Clima na agricultura: quais as perspectivas para as próximas safras
O clima na agricultura influencia diretamente o crescimento e a produtividade das culturas. Mudanças climáticas, como secas e inundações, representam desafios, exigindo práticas agrícolas adaptativas e sustentáveis para garantir a segurança alimentar e a resiliência do setor agrícola.A influência do clima na agricultura pode ser percebida por meio da interação entre as plantas e fatores como temperatura, umidade e precipitação, entre outros fenômenos atmosféricos.
Dependendo da variedade, do estágio de desenvolvimento e da região de cultivo, o excesso de chuvas, a queda da temperatura do solo e o aumento da umidade relativa do ar, por exemplo, podem determinar o sucesso ou a quebra da safra.
Se você entende esse impacto e acompanha as previsões meteorológicas, consegue tomar decisões estratégicas para reduzir os riscos de produção e aumentar as chances de ter uma colheita bem-sucedida.
Neste artigo, explicaremos qual é esse impacto, quais são as projeções climáticas para a próxima safra e como você deve se preparar para esses desafios.
Qual a importância do clima na agricultura?
Cada cultura tem necessidades fisiológicas específicas, que devem ser atendidas para a produção. Essas necessidades podem envolver variáveis como água, temperatura ideal e umidade relativa do solo. Todos esses fatores são condicionados pelo clima.
Isso significa que o desenvolvimento e a produtividade da lavoura são influenciados por fatores meteorológicos. Entender como o clima e as plantas interagem é fundamental para adotar estratégias de manejo mais eficientes e aumentar a produtividade agrícola.
Como o clima influencia a agricultura?
O clima determina a variação de parâmetros como temperatura, precipitação, umidade e velocidade do vento. Cada um desses elementos impacta as diferentes fases de desenvolvimento das culturas, desde o plantio até a colheita.
A temperatura, por exemplo, regula o crescimento das plantas e a produtividade. Já a precipitação impacta o volume de água disponível. Quando você entende a relação entre as condições climáticas e a produção da lavoura, pode melhorar o planejamento da safra.
Afinal, você considera as variáveis climáticas da sua região para adotar estratégias mais inteligentes, desde a escolha das culturas até as práticas de manejo. Tudo isso contribui para a redução de riscos associados à atividade agrícola.
Quais são as variáveis meteorológicas que mais influenciam as atividades agrícolas?
Conforme explicado, a temperatura, precipitação, umidade e velocidade do vento são algumas das variáveis que afetam a produtividade no campo. Mas esses não são os únicos fatores que contribuem para isso. Confira a seguir uma lista com os principais:
Temperatura do ar e do solo;
Umidade do ar e do solo;
Intensidade luminosa;
Intensidade e direção dos ventos;
Índice pluviométrico, probabilidade e precipitação de chuvas e precipitação acumulada;
Altitude;
Relevo;
Pressão atmosférica.
Veja mais: Como fazer monitoramento climático e qual a importância para o produtor rural?
Quais são as principais anomalias climáticas que afetam as lavouras?
As anomalias climáticas são eventos extremos que podem ser identificados por apresentarem características muito diferentes das condições comuns em uma região.
Elas são resultados de uma complexa interação entre fatores naturais e antropogênicos, como flutuações sazonais do clima e o aumento da emissão de gases do efeito estufa (GEE). Esse cenário pode resultar em diversas anomalias, que se manifestam de formas diferentes em cada parte do planeta.
No Brasil, as que costumam afetar as lavouras são as secas prolongadas, chuvas excessivas, ondas de calor, veranicos (estiagens atípicas), enchentes e ventos intensos.
Embora essas anomalias também sejam resultados de processos naturais, os estudos indicam que sua ocorrência está se intensificando em função das atividades humanas.
Isso deve gerar problemas para a agricultura, como mostra o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). O documento destaca que as mudanças climáticas já estão prejudicando os sistemas agrícolas em diversas partes do mundo.
A expectativa é que eventos extremos continuarão gerando perdas em regiões produtoras importantes. Por esse motivo, problemas como degradação do solo, enchentes, secas severas e até infestações de pragas e doenças, devem se tornar mais frequentes.
