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Importância da rotação de inseticidas no controle do bicudo-do-algodoeiro

17 de julho de 2022

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Diversas características tornam o bicudo (Anthonomus grandis) uma praga de difícil controle, como a diapausa, o ciclo biológico curto, a alta capacidade reprodutiva e o comportamento do inseto. O ataque normalmente inicia pelas bordaduras, a partir dos 40 dias após a emergência das plantas, com o aparecimento dos primeiros botões florais. Por conta da dificuldade de controle, é importante considerar ações regionais, como uso de estratégias de manejo integradas para minimizar os danos provocados pela praga.

Dentre as estratégias, a aplicação de inseticidas é uma importante ferramenta de controle. Atualmente, existe no Brasil um grande número de marcas comerciais. Porém, somente 23 são ativas e apenas 7 têm mecanismos de ação diferentes de inseticidas registrados para controle do bicudo. Destacam-se os organofosforados, piretroides e os carbamatos como os mais utilizados.

Atualmente, pode-se notar uma redução da eficácia dos piretroides no controle do bicudo, o que pode estar relacionado à seleção de indivíduos menos sensíveis às doses recomendadas dos produtos. Tal cenário pode ser reflexo do uso contínuo e repetitivo dos mesmos de forma isolada, podendo ocorrer em regiões específicas através da pressão de seleção.

A redução de eficácia é um problema importante que deve ser encarado com seriedade, pois, se hoje a quantidade de inseticidas eficazes para controle do bicudo já é pequena, a ocorrência desses casos tornaria ainda menor as opções disponíveis. Futuramente, esses casos podem causar um impacto em problemas como falhas de controle e perdas produtivas. É praticamente inconcebível na realidade atual pensar em manejar o bicudo-do-algodoeiro sem o uso de inseticidas. Isso sinaliza a importância da adoção de boas práticas de manejo para preservação da eficácia dos produtos atualmente disponíveis. O monitoramento é um pilar fundamental no manejo, para a correta adoção de diferentes mecanismos de ação, de acordo com o estágio de desenvolvimento da cultura.

Uma prática importante nesse contexto é a rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação. Com ela, é possível reduzir a pressão de seleção de indivíduos menos sensíveis aos inseticidas e manter altos níveis de controle da praga na cultura. Rotacionar inseticidas não diz respeito ao uso de diferentes marcas comerciais ou diferentes ativos unicamente, mas sim ao uso de mecanismos de ação diferentes. Quando sobram indivíduos menos sensíveis a determinado inseticida, esse pode ser controlado por um outro de mecanismo diferente.

Por mais que a redução de sensibilidade ocorra para um determinado inseticida que é mais utilizado, todos os demais pertencentes ao mesmo grupo químico serão afetados, em menor ou maior grau.

Portanto, altas produtividades de algodão dependem do controle eficiente de pragas, e esse, por sua vez, é vinculado à disponibilidade de inseticidas eficazes. Os inseticidas eficazes, por sua vez, dependem do uso correto pelos produtores rurais.