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Como recuperar pastagens degradadas?

De acordo com a EMBRAPA, pastagens degradadas não alimentam os animais adequadamente, e afetam a sustentabilidade da pecuária.16 de julho de 2024 /// 10 minutos de leitura
Recuperação de pastagens degradadas

As pastagens degradadas perdem vigor, produtividade e capacidade de recuperação natural. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a degradação de pastagens pode comprometer a produtividade, a rentabilidade e a sustentabilidade da atividade agropecuária.

Segundo o livro “Agricultura de baixo carbono: tecnologias e estratégias de implantação”, publicado pela EMBRAPA, a degradação de pastagens pode reduzir a cobertura e o teor de matéria orgânica do solo e favorecer a ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas na área. Além disso, as pastagens degradadas não conseguem fornecer alimento de qualidade para os animais.

A emissão de gases do efeito estufa (GEE) também é considerada uma consequência direta da degradação de pastagens. Por outro lado, ao recuperar pastagens degradadas, é possível reter pelo menos 60% dessas emissões e tornar a área produtiva novamente.

Neste contexto, é fundamental conhecer os fatores que aceleram a degradação de pastagens e as práticas que podem evitar este advento.

Continue esta leitura para saber como recuperar pastagens degradadas.

Fatores que podem causar a degradação de pastagens

Os fatores responsáveis por intensificar os processos de degradação de pastagens são:

  • Excesso de lotação de animais na área (superpastejo).

  • Falta de adubação ou manejo nutricional inadequado da pastagem.

  • Cultivares não adaptadas ao clima e ao solo da região produtora.

  • Cultivares não tolerantes a estresse hídrico.

  • Cultivares que não apresentam absorção eficiente de nutrientes.

  • Aração e gradagens sucessivas na área, causando compactação.

  • Ausência de curvas de nível ou terraços de acordo com a declividade da área.

Após identificar a causa, é possível compreender o grau de degradação da pastagem.

Entenda o grau de degradação de pastagens

O grau de degradação da pastagem pode ser classificado da seguinte forma:

  • Grau 1 - estágio inicial de degradação
    Redução na produção de matéria seca da forrageira por perda de qualidade, altura e volume, diminuindo capacidade de rebrota.

  • Grau 2 - estágio intermediário de degradação
    Mesmas características do grau 1 com a adição de redução de cobertura do solo, baixo perfilhamento e pouca emergência de plantas novas.

  • Grau 3 - estágio avançado de degradação
    Surgimento de daninhas de folhas largas na área, início do processo erosivo do solo e sintomas do grau 2. Nesse estágio, as plantas forrageiras conseguem cobrir no máximo 50% do solo da área.

  • Grau 4 – estágio avançado de degradação com processo erosivo acelerado
    Processo erosivo acelerado, aumento da população de plantas daninhas na área e a colonização do pasto por gramíneas nativas e arbustos. Além disso, integra os sintomas do grau 3.

Como recuperar pastagens degradadas

Para recuperar pastagens degradadas, o produtor precisa diagnosticar o grau de degradação da área e definir um objetivo em função de seu sistema de produção.

De acordo com a EMBRAPA, um bom diagnóstico de pastagens degradadas deve considerar:

  • Análise dos sistemas de produção mais comuns na região.

  • Mercados atingidos com a produção.

  • Atividade pecuária desenvolvida na fazenda.

  • Índices zootécnicos, como lotação, natalidade e mortalidade de animais.

  • Histórico da área, incluindo análise de solo.

  • Estádio de vigor e cobertura de dossel da pastagem.

  • Identificação de plantas invasoras na área.

Estratégias de recuperação de pastagens degradadas

As estratégias para recuperar pastagens degradadas são a recuperação e a renovação de pastagens. Ambas têm como objetivo restabelecer a produção de biomassa das plantas forrageiras durante um período determinado.

Confira a seguir como recuperar pastagens a partir da recuperação e renovação de pastagens.

Recuperação de pastagem
O objetivo é restabelecer a produção de forragem mantendo a espécie ou cultivar presente na área.


Conheça as principais características dos diferentes formatos de recuperação de pastagem:

Recuperação direta sem destruição da vegetação

É um processo que visa recuperar pastagens em estágio inicial de degradação. Para que este manejo seja eficiente, o pasto deve estar bem formado, e sem plantas daninhas, erosão e compactação.


O manejo é realizado com aplicação de adubos e corretivos a lanço com dosagem baseada na análise solo. Por não exigir preparo do solo e destruição de plantas, o custo dessa operação é baixo.


Recuperação direta com destruição parcial da vegetação

É recomendada para pastagens em estágios intermediários de degradação. Esta estratégia também pode ser adotada para introduzir leguminosas na área.


