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Controle preventivo do milho: como minimizar a matocompetição e preservar o potencial produtivo no início da cultura

14 de julho de 2022

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O desejo de todo produtor de milho é começar a safra com o pé direito, plantando “no limpo”, sem plantas invasoras à vista. Um controle eficaz das plantas daninhas previne uma série de problemas resultantes da matocompetição, que reduz o potencial produtivo do milho.

Além disso, eliminar as ervas daninhas significa reduzir a disponibilidade de plantas hospedeiras de pragas, minimizar complicações operacionais e problemas de qualidade durante a colheita.

O agricultor já está habituado a realizar a dessecação pré-plantio, geralmente com aplicação de glifosato para eliminar as invasoras.

No entanto, atualmente só essa solução já não basta. De acordo com Felipe Stefaroli, Gerente de Desenvolvimento de Mercado de Herbicidas da Bayer, plantas de buva (Conyza spp.), capim-amargoso (Digitaria insularis), picão-preto (Bidens pilosa), caruru (Amaranthus spp.), capim pé-de-galinha (Eleusine indica), capim-colchão (Digitaria horizontalis), corda-de-viola (Ipomoea spp) e trapoeraba (Commelina spp.) são exemplos de espécies que estão desafiando o manejo em lavouras de milho devido à seleção de espécies mais tolerantes ou resistentes a herbicidas.

“Com o passar do tempo e a utilização massiva de herbicidas, fomos selecionando alguns biótipos resistentes. Mesmo que o produtor tenha a tecnologia do milho RR que é tolerante ao glifosato, o produto não consegue controlar todas essas plantas daninhas na pós-emergência. Algumas delas são resistentes e outras tolerantes ao glifosato, então o produtor precisa usar outros métodos de controle adicionais a apenas essa prática”, alerta Stefaroli.A seguir, entenda como fazer o controle preventivo do milho!

Manejo Integrado de Plantas Daninhas

Uma das melhores formas de “driblar” as resistências das invasoras e melhorar o manejo é apostar em estratégias preventivas e de longo prazo.

O Manejo Integrado de Plantas Daninhas preconiza a adoção de boas práticas agrícolas como a rotação de culturas, o plantio direto e a diversificação dos mecanismos de ação no controle químico.

O Manejo Integrado de Plantas Daninhas preconiza a adoção de boas práticas agrícolas como a rotação de culturas, o plantio direto e a diversificação dos mecanismos de ação no controle químico.

Tratos culturais

Solos protegidos, com restos de palhada ou coberturas vegetais, são uma importante ferramenta para evitar a disseminação de plantas daninhas.

Técnicas de rotação de culturas, o sistema de plantio direto e o cultivo de coberturas durante a entressafra trazem vários benefícios para o solo, como a possibilidade de descompactação, aumento dos níveis de matéria orgânica, proteção contra perda de nutrientes ou de solo após chuvas pesadas e controle de nematoides.

Além disso, essas boas práticas também auxiliam no manejo de plantas daninhas.

Sistema plantio direto
Por: KURTZ, Paulo

Demonstração do sistema plantio direto nas culturas de trigo, soja e milho.

O solo deve se manter protegido com palhada. Entre os benefícios, a palhada limita a incidência de luz solar no solo, dificultando a germinação e emergência de diferentes espécies de plantas daninhas. Essa lógica se aplica à buva, por exemplo, cuja semente exige incidência de luz solar para germinar. Mas há exceções perigosas: “O capim-amargoso é o que chamamos de fotoblástico neutro porque germina com ou sem incidência de luz. As sementes de corda-de-viola também germinam sem luz incidente”, afirma Stefaroli.

O solo deve se manter protegido com palhada. Entre os benefícios, a palhada limita a incidência de luz solar no solo, dificultando a germinação e emergência de diferentes espécies de plantas daninhas. Essa lógica se aplica à buva, por exemplo, cuja semente exige incidência de luz solar para germinar. Mas há exceções perigosas: “O capim-amargoso é o que chamamos de fotoblástico neutro porque germina com ou sem incidência de luz. As sementes de corda-de-viola também germinam sem luz incidente”, afirma Stefaroli.

