Tecnologias agrícolas: como a inovação está transformando o processo produtivo

Aumento da população global, eventos climáticos extremos e um mercado consumidor cada vez mais exigente. Esses são alguns dos desafios que a agricultura deve enfrentar nas próximas décadas.

Diante desse cenário, o setor, considerado um dos pilares da evolução humana, precisa se reinventar mais uma vez. Essa renovação já começou graças ao investimento em tecnologias agrícolas cada vez mais inovadoras.

Neste artigo, explicaremos por que essas ferramentas são importantes e como elas podem transformar a produtividade da sua fazenda.

As tecnologias agrícolas são um conjunto de ferramentas e técnicas utilizadas em campo. O uso desses recursos contribui para o aumento da eficiência e os resultados de todas as etapas do processo produtivo.

Isso inclui desde a fase de preparação do solo e monitoramento da lavoura, até a gestão da fazenda e o processo de pós-colheita.

As tecnologias agrícolas evoluíram à medida que incorporaram as inovações que chegavam ao mercado. Como essa evolução promoveu transformações profundas, a história do setor começou a ser dividida em eras ou fases.

Cada uma delas sendo influenciadas por um conjunto de recursos diferentes. Confira a seguir como essas eras são divididas atualmente e quais as suas características.

Agricultura 1.0 (1900-1950)

A agricultura 1.0 foi marcada pela chegada de ferramentas de tração animal no campo, facilitando o cultivo em larga escala. Elas permitiram uma evolução importante no preparo do solo, semeadura, adubação e colheita.

Agricultura 2.0 (1950-1990)

Esta fase é caracterizada pela introdução de máquinas motorizadas, processo que permitiu a substituição de equipamentos de tração animal por tração mecânica. Além disso, ela também é marcada por avanços nas áreas de fertilização, seleção genética de cultivares e defensivos agrícolas para controle de pragas e doenças.

Agricultura 3.0 (1990-2015)

A próxima era foi marcada pelo desenvolvimento e implementação de recursos ligados à agricultura de precisão. Essas ferramentas incluíam o uso de GPS (Sistema de Posicionamento Global) para monitoramento das lavouras e gestão de insumos.

Além dessas inovações, a Agricultura 3.0 também é caracterizada por melhorias genéticas e pela evolução dos produtos químicos.

Agricultura 4.0 (2015-atual)

A era da Agricultura 4.0 trouxe avanços importantes na capacidade de coleta e análise de dados agronômicos. Além disso, ela se destaca pela potencialização do uso de biotecnologias, telemetria e pelo começo da adesão das chamadas ferramentas da agricultura digital.

Agricultura 5.0 (2020-atual)

Embora as tecnologias associadas à era anterior ainda sejam usadas, elas estão sendo complementadas gradualmente pelos recursos da Agricultura 5.0. Essa mudança iniciou uma nova fase, caracterizada pelo uso de ferramentas responsáveis pela transformação digital da agricultura.

Por exemplo, internet 5G, softwares de análise de dados em nuvem e sistemas de monitoramento autônomos. O uso dessas inovações permite uma gestão ágil, baseada em dados e realizada em tempo real.

Em outras palavras, a Agricultura 5.0 permite a criação de uma fazenda inteligente, caracterizada por ser mais produtiva, rentável, sustentável e econômica.

Qual a importância das tecnologias agrícolas?

O investimento em ferramentas de inovação no campo é um dos motivos que explicam como o Brasil se tornou um dos principais players do agronegócio global. Para comprovar isso, podemos consultar informações sobre a produção de soja, uma das commodities mais importantes do país.

Por conta do investimento e adesão de inovações e técnicas de cultivo, a produção da oleaginosa aumentou de 9.893 milhões de toneladas em 1975, para mais de 147,38 milhões de toneladas na safra 2023/24.

Esse aumento reflete o crescimento tanto da área destinada ao plantio dessa cultura, quanto da produtividade por hectare. Ambos são resultados do investimento em pesquisa e inovação.

E isso leva a outro ponto importante: isso permite que a agricultura evolua de forma sustentável. Isso porque possibilita a criação de sistemas produtivos mais econômicos, eficientes e rentáveis.

Como resultado, é possível otimizar a gestão de insumos, reduzir custos, minimizar impactos ambientais, diminuir os riscos para os trabalhadores e aumentar a rentabilidade.

Tudo isso te ajuda a produzir mais e melhor, se tornar mais competitivo e melhorar a qualidade e reputação dos produtos que cultiva na sua propriedade.

