Projeção de alta para o mercado de soja e milho
Alexandre Mendonça de Barros destaca os fatores que impulsionam os preços dos principais produtos do agronegócio.Mercado futuro de soja: previsões
O atual cenário dos mercados de soja e milho apresenta uma combinação de desafios e oportunidades para o produtor brasileiro. O analista de mercado Alexandre Mendonça de Barros destaca os fatores que vêm influenciando a formação de preços e as estratégias de comercialização.
No caso da soja, ele aponta dois elementos principais: o quadro econômico da Argentina e as projeções de área plantada de oleaginosa nos Estados Unidos. A economia argentina, marcada por inflação e valorização do Peso, tem reduzido a competitividade do país vizinho no mercado internacional. “A Argentina ficou cara. Isso atrasou as vendas dos produtores locais, gerando compressão de margens e direcionando a demanda para o Brasil”, explica Mendonça.
Paralelamente, ocorre um deslocamento na área agrícola norte-americana. Mendonça comenta que as estimativas indicam expansão de cerca de 1,9 milhão de hectares na área de milho, em contraste com uma redução de aproximadamente 1,5 milhão de hectares na soja. Esse movimento tende a sustentar os preços da oleaginosa ao longo dos próximos meses.
Com o pico das exportações brasileiras de soja já ultrapassado e a soja americana ainda fora do mercado, o produto nacional mantém boa competitividade. Segundo Mendonça, o cenário é construtivo para a soja nos próximos meses, com potencial de valorização dos preços.
Milho: demanda e riscos
A dinâmica do mercado de milho revela um cenário de oferta ajustada e consumo crescente, o que pode gerar desequilíbrios entre a demanda interna no Brasil e o volume disponível para exportação. “Desde meados de 2024, o milho vem apresentando tendência de alta, reflexo do aperto global nos estoques. A última safra dos Estados Unidos foi boa, mas ainda inferior à anterior, enquanto a Argentina — terceiro maior exportador mundial — também registrou perdas significativas”, contextualiza Mendonça.
No Brasil, o consumo doméstico está em expansão. Ele explica que é esperado um aumento de 3 a 4 milhões de toneladas na demanda da cadeia de proteína animal e mais 4 milhões de toneladas destinadas à indústria de etanol. “Isso nos leva a uma demanda interna superior a 90 milhões de toneladas. Mantido esse patamar, sobrariam cerca de 37 milhões de toneladas para exportação, configurando um cenário de alto risco que já pressiona os preços internos e tende a gerar valorização”, projeta.o se mantiver nesse patamar, restarão cerca de 37 milhões de toneladas para exportação. Isso configura um cenário de alto risco, que já se reflete nos preços internos e deve gerar valorização", projeta.
Como deve ficar o mercado do algodão?
No cenário macroeconômico, Alexandre Mendonça de Barros chama atenção para a possibilidade de um ciclo recessivo, o que afeta diretamente o mercado do algodão, por ser um produto sensível à renda. Nesse contexto, a demanda pela fibra tende a cair.
Por outro lado, fatores geopolíticos estão reconfigurando o comércio global da pluma. “As tarifas impostas ao algodão norte-americano têm o potencial de redirecionar parte da demanda internacional para o produto brasileiro. Caso ocorra uma pressão de compra sobre o algodão nacional, o mercado pode se ajustar com mais rapidez do que o previsto. Por isso, mesmo diante de um cenário econômico negativo do ponto de vista econômico, a guerra comercial pode acabar favorecendo o Brasil”, conclui o analista de mercado.
Além disso, produtores devem considerar a relação entre o cultivo de algodão e a safrinha de milho, já que o uso estratégico da janela de plantio do milho safrinha 2025 pode impactar a rotação de culturas e a disponibilidade de áreas, contribuindo para decisões mais assertivas sobre quais culturas priorizar em cada safra.