Como identificar percevejo-marrom: características e danos
Entender como identificar percevejo-marrom na agricultura exige que o produtor conheça o ciclo de vida desse inseto, os sinais de infestação e técnicas de monitoramento.01 de agosto de 2024 /// 8 minutos de leituraO percevejo-marrom faz parte do chamado complexo de percevejos fitófagos. Esse complexo é composto por espécies de percevejos conhecidos por se alimentarem de grãos e por reduzirem a produtividade da lavoura.
Essa praga pode atacar diferentes culturas, como algodão, milho, girassol, feijão, entre outras espécies vegetais. No entanto, seu principal alvo é a soja.
Atualmente, o percevejo-marrom é considerado uma das principais pragas da soja. Para se ter uma ideia do potencial de destruição dessa praga, estima-se que ela pode causar perdas de até 40% da lavoura de soja.
O primeiro passo para evitar esse prejuízo é aprender como identificar percevejo-marrom na lavoura. Neste artigo, explicaremos como fazer a identificação correta desse inseto, como fazer o controle eficiente dessa praga e o que fazer para proteger a lavoura. Boa leitura!
O que é o percevejo-marrom?
O percevejo-marrom (Euschistus heros) é um inseto com grande capacidade de destruição e alta resistência. Ele tem o hábito alimentar sugador, ou seja, se alimenta sugando diretamente os grãos produzidos pelos seus hospedeiros.
Essa praga está presente em todas as regiões produtoras do Brasil, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Isso porque ambientes com temperatura mais elevada, entre 22 °C e 28 °C favorecem o desenvolvimento do inseto.
Quais os danos causados pelo percevejo-marrom?
O percevejo-marrom pode causar danos diretos e indiretos à lavoura. Os danos diretos são causados pelo hábito alimentar do inseto, que suga a seiva de ramos, hastes e vagens das plantas. Nesse processo, ele retira os recursos nutricionais necessários para o desenvolvimento do espécime vegetal.
Quando esse ataque ocorre na fase reprodutiva da lavoura, a infestação pode provocar o abortamento de vagens, queda da produtividade da planta e redução do potencial germinativo das sementes.
A infestação também diminui a qualidade dos grãos, que perdem peso e apresentam má-formação. Esses sintomas podem ser intensificados pelas toxinas que o inseto injeta na planta durante a sua alimentação e ainda podem causar retenção foliar.
Além desses problemas, o percevejo-marrom ainda pode causar danos indiretos à lavoura, uma vez que as lesões que ele provoca na planta a torna mais suscetível ao ataque de fungos e bactérias.
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Como identificar percevejo-marrom na lavoura?
A identificação correta do percevejo-marrom envolve ao menos três passos básicos. O primeiro é conhecer o ciclo de vida desse inseto, importante para entender as características da praga em cada fase de desenvolvimento.
O segundo é entender quais os sinais dessa infestação e o terceiro consiste em saber quais técnicas utilizar para facilitar a detecção precoce dessa praga na lavoura.
Entenda como identificar percevejo-marrom seguindo cada um desses passos:
1. Conheça o ciclo de vida do percevejo-marrom
O ciclo de vida do percevejo-marrom, que inclui desde a fase oval até a adulta, tem aproximadamente 25 a 30 dias de duração. A fêmea faz a postura de ovos nas folhas, frutos e vagens das plantas.
Normalmente, eles são depositados em pequenos grupos com 6 a 15 ovos, distribuídos em duas ou três fileiras. Inicialmente, os ovos têm coloração bege e, à medida que os embriões se desenvolvem, eles adquirem uma coloração rósea.
Quando eclodem, os ovos originam as ninfas que, ao todo, passam por cinco instares ou estágios de desenvolvimento. As mais jovens são menores e podem apresentar uma coloração amarelada a acinzentada, com manchas nas bordas e sobre o abdome.
À medida que se desenvolvem, começam a apresentar uma coloração mais amarronzada com manchas claras ou escuras. A partir do terceiro instar, os insetos já começam a se alimentar dos grãos produzidos pela planta.
Quando chega a idade adulta, a espécie adquire a coloração marrom escuro, inclusive no abdome. Nessa fase, o inseto mede de 11 a 15 mm de comprimento e apresenta dois prolongamentos laterais do pronoto. Um deles tem forma de espinhos e o outro de uma meia-lua branca no final do escutelo.
Em média, a longevidade do percevejo é de 116 dias, sendo que cada fêmea produz cerca de 130 ovos ao longo da vida.
Vale destacar que, ao longo desse ciclo de vida, o percevejo-marrom pode passar por um processo chamado de diapausa, um mecanismo eficaz de sobrevivência da espécie.
A diapausa é um estado no qual o percevejo paralisa temporariamente seu desenvolvimento. O inseto entra nesse estado quando as condições ambientais não são favoráveis, por exemplo, quando não há recursos ou hospedeiros disponíveis.
