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Antracnose na soja: saiba como controlar!

Em anos chuvosos, essa doença pode causar prejuízo de até 100% nas lavouras de soja. Confira as técnicas de manejo para evitar que isso aconteça01 de novembro de 2023 /// 4 minutos de leitura

A antracnose na soja é uma das principais doenças que afetam o cultivo da oleaginosa, especialmente em regiões produtoras localizadas no Cerrado, no Matopiba e no sul do Brasil. Nesse último caso, o problema geralmente ocorre em safras marcadas pelo alto volume de chuva.

Além de encontrar condições favoráveis para o seu desenvolvimento em diversas regiões brasileiras, a doença se dissemina rapidamente e se manifesta principalmente durante o período de formação das vagens.

Por ser considerada uma etapa determinante no potencial produtivo da lavoura, a infecção das vagens pode comprometer significativamente o rendimento da safra.

Caso o produtor não invista em métodos eficazes de prevenção e controle da doença, poderá registrar perdas que variam de 20% a 100% da produtividade da lavoura. Esse número depende do estágio de desenvolvimento da plantação e das condições climáticas na região produtora.

Considerando o potencial de devastação da antracnose, o agricultor precisa ficar atento aos sintomas da doença e adotar as práticas necessárias para controlar esse problema.

Neste artigo, explicaremos quais são esses sintomas, como identificar a antracnose e o que fazer para eliminar essa doença da lavoura.

O que é antracnose?

A antracnose é uma doença que ataca diversas culturas economicamente importantes para o país, como a soja, o milho, o feijão, o sorgo, entre outros cultivos.

Após infectar a planta, essa doença pode comprometer seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, prejudicando o crescimento e a produtividade da lavoura.

Isso acontece porque a doença provoca a necrose das células vegetais, causando o aparecimento de manchas escuras nas folhas, frutos e vagens. Essa necrose também torna a planta mais suscetível a patógenos secundários.

O que causa a antracnose na soja?

A antracnose é causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, microrganismo capaz de infectar mais de 150 espécies de plantas. Por esse motivo, a doença pode atacar diversas culturas. Esse fungo se desenvolve apenas em condições favoráveis de umidade e calor.

Na soja, a disseminação do fungo ocorre principalmente em áreas que registram uma alta densidade de plantas ou após o fechamento das linhas. Associada ao molhamento foliar prolongado e temperatura entre 18°C e 25°C, esses fatores criam as condições consideradas favoráveis para o estabelecimento da doença.

O fungo pode infectar a lavoura de várias formas, principalmente por meio de sementes e restos culturais contaminados por esporos, que são as estruturas reprodutivas do microrganismo.

Sementes obtidas de plantas que sofreram atraso da colheita por conta da chuva, por exemplo, podem apresentar porcentagens de infecção por antracnose superiores a 50%.

Os esporos também podem ser dispersos pelo vento e pela água da chuva e conseguem sobreviver por um longo tempo no solo até encontrar condições favoráveis ao seu desenvolvimento.

Leia também: Conheça as principais doenças da soja

Quais os sintomas da antracnose na soja?

Os sintomas dessa doença variam de acordo com a parte da planta afetada e o momento da infecção. Quando a infecção ocorre por meio de sementes contaminadas, a germinação e a sobrevivência das plântulas diminuem, prejudicando o estabelecimento da lavoura.

Isso porque as plântulas originadas a partir de sementes infectadas podem apresentar necrose dos cotilédones e no hipocótilo, causando seu tombamento.

Se a infecção se manifesta durante os estágios de desenvolvimento vegetativo, a planta pode apresentar pecíolos necrosados e folhas e hastes com manchas escuras, sinais da infecção fúngica.

No entanto, os problemas são mais graves quando a doença se manifesta na fase reprodutiva do ciclo de vida da soja.

Geralmente, quando a infecção ocorre nos estádios R3 e R4, as vagens ficam retorcidas e adquirem coloração castanho escura a negra por conta das lesões concêntricas escuras que sinalizam a presença das estruturas do fungo.

Quando essas vagens estão em período de granação, elas também desenvolvem lesões que começam como estrias e evoluem para manchas negras. As vagens em fase de enchimento ainda podem se romper e expor os grãos antes do tempo.

E se os grãos forem infectados, também podem apresentar manchas escuras no tegumento. Em casos avançados de infecção, as folhas e vagens apodrecem e caem, causando perdas significativas na lavoura.

