressão do nematoide na lavoura.

Após a emergência da soja, é fundamental que as Plantas Daninhas sejam manejadas imediatamente.

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