2. Conheça os sinais de infestação do percevejo-marrom
Os sinais da infestação desse inseto-sugador refletem os danos que ele causa na lavoura. Esses sinais incluem o abortamento das vagens, má formação de grãos e a retenção foliar, problema que prejudica a colheita e aumenta a umidade dos grãos colhidos.
Além disso, a planta pode apresentar vagens marrons e murchas, bem como queda e apodrecimento das flores e frutos.
3. Aprenda quais técnicas utilizar para identificar a infestação em estágios iniciais
Investir no monitoramento de pragas é fundamental para identificar as infestações ainda nos seus estágios iniciais, quando a população de insetos ainda não é tão grande.
Para fazer esse monitoramento, o produtor pode investir em diferentes técnicas, como a contagem de percevejos por meio do pano de batida e armadilhas luminosas ou adesivas.
Essas técnicas permitem a amostragem periódica do número de percevejos adultos e em estágios de ninfas presentes na lavoura. A partir desse dado, é possível calcular a densidade populacional de percevejos por metro quadrado e comparar com o Nível de Controle (NC) da espécie.
O NC indica quando a densidade populacional pode causar prejuízos à lavoura e, por isso, exige a adoção de medidas de controle. Sendo assim, se a densidade encontrada na lavoura for equivalente ou maior ao NC, o produtor precisa adotar estratégias para controlar o crescimento populacional do inseto.
Além dessas técnicas, o agricultor pode utilizar ferramentas digitais, como imagens de satélite e softwares agrícolas, para gerar mapas interativos que facilitam o monitoramento tanto das pragas, quanto do sucesso das medidas aplicadas para controlar o percevejo-marrom.
Vale lembrar que, na cultura da soja, a colonização das pragas e o aumento gradual da população de insetos ocorre no período de floração (estágios R1 e R2). Por isso, o produtor deve investir no monitoramento contínuo da lavoura após essa fase.
Assim, caso seja identificada uma população significativamente alta, ele conseguirá antecipar as aplicações de inseticidas e reduzir o nível populacional antes do estágio R4, fase final do desenvolvimento das vagens com maior potencial de dano.
Como fazer o controle eficiente do percevejo-marrom?
A melhor estratégia para controlar infestações de percevejo-marrom na agricultura e proteger a lavoura é investir no Manejo Integrado de Pragas (MIP). Essa abordagem combina diferentes técnicas de controle preventivo e corretivo.
O manejo preventivo envolve a adoção de medidas de controle cultural, como rotação de culturas com espécies não hospedeiras, destruição de plantas daninhas hospedeiras de percevejos, destruição de restos culturais, entre outras.
Já o manejo corretivo exige o investimento no controle biológico e químico da praga. O controle biológico envolve o uso de predadores naturais do percevejo-marrom, como as vespas parasitoides Telenomus podisi (Platygastridae) e Trissolcus basalis (Platygastridae).
Bioinseticidas à base de fungos, como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, também podem ser utilizados nesse tipo de controle.
Já o controle químico exige a aplicação de produtos com ativos eficientes no controle do percevejo, como o uso combinado de neonicotinoides e piretróides, que têm apresentado bons resultados.
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Recomendações de controle químico de percevejo-marrom na soja
Segundo o professor e pesquisador de entomologia da Unesp, Geraldo Papa, no caso da cultura da soja, o ideal é que a principal aplicação de defensivos ocorra entre os estádios R3 e R5 de desenvolvimento da planta.
“O produtor tem que tomar o máximo de cuidado possível e escolher o que houver de melhor em termos de inseticidas registrados para o controle. É importante optar por um inseticida que, além da ação de choque, tenha residualidade”, orienta o professor.
Além disso, a recomendação é que a aplicação desses produtos ocorra nas horas mais frescas do dia, quando a movimentação dos percevejos na lavoura é muito maior.
Em períodos muito quentes, eles buscam abrigo no dossel da planta ou até mesmo na palhada, fato que também deve orientar a aplicação assertiva de inseticidas.
Para potencializar os resultados desse tipo de controle, o produtor também pode investir no manejo associado de Curbix® com Connect®.
Segundo Mariana Durigan, gerente de soluções agronômicas para inseticidas na Bayer, a combinação desses dois produtos apresenta mais de 75% de sucesso em comparação com os principais padrões existentes no mercado
“Onde houve essa associação, foi observado uma média de 0,2 percevejo por metro quadrado, enquanto nos padrões que existem no mercado essa média é de 1,6 percevejo por metro quadrado. Ou seja, o manejo Bayer foi 8 vezes superior no controle de percevejo-marrom na soja”, complementa Mariana.
Seguindo essas orientações, o produtor consegue fazer o controle eficiente de percevejos na lavoura e ainda reduz os custos associados ao manejo de pragas.
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