7 principais tecnologias agrícolas

A evolução do setor e o investimento em inovação no campo permitiram o desenvolvimento de diversas tecnologias agrícolas. Desse grupo, sete se destacam por conta da transformação que elas proporcionam quando aplicadas. Conheça cada uma delas a seguir:

1- GPS

O GPS é uma tecnologia de localização por satélite. Ele é utilizado principalmente para fazer a localização precisa de equipamentos e pontos na propriedade rural. Essa ferramenta ainda auxilia no mapeamento de áreas, na orientação de máquinas agrícolas, no processo de georreferenciamento e na aplicação precisa de insumos.

2- Aplicativos agrícolas

Os aplicativos voltados especificamente para o agronegócio garantem que você acompanhe diversos aspectos da produção diretamente na palma da mão, por smartphone ou tablet. Isso inclui desde dados sobre a saúde da lavoura e operações com maquinários, até mapas e relatórios detalhados.

Todo o processo pode ser monitorado em tempo real e remotamente, facilitando a gestão das operações e da fazenda.

3 - Sensores

Os sensores são dispositivos capazes de coletar dados sobre o ambiente e as plantas. Para isso, eles são instalados em locais estratégicos, como máquinas agrícolas, drones e até no solo.

Os dados obtidos por sensores te ajudam a acompanhar o indicadores-chave de performance (KPI 's) da lavoura e a ajustar suas estratégias de manejo sempre que necessário.

4- Drones

Os drones são equipamentos aéreos controlados remotamente. Também conhecidos como VANTs (veículos aéreos não-tripulados), geralmente eles carregam câmeras de alta resolução acopladas a diferentes sensores.

Nesse caso, eles conseguem captar imagens aéreas de alta resolução, facilitando o monitoramento da saúde das plantas, a detecção de pragas e doenças e a criação de mapas detalhados. Dependendo da sua categoria, eles ainda podem ser utilizados na aplicação direcionada de defensivos e fertilizantes.

5- Big Data

A big data se refere ao processo de coleta, armazenamento e análise de grandes volumes de dados. Isso é necessário para identificar padrões e tendências, facilitando a tomada de decisões mais estratégicas e precisas.

Como o uso de inovação em campo aumentou o volume de dados gerados na fazenda, você também precisa utilizar recursos alinhados à big data. Isso significa que você deve usar ferramentas, como softwares de gestão, capazes de analisar uma grande quantidade de informações.

Dessa forma, você conseguirá obter orientações úteis para otimizar processos, identificar oportunidades, melhorar o planejamento da safra, entre outras medidas.

6- Inteligência artificial

A Inteligência Artificial (IA) se refere a um conjunto de práticas e ferramentas aplicadas para criar máquinas e sistemas autônomos, que funcionam com base na análise de dados.

As máquinas autônomas são exemplos da IA aplicada à agricultura. Elas são operadas por meio de um processo robótico e computacional que coletam, armazenam, processam e distribuem dados a respeito de identificação de plantas daninhas, pragas, umidade do solo, entre outros.

7- Internet das coisas (IoT)

A aplicação de Internet das coisas (IoT) permite a conexão de diferentes equipamentos e sensores utilizados na fazenda. Essa conexão garante que esses dispositivos “conversem entre si”, ou seja, que eles consigam trocar informações com agilidade.

Isso assegura que a coleta e troca de dados ocorra em tempo real, facilitando o monitoramento de diversos parâmetros que influenciam no desempenho da lavoura.

Quais as vantagens do uso de tecnologias agrícolas?

O uso de tecnologias agrícolas garante várias vantagens para o produtor e para o meio ambiente. A utilização de máquinas autônomas, por exemplo, agiliza as operações, reduz erros, diminui desperdícios e aumenta a eficiência do maquinário em campo.

Já o investimento em sensoriamento remoto e softwares de gestão oferece a criação de mapas que orientam a aplicação de insumos em taxa variável, como fertilizantes e defensivos.

Isso também reduz o desperdício, diminui o volume de produtos químicos aplicados e garante que as plantas recebam apenas o que necessitam para apresentarem um bom desempenho.

A automação de tarefas e o monitoramento em tempo real ainda ajudam a reduzir os riscos de acidentes de trabalho, danos ambientais associados ao uso indevido de defensivos e perdas econômicas causadas por má gestão.

Afinal, você passa a tomar decisões baseadas em dados precisos e atualizados, fator importante para definir e ajustar suas estratégias de manejo para garantir uma lavoura mais produtiva.

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