Como boas condições climáticas podem aumentar a produtividade e rentabilidade?
Boas condições climáticas criam um ambiente favorável para o crescimento saudável das plantas. Elas podem ser identificadas quando parâmetros como temperatura, precipitação e a umidade estão nas faixas ideais para uma determinada cultura.
Nesse cenário, as plantas conseguem realizar seus processos metabólicos, como a fotossíntese, a absorção de nutrientes e a respiração, com mais eficiência. Isso também reduz o risco de estresse, causado por extremos como seca ou excesso de chuva, e minimiza a proliferação das pragas e doenças.
Em outras palavras, elas atingem seu máximo potencial produtivo quando crescem sob a influência de fatores atmosféricos ideais para a sua espécie. Por isso, situações favoráveis resultam em lavouras mais produtivas, colheitas mais rentáveis e aumento do retorno financeiro por safra.
Quais são as previsões climáticas para a próxima safra?
Segundo dados do Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos (CPC/NCEP), as previsões indicam a possível formação da La Niña entre setembro e novembro de 2024. No entanto, a expectativa é que esse fenômeno seja de baixa intensidade.
Apesar disso, a Climatempo avalia que ele pode trazer mudanças importantes para o Brasil a partir do final do ano.
Geralmente, a La Niña causa o aumento do volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste, e a queda de precipitação no Sul do país. No entanto, como o fenômeno será de baixa intensidade e está atrasado, a expectativa é que esses efeitos sejam menos significativos em comparação há anos anteriores.
Caso sua ocorrência seja confirmada, ele deverá causar o atraso no início do regime de chuvas no centro-norte do país. Isso significa que o período de chuvas deve começar apenas na segunda quinzena de outubro, ao invés do final de setembro.
Por conta desse atraso na região Centro-oeste, o Sul pode registrar chuvas mais frequentes do que o esperado para períodos sob a influência de La Niña.
Vale lembrar que se ela começar conforme previsto, seus efeitos só devem ser sentidos no final da primavera ou início do verão, período que coincide com a época chuvosa em várias regiões.
Como se preparar para enfrentar as mudanças climáticas na agricultura?
Instituições como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Banco Mundial consideram a agricultura uma peça-chave para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Por isso, elas defendem que os países produtores devem adotar a chamada Agricultura Climaticamente Inteligente (CSA, sigla do inglês Climate-Smart Agriculture).
Essa abordagem consiste no uso de um conjunto de práticas e tecnologias agrícolas capazes de aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de GEE. O objetivo da iniciativa é incentivar a adoção de práticas sustentáveis e a rentabilidade da lavoura, que deve ser adaptável e resiliente.
O CSA também é defendido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que já se manifestou a favor da adoção de práticas CSA e do uso de tecnologia para o avanço da agricultura sustentável. Essa prática já vem sendo adotada no Brasil.
Ou seja, o segredo para se preparar para enfrentar esse cenário de incerteza é investir em tecnologias, como ferramentas da agricultura de precisão e da agricultura digital.
A melhor parte é que essa adoção e as práticas sustentáveis também devem aumentar os ganhos econômicos do agricultor.
Quais tecnologias estão disponíveis para monitorar e prever o clima na agricultura?
Além de te auxiliar na preparação para possíveis mudanças, as tecnologias agrícolas também podem ser utilizadas para monitorar e prever o clima na sua lavoura.
Ferramentas como radares e estações meteorológicas, sistemas de informações geográficas (SIG) e modelos de previsão do tempo podem ser usados com essa finalidade.
Além dessas tecnologias de monitoramento climático, você também pode investir em softwares de gestão agrícola. Esse tipo de programa consegue integrar e analisar as informações coletadas por essas ferramentas em uma única plataforma.
Assim, fica mais fácil avaliar os dados e tomar decisões estratégicas para melhorar a produtividade e reduzir os riscos associados. Saiba como se preparar para o futuro e preservar sua safra com a Agro Bayer!