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Entenda o que é o enfezamento do milho, quais são as soluções e métodos de prevenção

O enfezamento do milho é uma doença causada por fitoplasmas e espiroplasmas, transmitidos pela cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis). Ela provoca amarelecimento, redução do crescimento, má formação de espigas e diminuição na produção. O controle envolve manejo integrado e uso de cultivares resistentes.02 de outubro de 2024 /// 3 minutos de leitura

O milho, um dos pilares da agricultura brasileira, enfrenta uma ameaça silenciosa e devastadora: o enfezamento do milho. Essa doença tem causado perdas significativas nas lavouras, impactando a produção e a renda de muitos agricultores.

Se você é produtor, agrônomo ou simplesmente se interessa por essa cultura vital para nossa economia, este artigo é essencial para entender e combater essa ameaça. Vamos explorar a fundo o que ela é, quais são seus sintomas e, principalmente, como podemos combatê-la.

Continue a leitura e descubra como proteger sua plantação e garantir uma colheita saudável e abundante.

O que é o enfezamento do milho?

O enfezamento do milho, uma doença que ataca silenciosamente as lavouras, interrompe a absorção de nutrientes essenciais para a saúde das plantas. Um organismo minúsculo, chamado molicute, se infiltra nos vasos condutores, impedindo o fluxo de nutrientes.

Uma vez dentro, ele começa a se multiplicar e obstruir o fluxo de nutrientes, não permitindo que a planta se desenvolva como deveria. O impacto na produtividade é devastador, podendo reduzir a colheita de 10 toneladas por hectare para apenas 2 ou 3, ou até mesmo causar perdas totais.

Esse prejuízo afeta não só o bolso do produtor, mas também a oferta no mercado, elevando os preços e impactando a economia. Para piorar a situação, ele é transmitido pela cigarrinha-do-milho, e controlar essa praga é um desafio constante para os agricultores, que precisam estar sempre atentos e utilizar medidas preventivas nas suas plantações.

Quais as causas do enfezamento do milho?

Patógenos: fitoplasmas e espiroplasmas

Os enfezamentos do milho são causados por duas classes de bactérias fitopatogênicas: fitoplasmas e espiroplasmas. Os fitoplasmas, como o Spiroplasma kunkelii, causador do enfezamento pálido, e o Maize bushy stunt phytoplasma, responsável pelo vermelho, invadem o floema da planta, o sistema responsável pelo transporte de nutrientes.

Ao se multiplicarem no sistema de nutrientes, essas bactérias obstruem o fluxo de seiva, causando deficiências e os sintomas característicos.

Já os espiroplasmas, como o Spiroplasma citri, também colonizam o canal de nutrientes, mas apresentam uma forma espiralada. Os sintomas causados podem ser semelhantes aos dos fitoplasmas, mas a identificação precisa é fundamental para a escolha do manejo adequado.

Vetores: cigarrinha-do-milho

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é o principal vetor dessa praga do milho. Ao se alimentar da seiva de plantas infectadas, ela adquire os patógenos e os transmite para as saudáveis no processo de alimentação subsequente.

Tanto o controle da população quanto a identificação precisa do patógeno são cruciais para um manejo integrado, permitindo a seleção de medidas de controle mais eficazes.

Quais os sintomas do enfezamento do milho?

Encurtamento dos entrenós

Essa é uma das características mais marcantes, conferindo um aspecto mais compacto e 'encurvado', com folhas mais próximas umas das outras.

Proliferação de espigas e perfilhamento

Plantas de milho afetadas podem desenvolver um número excessivo de espigas, um fenômeno conhecido como proliferação de espigas. Além disso, é comum observar o perfilhamento, o desenvolvimento de brotações laterais no caule principal, resultando em múltiplos colmos.

Má formação das espigas e grãos chochos

As espigas enfezadas geralmente apresentam tamanho reduzido e formato irregular. Os grãos podem ser chochos, ou seja, não se desenvolvem completamente, ficando menores, murchos e com baixo teor de amido.

Morte prematura da planta

Em casos mais severos, pode levar à morte prematura, especialmente em estágios iniciais de desenvolvimento. Ou seja, a planta não chega a completar seu ciclo produtivo.

Qual a diferença entre enfezamento pálido e vermelho?

O enfezamento pálido se manifesta principalmente através do amarelecimento das folhas, que podem apresentar estrias cloróticas ao longo da nervura. Em alguns casos, pode ocorrer a proliferação de espigas, com a formação de múltiplas em formato pequeno e improdutivo.

Já o vermelho é caracterizado pela pigmentação avermelhada das folhas, especialmente nas margens e pontas.

Qual o diagnóstico do enfezamento do milho?

  • Inspeção visual: o diagnóstico inicial pode ser feito através da inspeção visual em campo, buscando identificar sintomas. Em caso de dúvida, é recomendado buscar a orientação de um engenheiro-agrônomo ou fitopatologista.

  • Testes laboratoriais: realização de testes moleculares (PCR) ou sorológicos para confirmar a presença dos patógenos e determinar o tipo.

  • Monitoramento da cigarrinha: acompanhamento da população dessa praga na lavoura, pois altas densidades podem indicar um risco aumentado de ocorrência da doença.

Veja mais: Melhores práticas: como realizar o manejo de pragas primárias do milho

Prevenção do enfezamento do milho

Práticas culturais

  • Eliminação de plantas voluntárias: extinguir que elas crescem espontaneamente na lavoura ou em áreas próximas, pois servirem de hospedeiro para a cigarrinha e os patógenos. Essa prática é importante em todas as etapas do cultivo, como parte do saneamento da área.

  • Escolha de sementes resistentes: opte por variedades do milho que apresentem maior resistência, reduzindo o risco de infecção.

  • Ajuste da época de plantio: planeje o plantio para evitar os períodos de maior incidência da praga, que ocorre geralmente no início do verão, quando as condições climáticas são mais favoráveis para o desenvolvimento do inseto e para a transmissão.

Monitoramento e manejo integrado

  • Inspeção da lavoura: realize inspeções regulares para identificar a presença da cigarrinha, utilizando armadilhas adesivas, e observando as plantas em busca de ninfas e adultos.

  • Controle biológico: utilize inimigos naturais, como vespas parasitoides e fungos entomopatogênicos, para reduzir a população de forma sustentável.

  • Inseticidas seletivos: em casos de infestações severas, use inseticidas seletivos, que controlam sem prejudicar os inimigos naturais e outros organismos benéficos presentes na lavoura.

  • Rotação de inseticidas: alterne a aplicação de diferentes ingredientes ativos de inseticidas para evitar o desenvolvimento de resistência.

  • Manejo integrado de pragas (MIP): combine diferentes estratégias de controle, como as variedades resistentes, o controle biológico e o uso racional de inseticidas, para obter um manejo mais eficaz.

Medidas de controle do enfezamento do milho

Embora não haja tratamento para reverter os danos causados, existem medidas de controle que podem minimizar os prejuízos e evitar a disseminação:

Eliminação de plantas doentes

Ao identificar plantas com os sintomas, é importante removê-las da lavoura o mais rápido possível. Essa medida evita que a cigarrinha se alimente dessas plantas e transmita a para outras.

Manejo da cultura

Alterne o cultivo do milho com outras plantas não hospedeiras, como soja, feijão ou algodão, para quebrar o ciclo da doença.

O enfezamento é um desafio que exige atenção e ação de todos os envolvidos na cadeia produtiva. A prevenção e o controle dessa doença são fundamentais para garantir a sustentabilidade da cultura do milho no Brasil e a segurança alimentar da população.

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