O manejo começa com a pulverização de herbicidas, com doses que permitem o retorno das forrageiras. Nessa etapa, o objetivo é facilitar as operações mecânicas e a introdução de consórcios.


Para áreas com o solo compactado, recomenda-se o uso de subsolador ou escarificador, com ou sem aplicação de herbicidas. Por outro lado, o plantio direto pode ser realizado em solos descompactados sem operações adicionais.


Na sequência, é possível realizar a adubação, a ressemeadura de forrageiras, e a semeadura de leguminosas ou de forrageiras anuais simultaneamente.


Essa estratégia de recuperação de pastagens é relativamente barata. Além disso, os pecuaristas podem amortizar seus investimentos a partir da comercialização da produção das leguminosas e forrageiras anuais.


Recuperação direta com destruição total da vegetação
É indicada para pastagens em estágio avançado de degradação. Também é recomendada para manter a cultivar de forrageira que está presente na área.


A operação envolve o preparo total do solo e a adoção de práticas conservacionistas. Em alguns casos, pode ser necessário incorporar corretivos e fertilizantes no perfil do solo.


Após os procedimentos de preparo do solo, a mesma espécie forrageira é semeada de forma solteira ou em consorciação com leguminosas.


Esta opção de recuperação direta de pastagens degradadas envolve muitas operações com maquinários. Por esse motivo, exige maior investimento.


Recuperação indireta com destruição total da vegetação e uso de pastagem anual ou cultivo agrícola

Esta alternativa exige alto investimento financeiro e é recomendada quando o estágio de degradação da pastagem é avançado. O diferencial desse método é a oportunidade de trocar a espécie ou cultivar forrageira.

A primeira etapa do processo de recuperação indireta de pastagens envolve a destruição total da vegetação existente na área e o preparo do solo. Na sequência, ocorre a semeadura da forrageira que era cultivada no pasto.


Uma pastagem anual ou cultura agrícola pode ser plantada simultaneamente com a forrageira já existente e, então, a nova forrageira é implementada na área.


As vantagens desse sistema incluem a elevação da fertilidade do solo, a quebra do ciclo de pragas, doenças e plantas invasoras, a otimização de mão de obra, máquinas, equipamentos e instalações e a diversificação do sistema produtivo. Além disso, a área recuperada estará apta para o sistema integração lavoura-pecuária (SILP).


Renovação de pastagem
A renovação de pastagem é realizada para restabelecer a produção da forragem com a introdução de uma nova espécie ou cultivar. Nesse caso, a espécie degradada é substituída por outra, que deve apresentar melhor adaptação às condições de solo, clima e manejo da propriedade.


De modo geral, é uma opção adotada em áreas onde foi possível recuperar a fertilidade do solo. O exemplo mais comum é a troca de espécies do gênero Brachiaria por espécies do gênero Panicum.


Os mesmos procedimentos da recuperação devem ser praticados na renovação de pastagens.


Os custos para a renovação de pastagens podem variar. No entanto, na maioria dos casos, o investimento financeiro exigido para a renovação é maior em relação ao custo da recuperação.

A importância da recuperação de pastagens degradadas para a redução de emissão de GEE

A recuperação de pastagens degradadas é uma das práticas de agricultura de baixa emissão de carbono, difundidas desde 2010 pelo Plano ABC. O objetivo destas práticas é mitigar as emissões de GEE na agricultura.

De acordo com o Plano ABC, os benefícios da recuperação de pastagens degradadas são o aumento de biomassa produzida, e a possibilidade de aumentar a quantidade de cabeças de gado por hectare. A adoção dessa prática também pode aumentar a renda do produtor, minimizar a busca por mais terras e promover a redução de emissões de GEE.

Além disso, pesquisadores da EMBRAPA apontam que pastagens manejadas corretamente após a recuperação podem produzir durante décadas sem a necessidade de reforma.

Programa PRO Carbono

Desenvolvido pela Bayer, o programa PRO Carbono atua na intensificação de práticas agronômicas conservacionistas. O objetivo da iniciativa é ajudar agricultores a ampliar a produtividade e o sequestro de carbono no solo de suas lavouras.

Agricultores que fazem parte do programa podem acessar diversos benefícios, como:

  • Análise de fertilidade.

  • Análise de estoque de carbono no solo.

  • Diagnóstico socioambiental das propriedades.

  • Acesso a conteúdo especializado.

  • Consultoria técnica para implementação de manejo sustentável.

Para saber mais sobre a importância do manejo da agricultura e pecuária voltados para a captura de carbono e redução de emissão de GEE, assista ao Impulso Cast EP.12:

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