Plantas vivas ou em decomposição podem liberar substâncias com efeito alelopático sobre plantas daninhas ou bancos de sementes.

Para escolher as melhores técnicas, é necessário observar atentamente o histórico de infestações de plantas daninhas na área e identificar corretamente as espécies. Só com um bom diagnóstico, é possível traçar as melhores estratégias.

O perigo mora no solo

Após a dessecação pré-plantio, o produtor pode ver o campo limpo e ter uma falsa sensação de segurança para semear o milho. Mas o problema é que as plantas daninhas formam grandes bancos de sementes no solo e se multiplicam de forma muito acelerada.

Então, o pesadelo da infestação pode recomeçar a qualquer momento. O erro de alguns produtores é contar com a sorte e “esperar para ver” se novas populações invasoras vão surgir durante a safra, em vez de agir preventivamente.

Para complicar, a operação de plantio do milho é um momento sensível que pode estimular a quebra de dormência das sementes de plantas daninhas depositadas na terra. Adicionalmente, com a exposição solar e contato com a umidade presente do solo, essas sementes encontram o ambiente propício para a germinação.

“Quando o agricultor passa a semeadora, isso revolve o solo e pode expor as sementes das plantas daninhas a condições que podem quebrar sua dormência e torná-las ativas e prontas para germinar junto com o milho”, explica Stefaroli.

Acerte o alvo na hora certa

Vários relatos, especialmente na região Sul do Brasil, têm demonstrado que o controle químico tardio não resolve o problema das invasoras. Um exemplo disso é o caruru, planta que alcança grande porte e se destaca quando o assunto é matocompetição.

De acordo com Felipe Stefaroli, o caruru pode ser uma grande ameaça para a cultura do milho no Brasil. “O caruru é uma planta extremamente agressiva. Com cerca de 20 dias o caruru já pode estar florescendo e, dependendo da espécie, apenas uma planta pode chegar a produzir até 1 milhão de sementes”, conta ele.

Devido à capacidade de desenvolvimento rápido e agressividade na competição por nutrientes, água e luz solar, plantas como o caruru são uma enorme ameaça especialmente no início da safra.

O produtor precisa ter em mente que as plantas daninhas são competidoras perigosas que quase sempre levam vantagem em relação ao milho. Na fase inicial de desenvolvimento, o milho precisa ser protegido ao máximo para que a lavoura consiga se estabelecer.

“É super importante deixar o milho ‘no limpo’ nos estádios iniciais, pelo menos nos primeiros 35 dias. O pré-emergente é recomendado para evitar a matocompetição na fase jovem do milho”, explica Stefaroli.

Crédito: Embrapa/Divulgação por Paulo Kurtz

Créditos: ResearchGate / by Rosangela Maria Simeãoh

A recomendação para os produtores que buscam melhores práticas de controle é apostar em prevenção, aplicando herbicida pré-emergente durante a semeadura do milho.

O controle químico nesse momento é capaz de controlar expressivamente o banco de sementes de plantas daninhas, podendo chegar a uma redução em mais de 80% das plantas que emergiriam no início do desenvolvimento do milho.

Dessa forma, fica mais fácil controlar as plantas daninhas que surgirem, complementando o controle com uma aplicação de um pós-emergente quando preciso, enquanto a invasora ainda apresentar um porte pequeno e em baixas infestações.

Essa estratégia permite minimizar ao máximo a matocompetição antes do fechamento do dossel, que é a fase mais crítica para o milho e assim proteger o potencial produtivo da cultura.

Outras recomendações para um bom manejo integrado de plantas daninhas incluem escolher híbridos de milho confiáveis e de qualidade, livres de infestantes.

O produtor deve ter cuidado com a limpeza e manutenção de tratores, implementos, colhedoras e semeadoras, com o intuito de evitar que as máquinas sirvam para transportar e disseminar sementes de plantas daninhas para diferentes áreas da fazenda. Também é importante sempre buscar a orientação de um engenheiro agrônomo.

O produtor deve se orientar pela prescrição agronômica, seguindo as recomendações de bula dos herbicidas, respeitar o período residual para evitar casos de fitotoxidade e aplicar o produto dentro do estádio recomendado de controle.