Vale lembrar que mesmo cultivando sementes infectadas ou com restos culturais contaminados, o fungo pode se desenvolver de forma latente no interior do tecido cortical.

Nesse caso, ele pode se manifestar apenas durante a fase reprodutiva da soja, prejudicando o desenvolvimento das vagens e sementes.

Como identificar a antracnose na soja?

A identificação precoce da antracnose é fundamental para minimizar os danos e preservar a saúde da plantação. Como essa é uma doença silenciosa, o produtor precisa fazer o monitoramento constante da lavoura para conseguir detectar os primeiros sinais da doença.

Esse monitoramento inclui inspeções in loco para avaliar a lavoura. Durante a visita, também é importante coletar amostras de diferentes partes da planta para avaliar se ela está saudável ou apresenta alguma anormalidade.

De acordo com Paulo Cezar Ceresini, engenheiro agrônomo e professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Ilha Solteira, durante as inspeções, o produtor precisa ficar atento a algumas partes específicas da planta.

“Se o produtor não se atentar para a região abaixo do dossel, a doença vai passar imperceptível. Então, para fazer a amostragem, ele precisa abrir o dossel da soja, coletar algumas vagens e observar a olho nu, ou com uma lupa de bolso, se há a presença de pontuações pretas nas vagens", recomenda o professor para o diagnóstico da doença.

Segundo o especialista, essas pontuações pretas são os acérvulos produzidos pelo fungo causador da antracnose. Esses sinais são facilmente identificados, sem a necessidade de microscópio ou lupa de maior aumento.

Além dessas inspeções em campo, o produtor também pode utilizar tecnologias da agricultura digital para facilitar a integração de dados coletados no campo com informações obtidas a partir de imagens de satélite, drones, sensores, entre outras tecnologias.

Esses recursos aumentam a capacidade de monitoramento da lavoura e facilitam a detecção precoce de pragas e doenças.

Leia também: Colheita de soja: como melhorar a produtividade

Como controlar a antracnose na soja?

A melhor forma de prevenir e controlar a antracnose na soja é integrar diferentes técnicas de manejo. Isso é fundamental para interromper a disseminação e reduzir a população do fungo C. truncatum.

Para isso, o produtor pode adotar as seguintes medidas:

  • Sistema de rotação de culturas para reduzir a concentração de esporos do fungo no solo e interromper seu ciclo de infecção;

  • Cultivo de sementes tratadas, certificadas e de alta qualidade;

  • Plantio de híbridos resistentes à antracnose;

  • Fazer o manejo adequado do solo, eliminando restos culturais de safras anteriores;

  • Investir no monitoramento constante da lavoura;

  • Garantir o maior espaçamento entre as linhas (50-55 cm);

  • Fazer o controle de plantas daninhas;

  • Aplicar fungicidas sistêmicos (como benzimidazois, triazois, triazolinthionas e estrobilurinas) e fungicidas protetores (ditiocarbamatos) quando necessário.

Recomendações para a aplicação de fungicidas

O modo como a aplicação de fungicidas para o controle de antracnose deve ser feita depende do estádio de desenvolvimento da lavoura em que os sintomas são identificados.

Nos estágios vegetativos, é possível aplicar efetivamente o fungicida no dossel inferior das plantas. O ideal é fazer uma aplicação durante o início da fase de floração da soja, período em que a planta se torna mais vulnerável a danos por conta da possibilidade de transferência de agentes patogênicos das folhas para as flores.

Além disso, é fundamental fazer aplicações de fungicidas após a floração para evitar a transmissão do fungo diretamente para as vagens.

Caso a doença se manifeste já nos estágios de formação de vagens e grãos, a recomendação é que a aplicação do defensivo seja feita diretamente nas vagens. No entanto, isso deve ser feito antes do fechamento do dossel da soja.

"Em visitas a áreas de produção em Sorriso e Sinop, no Mato Grosso, pude observar que, quando o dossel se fecha, as vagens ficam praticamente cobertas e a tecnologia usada não permite ao fungicida atingir o alvo, que seria diretamente nas vagens", explica Paulo Ceresini.

Além desses cuidados, a recomendação é aplicar os fungicidas com intervalos não superiores a 15 dias e usar produtos eficientes e com diferentes ativos, como os fungicidas Nativo®, Fox® Xpro, Fox® Supra e Sphere® Max.

Isso é importante para garantir a rotação dos mecanismos de ação, ampliar o espectro de controle da doença e reduzir risco de desenvolvimento de resistência.

Dessa forma, a plantação de soja fica mais protegida contra a antracnose!

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